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Lula reitera que democracia cometeu ‘falha’ ao dar lugar à ascensão da extrema direita

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a afirmar que a democracia cometeu uma “falha” no mundo

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26 de setembro de 2024
Vinicius Palermo
Lula reitera que democracia cometeu ‘falha’ ao dar lugar à ascensão da extrema direita
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, concede entrevista coletiva à imprensa na Sede das Nações Unidas (ONU). Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a afirmar que a democracia cometeu uma “falha” no mundo e deu lugar à ascensão da extrema direita. Ao enaltecer a presença dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em Nova York, Lula afirmou que a política é a “arte da convivência democrática entre opostos”.

“Estou muito feliz nessa viagem porque, mais uma vez, pude contar com a presença do presidente do Senado e da Câmara. Eu fiz questão de convidá-los porque é muito importante a imagem que a gente possa passar para o mundo, e para o Brasil, de que a gente consegue exercer a democracia na sua plenitude, mesmo em situações adversas”, disse o presidente, em coletiva de imprensa realizada em Nova York, após ter participado de atividades relativas à Assembleia Geral das Nações Unidas na quarta-feira, 25.

Lira e Pacheco chegaram junto com o chefe do Executivo à coletiva e acompanham a declaração.
Na fala, Lula comentou sobre o trabalho do governo e citou a aprovação da reforma tributária no Congresso brasileiro. Em sua avaliação, “política é exatamente isso: é a arte da convivência democrática entre opostos, contrários; e isso que dá dinamismo à democracia”.

O presidente citou o encontro que teve na tarde de terça-feira, 24, denominado Defesa da Democracia, Combatendo os Extremismos. “Em algum momento, a democracia cometeu uma falha que permitiu que pessoas extremistas e de extrema direita pudessem questionar a própria democracia, o sistema”, comentou.

Ao destacar a importância da democracia, Lula disse que a defesa ao sistema faz parte de uma discussão muito séria. “Considero a democracia o sistema de governo mais extraordinário que se inventou.”

O presidente afirmou que os governantes precisam “colocar o pobre no orçamento” de cada país. Ele contou que todos os chefes de Estado com quem conversou aceitaram participar da Aliança Global contra a Fome, mas pontuou que não tem como “obrigar” os países a contribuir no debate.

“Para a minha alegria, a Aliança Global contra a Fome tem sido um sucesso e, até agora, todos os países que nós temos conversado têm tido posição extraordinária de aceitar participar”, disse.

Lula afirmou, porém, que não tem como obrigar os países a contribuírem para aliança e doar recursos. “O que o Brasil pode dar no G20 é mostrar os eventos de política bem sucedida no Brasil e também estudar outras políticas bem sucedidas em outros países”, comentou.

E acrescentou : “a única possibilidade que a gente tem de cumprir essa meta é a gente colocar o povo pobre no orçamento de cada país. Não é fazer quando puder, quando sobrar dinheiro, é fazer de forma prioritária.” Segundo o presidente, o mundo já produz alimento suficiente para acabar com a fome.

O presidente disse ainda em Nova York, que a ação de Israel na Faixa de Gaza e no Líbano não tem precedentes. Também afirmou que o mundo tem conflitos “à deriva” por falta de governança global.
“Mais uma vez a participação do Brasil na conferência da ONU foi um momento de marcar posição com relação às coisas que estamos reivindicando há algumas décadas”, disse Lula.

Ele se refere principalmente à pressão para que o Brasil e outros países ganhem mais protagonismo nos mecanismos globais. Segundo Lula, o País insiste na necessidade de renovar as Nações Unidas, para a organização ganhar capacidade de resolver conflitos. Esses conflitos, segundo ele, “estão à deriva porque não tem governança global no mundo”.

Lula disse que a geopolítica atual é diferente do que era quando a ONU foi configurada, depois da Segunda Guerra Mundial. Defendeu uma reforma do Conselho de Segurança, acabando com o direito a veto, para aumentar o “poder de comando” da organização. “Se isso acontecer, a gente poderia evitar muitos conflitos que tem hoje”, comentou. “O mais visível que nós estamos vendo, porque Sudão e Iêmen parece que são esquecidos pela imprensa mundial, o que está acontecendo em Israel, na Faixa de Gaza e agora no Líbano é uma coisa que não tem precedente”, declarou.

Ele criticou a falta de cumprimento das resoluções da ONU nesse caso. Lula também mencionou a guerra entre Rússia e Ucrânia. Segundo ele, o conflito não precisava ter começado. “Não existe nenhuma possibilidade de uma solução militar naquela guerra, é por isso que haja uma resolução diplomática”, declarou ele. Segundo o petista, o Brasil insiste em uma discussão de paz, que não é fácil. Ele disse que não é possível saber como uma guerra termina.

O presidente ainda mencionou a proposta de paz feita por China e Brasil para um acordo entre Rússia e Ucrânia, mas que é preciso saber se os dois países beligerantes querem discutir. “Se os dois não quiserem, não tem conversa”, declarou. Ele também voltou a defender a criação de um Estado palestino.