Victor Nunes
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Investimentos

Indicadores de desempenho financeiro (I)

Após decidir pela realização de um projeto, será importante acompanhar, periodicamente, o desempenho econômico-financeiro.

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18 de abril de 2023
Vinicius Palermo
Indicadores de desempenho financeiro (I)
A análise do desempenho financeiro de um projeto deve ser minuciosa.

Nos três artigos mais recentes, foi apresentada, inicialmente, a metodologia de avaliação de projetos de investimento denominada “taxa interna de retorno” (TIR), definida como a taxa de desconto que igualaria o Valor Presente Líquido (VPL) de determinado projeto a zero, ou, em outras palavras, a TIR seria a taxa de juros que faria com que o VPL de um projeto de investimento estivesse em equilíbrio, entre o valor presente dos fluxos de caixa positivos em comparação ao valor presente dos fluxos de caixa negativos, resultando, portanto, no citado valor zero do VPL, sendo certo que a expressão “líquido”, caracterizador do VPL, está em referência, exatamente, ao fato de que o “valor presente líquido” se apresentaria como o saldo líquido entre todos os fluxos positivos, deduzidos de todos os fluxos negativos.

Em conclusão, uma vez que se tenha determinada a taxa interna de retorno de um projeto, será possível adotar a seguinte matriz de decisão: (1) se a TIR for maior do que a taxa de mercado (taxa alternativa), então o projeto será financeiramente viável; (2) se a TIR for menor do que a taxa de mercado (taxa alternativa), então o projeto será financeiramente inviável; e (3) se a taxa interna de retorno for igual à taxa de mercado (taxa alternativa), então será financeiramente indiferente investir ou deixar de investir no projeto.

Em adição, também foi apresentada a metodologia de avaliação de projetos de investimento denominada “taxa interna de retorno modificada” (TIRM), que, diferentemente da TIR, leva em consideração o custo de capital do projeto e a taxa de reinvestimento. Desta forma, a TIRM consegue estar, em tese, mais próxima da realidade financeira do investimento analisado. O método de cálculo da (TIRM) especifica que os fluxos de caixa negativos devem ser trazidos a valor presente, enquanto os fluxos de caixa positivos devem ser levados para o valor futuro, sendo a TIRM a taxa de juros que igualaria estes totalizadores no período.

Os fluxos de caixa negativos (decorrentes dos períodos de investimentos realizados e dos períodos nos quais a projeção indique que os recebimentos de caixa serão inferiores aos desembolsos) devem ser descontados pela taxa de juros que represente o efetivo custo de capital do projeto, também denominada como taxa mínima de atratividade (TMA) ou custo médio ponderado de capital (CMPC).

Em oposição, os fluxos de caixa positivos (decorrentes nos períodos nos quais a projeção indique que os recebimentos de caixa serão superiores aos desembolsos) devem ser valorizados pela taxa de juros que represente a efetiva taxa de reinvestimento que o projeto pode obter, usualmente, no mercado financeiro.

Uma vez que se tenha determinado a TIRM de um projeto, será possível adotar a seguinte matriz de decisão: (1) se a TIRM for maior do que a taxa de mercado (taxa alternativa, ou TMA), então o projeto será financeiramente viável; (2) se a TIRM for menor do que a taxa de mercado (taxa alternativa, ou TMA), então o projeto será financeiramente inviável; e (3) se a taxa interna de retorno modificada for igual à taxa de mercado (taxa alternativa, ou TMA), então será financeiramente indiferente investir ou deixar de investir no projeto.

Uma vez que um investidor tenha decidido pela realização de um projeto, será importante acompanhar, periodicamente, o desempenho econômico-financeiro do investimento, o que poderá ser executado de diversas formas distintas, sendo uma das alternativas mais usuais a implementação de um controle específico, baseado em índices de desempenho, sendo que dentre as inúmeras possibilidades de indicadores de desempenho financeiros seria possível destacar os seguintes 12 exemplos, que por motivo de espaço, serão comentados parcialmente neste texto e, em complemento, nos próximos artigos: (1) Faturamento – O faturamento é um dos principais indicadores financeiros para mensurar a saúde financeira de um determinado negócio ou projeto.

Ele consiste na soma de todos os valores obtidos com as vendas de produtos e/ou serviços no empreendimento, em um determinado período, geralmente mensal ou anual. Em outras palavras, o faturamento corresponde ao potencial de recursos financeiros que deve ingressar (se todos os clientes pagarem) no caixa do negócio, a partir da atividade comercial (operacional), seja a prestação de serviços ou a venda de mercadorias. Importante notar que o faturamento entrará no caixa no momento do recebimento, isto é, se for uma venda à vista, no momento inicial, e se for uma venda parcelada, somente no momento do pagamento de cada parcela.

O faturamento serve para avaliar o desempenho das vendas e entender se a empresa está conseguindo gerar caixa suficiente para cobrir os custos e as despesas (desembolsos) e se é capaz de gerar lucrar (fluxo de caixa positivo). São dois os principais tipos de faturamento: o faturamento bruto, neste caso, bastaria multiplicar o preço de venda do produto ou serviço pelo total de unidades vendidas no período, seguindo a fórmula: Faturamento bruto = Preço unitário de venda x Quantidade vendida; e o faturamento líquido, que é igual ao faturamento bruto menos as deduções de vendas (produtos devolvidos e compras canceladas) e impostos cobrados sobre cada operação, seguindo a fórmula: Faturamento líquido = Faturamento bruto – Deduções de vendas – Impostos sobre vendas. (2) Lucro bruto e lucro líquido – O lucro é o que todo empreendedor busca ao abrir um negócio, que pode ser medido na forma bruta ou líquida.

O lucro bruto é a receita total da empresa menos os custos diretos e indiretos ligados à produção dos bens ou serviços, conforme a fórmula: Lucro bruto = Receita total – Custos relacionados à produção. No caso, os custos relacionados com a produção são os gastos variáveis necessários para produzir uma mercadoria ou executar um serviço, incluindo, normalmente, mão de obra, insumos e matéria-prima — quanto maior o volume de vendas, maiores serão estes custos.

Uma vez calculado o lucro bruto (receita – custos relacionados com a produção), será possível deduzir as despesas, que podem ser fixas ou variáveis, resultando no lucro líquido, que demonstra quanto realmente sobrou para os sócios e acionistas depois de subtrair todos os gastos possíveis do faturamento, sendo apurado com base na seguinte fórmula: Lucro líquido = Receita total – Custos e despesas totais.