Economia
Consolidação fiscal

FMI prevê alta de 2,2% do PIB brasileiro em 2024

No ritmo projetado pelo FMI, o Brasil deve apresentar expansão acima da região da América Latina e do Caribe, cuja estimativa aponta expansão de 2% em 2024.

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17 de abril de 2024
Vinicius Palermo
FMI prevê alta de 2,2% do PIB brasileiro em 2024
No ritmo projetado pelo FMI, o Brasil deve apresentar expansão acima da região da América Latina e do Caribe, cuja estimativa aponta expansão de 2% em 2024

O Fundo Monetário Internacional (FMI) continua mostrando maior otimismo com a economia brasileira neste ano. O organismo acaba de elevar novamente a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do País para 2,2% neste ano contra estimativa anterior de alta de 1,7%, conforme o relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), publicado na terça-feira, 16. No ano passado, a economia brasileira cresceu 2,9%.

“No Brasil, espera-se que o crescimento modere para 2,2% em 2024, devido à consolidação fiscal, aos efeitos defasados da política monetária ainda restritiva e a uma menor contribuição da agricultura”, diz o Fundo, no relatório.

No ritmo projetado pelo FMI, o Brasil deve apresentar expansão acima da região da América Latina e do Caribe, cuja estimativa aponta expansão de 2% em 2024.

Ficará aquém, contudo, do avanço esperado para as economias emergentes e em desenvolvimento e do crescimento econômico global neste ano, de 4,2% e 3,2%, respectivamente, conforme as novas projeções do Fundo.

Para 2025, o FMI também melhorou a sua estimativa e agora vê alta de 2,1% do PIB do Brasil contra previsão anterior de aumento de 1,9%. Ainda assim, o cenário traçado pela organização, com sede em Washington DC, nos Estados Unidos, é de desaceleração da maior economia da América Latina.

Quanto à inflação, o FMI prevê contínua melhora dos preços. O Fundo espera que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique em 4,1% em 2024 e 3,0% no ano seguinte. Em 2023, o indicador ficou em 4,6%.

Já o índice de desemprego no Brasil deve se manter estável em 8% neste ano e se reduzir para 7,9% em 2025.

Sobre a política monetária, o FMI destaca que o Brasil e outros países latinos como o Chile se anteciparam à alta de juros e, portanto, estão conseguindo cortar as taxas mais cedo que os países desenvolvidos. “Os bancos centrais que aumentaram as taxas diretoras anteriormente, incluindo os do Brasil e do Chile, já as reduziram substancialmente desde o segundo semestre de 2023”, avalia o Fundo.
Apesar disso, gráfico publicado pelo organismo no WEO mostra que os juros no Brasil seguem mais altos do que no resto do mundo, como aqueles praticados em outras economias emergentes e em desenvolvimento e em países ricos como os Estados Unidos e da zona do euro.

O FMI alerta para o risco de uma piora nas tensões geopolíticas restringirem ainda mais as condições financeiras globais e causarem uma fuga de capitais de mercados emergentes, o que inclui o Brasil.
No fim de semana, o Irã atacou Israel e elevou a preocupação da comunidade internacional com a escalada dos conflitos no Oriente Médio. O foco dos mercados é saber agora como o governo israelense vai responder em meio aos pedidos de países aliados como, por exemplo, os EUA, para que a guerra não se escale ainda mais.

“Se as condições financeiras globais se tornarem mais restritivas, poderão surgir pressões de saída de capitais nos mercados emergentes, colocando as moedas e outros ativos sob pressão de baixa”, diz Tobias Adrian, diretor do Departamento de Mercado Monetário e de Capitais do FMI e um dos autores do estudo.

Antes mesmo de o Irã reagir ao ataque de Israel a um consulado iraniano em Damasco, na Síria, no início do mês, os mercados emergentes já começaram a sentir maior pressão do aperto das condições financeiras em meio à resistência da inflação nos Estados Unidos.

Os mercados acionários da América Latina registraram saídas de US$ 500 milhões na semana encerrada na última quarta-feira, dia 10, o volume mais elevado desde setembro de 23, segundo o Bank of America. No acumulado do ano, US$ 2,7 bilhões já deixaram esses mercados, conforme o banco americano.

Apesar disso, o FMI reconhece que os principais mercados emergentes “resistiram bem” aos aumentos das taxas de juro ao longo dos últimos anos, demonstrando “resiliência” após melhora dos quadros políticos.

Mas, segundo o Fundo, uma piora nas tensões geopolíticas e perturbações nas cadeias de abastecimento e de commodities podem pesar na trajetória da inflação e na condução da política monetária. Nesse cenário, recomenda aos bancos centrais permanecerem “vigilantes” na última milha da luta contra os preços.

“As tensões geopolíticas podem intensificar-se e pesar nos sentimentos dos investidores”, afirma Adrian, ao comentar o relatório.

Segundo ele, olhando à frente, alguns investidores parecem antecipar que as pressões sobre os preços poderão não diminuir rapidamente. Como resultado as expectativas de inflação nas principais economias durante os próximos um ou dois anos têm subido novamente.

“É importante ressaltar que a inflação permanece acima das metas dos bancos centrais de 2%, como na França, no Reino Unido e nos Estados Unidos, ou 3%, como no Brasil e no México”, diz o diretor do FMI.

Um cenário em que as condições financeiras ficariam mais apertadas poderia exacerbar as fragilidades existentes, de acordo com o organismo, com sede em Washington DC. Além do impacto para países emergentes, o FMI cita os mercados imobiliários, em especial, os comerciais, que enfrentam “perspectivas fracas”.

“Os mutuários nos mercados imobiliários, especialmente certos segmentos de imóveis comerciais com fracas perspectivas, poderão enfrentar refinanciamentos difíceis e dispendiosos de empréstimos existentes, como os estimados US$ 600 bilhões de dívida imobiliária comercial dos EUA que vencem este ano”, prevê o Fundo.