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Hezbollah lança míssil contra a sede do Mossad em Tel-Aviv

O míssil tinha como alvo a sede do centro de inteligência israelense, o Mossad, em Tel-Aviv, mas acabou interceptado, segundo o governo de Israel.

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26 de setembro de 2024
Vinicius Palermo
Hezbollah lança míssil contra a sede do Mossad em Tel-Aviv
As tensões entre Israel e Hezobollah crescem a cada dia

O Hezbollah lançou dezenas de foguetes contra o território de Israel na quarta-feira, 25. incluindo um projétil de longa distância que disparou alarmes antiaéreos em Tel-Aviv e em outras partes da região central de Israel. O míssil tinha como alvo a sede do centro de inteligência israelense, o Mossad, em Tel-Aviv, mas acabou interceptado, segundo o governo de Israel.

Os israelenses afirmaram também que bombardearam o local de onde partiu o projétil. Em quase um ano desde o início dos ataques mútuos entre Israel e o grupo xiita libanês, este foi o ataque mais distante da fronteira com o Líbano até aqui. Autoridades internacionais estão tentando evitar que os confrontos entre Israel e o Hezbollah evoluam para uma guerra total.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse estar trabalhando para isso e que ainda é possível uma solução diplomática ao aumento das tensões. Houve uma rápida escalada nas agressões entre israelenses e o grupo libanês após as explosões de pagers e de walkie-talkies de membros do grupo extremista no Líbano na semana passada.

Ainda na semana passada, Israel anunciou uma “nova fase da guerra” ao norte do país focada no Hezbollah. No final de semana, o grupo extremista declarou estar em “guerra indefinida” contra os israelenses.

Até o momento, os grupos trocam bombardeios entre o norte de Israel e o sul do Líbano -mas alguns dos ataques atingiram a capital Beirute.

Uma guerra total, ou guerra generalizada, é um conflito armado em que dois adversários, que declaram guerra um contra o outro, mobilizam todos os seus recursos militares e civis em prol de uma vitória completa sobre o outro, o que pode afetar amplamente a sociedade e a economia das partes envolvidas
Esse tipo de guerra geralmente envolve múltiplos fronts e pode incluir o uso de forças terrestres, aéreas e navais, além de operações cibernéticas e de inteligência.

Israel diz que está atacando o Hezbollah porque o grupo libanês não permite que os cidadãos israelenses que moram ao norte do país, que faz fronteira com o Líbano, retornem às suas casas. Eles foram deslocados por bombardeios do Hezbollah em território israelense, que duram desde o ano passado.
Com isso, a “nova fase da guerra” anunciada pelo Exército israelense, e nomeada de “Operação Flechas do Norte”, busca fazer com que os combatentes do Hezbollah deixem as regiões ao sul do Líbano.

O Hezbollah prometeu continuar com os ataques contra Israel até que a guerra em Gaza termine.
O conflito mais notável entre eles ocorreu em 2006, no episódio conhecido como Guerra do Líbano. A guerra durou cerca de cinco semanas e resultou em significativas perdas humanas e materiais de ambos os lados.

O conflito foi desencadeado pelo sequestro de dois soldados israelenses por membros do Hezbollah. Para Israel, o episódio foi uma gota d’água das tensões que se desenrolavam desde 2000 e decidiu lançar um ataque em território libanês, deixando quase 1.200 mortos, majoritariamente civis, e cerca de um milhão de deslocados só dentro do país vizinho.

Para além da Guerra do Líbano, confrontos e escaladas de violência de menor proporção ocorreram em diversos outros momentos. O bombardeio israelense da última segunda-feira, 23, marcou o dia mais sangrento no Líbano desde a guerra de 2006.

O medo é que uma nova guerra possa ser ainda pior do que a de 2006, que foi traumática o suficiente para ambos os lados servirem como dissuasão desde então.

Os combates naquela época mataram centenas de combatentes do Hezbollah e cerca de 1.100 civis libaneses, deixando grandes áreas do sul e até partes de Beirute em ruínas. Mais de 120 soldados israelenses foram mortos e centenas ficaram feridos. O fogo de mísseis do Hezbollah sobre cidades israelenses matou dezenas de civis.

