Mundo
Guerra total

Halevi fala em preparativos para possível operação terrestre no Líbano

O chefe do exército israelense, Herzi Halevi, disse que os últimos ataques aéreos israelenses foram concebidos para “preparar o terreno”.

Compartilhe:
26 de setembro de 2024
Vinicius Palermo
Halevi fala em preparativos para possível operação terrestre no Líbano
O chefe do exército israelense, Herzi Halevi

O chefe do exército israelense, Herzi Halevi, disse na quarta-feira, que os militares estão se preparando para uma possível operação terrestre no Líbano, enquanto o Hezbollah lança dezenas de projéteis contra Israel, incluindo um míssil apontado para Tel Aviv, no ataque mais agressivo do grupo extremista até agora.

Dirigindo-se às tropas na fronteira norte, ele afirmou que os últimos ataques aéreos israelenses foram concebidos para “preparar o terreno para a sua possível entrada e para continuar a enfraquecer o Hezbollah”.

O Ministério da Saúde do Líbano disse que os ataques israelenses mais recentes mataram mais de 50 pessoas. Isso elevou o número de mortos nos últimos três dias para 615, com mais de 2.000 feridos. Esta semana foi a mais mortal no Líbano desde a guerra de um mês entre Israel e o Hezbollah em 2006.

Oficiais militares israelenses disseram que interceptaram um míssil do Hezbollah, enquanto o grupo afirma ter disparado contra a sede da agência de inteligência israelense Mossad, a quem culpa por uma recente série de assassinatos de seus principais comandantes e por um ataque que levou a explosões de pagers e walkie-talkies na semana passada.

O exército de Israel afirmou ainda que está mobilizando oficiais da reserva e que transferiu milhares de soldados que serviam em Gaza para a fronteira norte. Apesar disso, dizem que não existem planos imediatos para uma invasão terrestre, mas se recusaram a fornecer um calendário para a campanha aérea.

A Organização das Nações Unidas (ONU) e o Conselho de Segurança agendaram uma reunião de emergência sobre o Líbano, a pedido da França.

O presidente da França, Emmanuel Macron, alertou contra uma escalada da guerra no Oriente Médio e defendeu o avanço de negociações por um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Em discurso na Assembleia Geral da ONU, Macron exortou Israel a evitar o aumento das hostilidades no Líbano e exigiu que o Hezbollah pare os ataques ao território israelense.

Macron voltou a condenar os atos “terroristas” do Hamas contra Israel e reforçou o direito do país em responder ameaças à sua integridade. No entanto, o líder francês reconheceu que a guerra já se estende por um período excessivamente longo. “Um cessar-fogo permanece uma prioridade para todos nós”, disse.

Ele reiterou apoio às negociações mediadas por EUA, Egito e Catar para assegurar a paz na região. Em particular, argumentou que uma trégua deve se concretizar o mais breve possível com a volta dos reféns do Hamas. “Essa é uma posição que mantemos desde outubro de 2023”, lembrou.

Nesse sentido, Macron ressaltou que a França fará o que for necessário para garantir um Estado palestino ao lado de Israel, em um posicionamento que endossa a chamada “solução de dois Estados”.

O presidente dos Estados Unidos Joe Biden disse que uma “guerra total” ainda é possível no Oriente Médio, já que os combates entre Israel e o Hezbollah estão se intensificando, mas ele está esperançoso de que uma saída possa ser encontrada para evitar mais derramamento de sangue.

O presidente foi questionado sobre a possibilidade de uma guerra “total” na região, se um cessar-fogo ainda seria possível e se ele condicionaria o cessar-fogo ao retorno vivo de todos os reféns.
“Uma guerra total é possível”, disse Biden, acrescentando que acredita que também existe a oportunidade de “ter um acordo que pode mudar fundamentalmente toda a região”.

Biden sugeriu que fazer com que Israel e o Hezbollah concordassem com um cessar-fogo poderia ajudar a alcançar uma suspensão das hostilidades entre Israel e os militantes do Hamas em Gaza. “É possível e estou usando toda a energia que tenho com minha equipe para fazer isso”, disse. “Há um desejo de ver mudanças na região”, completou.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, conclamou Israel e o Hezbollah para que recuem no seu conflito cada vez mais intenso, dizendo que uma guerra total seria desastrosa para a região e o seu povo.

Em Nova York, para a Assembleia Geral anual da Organização das Nações Unidas (ONU), Blinken disse que os EUA estavam trabalhando em um plano para diminuir as tensões e permitir que dezenas de milhares de israelenses e libaneses retornassem às casas que tiveram de evacuar nas áreas fronteiriças.