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Israel fala em responder a ataque iraniano

A troca de ameaças mantém os riscos de um conflito maior entre Irã e Israel em alta, enquanto autoridades e diplomatas agem para evitar a escalada.

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18 de abril de 2024
Vinicius Palermo
Israel fala em responder a ataque iraniano
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse a diplomatas britânicos e alemães na quarta-feira, 17, que vai responder ao ataque iraniano contra o território israelense. Ante o recado, o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, advertiu durante um evento em Teerã que a “menor invasão” de Israel teria uma retaliação “maciça”.

A troca de ameaças mantém os riscos de um conflito maior entre Irã e Israel em alta, enquanto autoridades e diplomatas agem para evitar a escalada. O Irã atacou Israel no dia 14 com 300 mísseis e drones e justificou a ação como retaliação ao ataque aéreo israelense contra a embaixada iraniana na Síria, no dia 1 º.

Na quarta-feira, no entanto, o chanceler do Reino Unido, David Cameron, reconheceu que vai haver uma resposta de Israel, apesar de não estar claro como e quando deve acontecer. “É claro que os israelenses vão tomar a decisão de agir”, disse à emissora BBC. “Esperamos que eles façam isso de uma forma que contribua o mínimo para agravar a situação.”

Cameron foi a Jerusalém com a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, para se encontrar com Netanyahu. Na conversa, o premiê afirmou que Israel “faria o necessário para se defender” e garantiu que resistiria à pressão externa sobre como agir.

Os países do G-7, próximos a Israel, discutem sanções econômicas contra o Irã como punição pelo ataque, na tentativa de dissuadir o governo israelense de agir de forma violenta. Entretanto, segundo o gabinete de Netanyahu, ele agradeceu aos aliados israelenses pelo “apoio em palavras e ações”, mas ressalvou que tomaria as próprias decisões.

A grande preocupação das nações aliadas é que as respostas alimentem um ciclo de violência no Oriente Médio, que pode desviar o foco da guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza e se transformar num conflito regional com implicações mundiais. “O objetivo agora é deter o Irã sem maiores escaladas”, disse Annalena Baerbock.

Segundo as autoridades, a viagem a Israel também teve o objetivo de pressionar por um cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde mais de 33 mil palestinos, a maioria mulheres e crianças, foram mortos.

Desde o ataque do Irã, no entanto, as atenções do governo israelense foram desviadas para o combate com o Irã. O gabinete de guerra se reuniu diversas vezes desde o fim de semana sem nenhuma decisão aparente sobre a resposta que daria ao ataque iraniano.

De acordo com autoridades ouvidas sob anonimato, o gabinete considera desde um ataque direto ao Irã até um ataque cibernético ou assassinatos seletivos, com a finalidade de enviar uma mensagem clara ao Irã sem provocar uma grande escalada.

Os mísseis e drones enviados contra Israel no sábado foram a maioria interceptados pelas defesas aéreas de Israel com o apoio dos EUA, Reino Unido, França e Jordânia. Os aliados israelenses condenaram o ataque, ao mesmo tempo que apelam a uma resposta que não aumente ainda mais as tensões com o Irã.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou, com relação aos ataques do Irã a Israel no último final de semana, que “já podemos ver é que esta ação marca uma mudança em direção ao confronto aberto”. Em discurso na reunião de Defesa do bloco, a dirigente disse que o ataque nos mostra a natureza da guerra moderna. “As armas utilizadas eram muito maiores em número e poder de fogo do que aquelas que foram anteriormente utilizadas pelos representantes do Irã”, afirmou.

“A segunda conclusão é a natureza da defesa. É verdadeiramente notável a eficácia e rapidez com que os sistemas de defesa foram capazes de interceptar praticamente todos os drones e mísseis. Mas não é nenhum milagre. Pelo contrário, mostra o valor real do investimento consistente a longo prazo em capacidades e tecnologias de defesa avançadas”, disse.

“Acima de tudo mostra o valor da construção de parcerias e da cooperação com aliados. O papel central dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França e de outros não deve ser subestimado. E nem deveria o papel dos países árabes na região evitar danos muito maiores”, afirmou von der Leyen.

“Deixem-me ser clara: a soberania europeia é necessária, mas nunca será feita à custa dos nossos parceiros e amigos. E certamente nunca afetará a importância e a necessidade da nossa aliança com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Na verdade, uma Europa mais soberana, e vocês sabem disso, em particular na defesa, é vital para o fortalecimento da Otan, uma vez que os Estados-membros têm clara e simplesmente um único conjunto de forças”, disse a dirigentes, mencionado o aumento das despesas com Defesa.

“A ameaça de guerra pode não ser iminente, mas não é impossível. Deveríamos estar preparados. E isso começa com a necessidade urgente de reconstruir, reabastecer e transformar as forças armadas dos Estados-Membros. Ao fazê-lo, a Europa deverá esforçar-se por desenvolver e fabricar a próxima geração de capacidades operacionais vencedoras de batalhas e por garantir que dispõe da quantidade suficiente de material e da superioridade tecnológica de que poderemos necessitar no futuro. Isso significa turbinar a nossa capacidade industrial de defesa nos próximos cinco anos”, afirmou.