Muitos temem que uma guerra total entre Israel e o Hezbollah desestabilize ainda mais o Oriente Médio, já abalado pelos combates em Gaza. Um novo conflito teria o potencial de arrastar outros países na região – grupos armados de outros países poderiam reforçar o Hezbollah – e até potências mundiais, como os Estados Unidos, aliado de Israel, e o Irã, aliado do Hezbollah.

Israel estima que o Hezbollah agora possua cerca de 150 mil foguetes e mísseis, alguns dos quais são guiados com precisão, colocando todo o país dentro de seu alcance. Israel reforçou suas defesas aéreas, mas não está claro se pode se defender contra as intensas barragens de uma nova guerra.

Israel prometeu que poderia transformar todo o sul do Líbano em uma zona de batalha, afirmando que o Hezbollah tem embutido foguetes, armas e forças ao longo da fronteira. E, na retórica elevada dos últimos meses, políticos israelenses falaram em infligir o mesmo dano no Líbano que o exército causou em Gaza.

O Hezbollah faz parte do “Eixo da Resistência”, uma aliança de grupos apoiados pelo Irã em todo o Oriente Médio, que também inclui o grupo terrorista palestino Hamas, que desencadeou a guerra contra Israel na Faixa de Gaza ao realizar um ataque terrorista no sul de Israel há quase um ano, em 7 de outubro. O ataque do Hamas deixou cerca de 1.200 israelenses mortos e cerca de 250 foram levados para Gaza como reféns.

Declarando solidariedade ao Hamas, o Hezbollah começou a disparar contra as posições israelenses na região fronteiriça em 8 de outubro. Israel e Hezbollah têm trocado agressões quase diárias desde então, com o Hezbollah lançando foguetes e drones, e Israel realizando ataques aéreos e de artilharia. Dezenas de milhares de pessoas fugiram de suas casas em ambos os lados da fronteira.

O conflito se intensificou drasticamente na semana passada, quando milhares de dispositivos de comunicação sem fio usados pelo Hezbollah explodiram – em um ataque mortal amplamente atribuído a Israel – e um importante comandante do Hezbollah foi morto em um ataque aéreo israelense em Beirute.
Nesse meio tempo, Israel também matou o chefe do Hezbollah, Fuad Shukr, em um bombardeio em Beirute no final de julho, o que ajudou a elevar as tensões. O grupo extremista libanês havia prometido uma resposta, o que deixou israelenses sob alerta.

Os bombardeios entre Israel e o Hezbollah se intensificaram desde o final da semana passada, após as explosões dos pagers e walkie-talkies.

Segundo Israel, o grupo libanês dispara centenas de mísseis por dia contra o território israelense. Em contrapartida, o Exército de Israel bombardeia alvos militares do Hezbollah.

Os bombardeios israelenses de segunda-feira, 23, mataram mais de 560 pessoas e milhares fugiram do sul do Líbano. Israel afirmou que realiza ataques a locais de armas do Hezbollah e que já atingiu milhares de alvos desse tipo. O ministro da Saúde do Líbano disse que hospitais, centros médicos e ambulâncias foram atingidos.

Antes dos bombardeios, o exército israelense alertou os moradores para deixarem imediatamente áreas onde o Hezbollah estaria armazenando armas. A mídia libanesa afirmou que o alerta de evacuação foi repetido em mensagens de texto.

O Hezbollah disse que havia disparado dezenas de foguetes em direção a Israel, incluindo contra bases militares, e autoridades disseram que uma série de sirenes de ataque aéreo soou no norte de Israel, alertando sobre ataques de foguetes.

Na sexta-feira, um ataque aéreo israelense derrubou um prédio de grande altura nos subúrbios ao sul de Beirute, matando Ibrahim Akil, o comandante da unidade de elite Radwan do Hezbollah, e outros líderes importantes da unidade. Israel afirmou que Akil liderava a campanha do grupo de foguetes, drones e outros ataques ao norte de Israel. Pelo menos 45 pessoas morreram nesse ataque e mais de 60 ficaram feridas.