Economia
Reprecificação

Campos Neto diz que BC fará o necessário para ancorar a inflação

O presidente do BC ressaltou ainda o papel que as expectativas de inflação exercem no plano de voo do BC. “São muito importantes para nós”, disse.

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18 de abril de 2024
Vinicius Palermo
Campos Neto diz que BC fará o necessário para ancorar a inflação
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez questão de destacar, na quarta-feira, 17, que a autoridade monetária fará “o que for necessário para ancorar a inflação”. “É importante repetir”, frisou, em evento promovido pela XP Investimentos, em Washington.

Segundo ele, o BC vê a inflação convergindo no Brasil. “O IPCA de março foi surpresa boa”, disse, embora na inflação de serviços haja leve dissociação do necessário para convergência. “Parece haver pressão marginal nos serviços intensivos em trabalho.”

Campos Neto ressaltou ainda o papel que as expectativas de inflação exercem no plano de voo do BC. “São muito importantes para nós”, disse.

Durante a apresentação no evento promovido pela XP Investimentos, o presidente do Banco Central destacou o forte movimento de reprecificação de ativos pelo qual o mercado passou nos últimos dias, de forma “muito intensa” nos países emergentes.

De acordo com Campos Neto, o mercado reprecificou os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e agora parece estar entre um e dois cortes de juros nos EUA. “Será ‘data dependent'”, previu.

Uma vez que há reprecificação, afirmou, fala-se “mais de dívida global” e a volatilidade deve crescer no curto prazo. “Se os juros estão altos nos Estados Unidos, por que há tanta liquidez?”, questionou.

Na avaliação do presidente do Banco Central, se a dívida global eventualmente sugar liquidez, é algo a se observar, mas mesmo com os juros elevados nos Estados Unidos, as condições financeiras parecem acomodatícias.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou sobre os riscos para a política monetária vindos de uma possível desancoragem da âncora fiscal, uma vez que estão relacionadas. “Se você perde credibilidade na âncora fiscal, fica mais caro para âncora monetária”, afirmou.

Ele mencionou a revisão fiscal promovida pelo governo nesta semana, lembrando que normalmente nesses casos os prêmios de riscos dos ativos costumam aumentar. “Espero que não seja caso”, disse, acrescentando que a revisão foi na direção do que o mercado esperava.

Na avaliação dele, as questões globais têm tido mais impacto nos ativos locais do que risco doméstico relacionado à questão fiscal. “Recentemente, as incertezas têm a ver com reprecificação de questões globais”, afirmou.

Campos Neto destacou ainda que o que importa para o BC não é o juro real, que está bastante elevado, “mas a diferença entre o real e o neutro”.