Suellen Escariz
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Pelo mundo

Burnout x Burnon

Aquela pessoa que é apaixonada pelo seu trabalho, tem sempre o celular à mão e está pronta para resolver qualquer demanda que apareça está sujeita ao Burnon

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02 de maio de 2024
Vinicius Palermo
Burnout x Burnon
O Burnon pode levar à depressão por exaustão crônica

No seguimento da análise sobre os novos fenômenos do mundo do trabalho (ou talvez não tão novos assim), tem sido discutido e analisado o “Burnon”, que é uma espécie de oposto ao Burnout.

Ao contrário do que ocorre na Síndrome de Burnout, em vez de colapsar, as pessoas com “Burnon” continuam a correr em suas “rodas de hamster”, o que pode ter por consequência até mesmo a depressão crônica por exaustão.

Aquela pessoa que é apaixonada pelo seu trabalho, tem sempre o celular à mão e está pronta para resolver qualquer demanda que apareça, independentemente do dia ou horário. Aquela pessoa que gosta tanto do seu trabalho que não nega nenhuma demanda e assume, inclusive, as responsabilidades de outros colegas, tamanha a sua iniciativa e vontade de resolver as pendências e encontrar soluções que ninguém pensou antes podem estar a passar pelo “Burnon”.

De um lado, os prazos; de outro, os problemas. Isso tudo além da família, crianças e amigos: aquela pessoa quer tratar todos da maneira correta. Apesar desse ritmo frenético, ainda quer praticar esportes e comparecer a eventos.

Mas, permanecer o tempo todo “aceso” pode ser perigoso. O estresse constante, sem pausas reais, pode adoecer as pessoas. Essa sobrecarga crônica é descrita como um termo relativamente novo: “Burnon”.

Enquanto os sintomas de “Burnout” incluem: exaustão, performance reduzida e cinismo – uma distância mental do trabalho. Os sintomas de “Burnon” são uma conexão demasiadamente próxima e entusiástica com seu trabalho, às vezes mais como uma super excitação.

As pessoas afetadas pelo “Burnon” apesar de apaixonadas e felizes com o seu alto envolvimento com o trabalho e as demais atividades sociais e pessoais, acabam por sofrer com um alto nível de estresse.

Inicialmente refletido nas dores no pescoço, nas costas, dores de cabeça e bruxismo (ato de ranger os dentes), a vida exaustiva pode fazer com que percam a esperança de melhorar suas condições, não conseguem mais se sentir felizes e questionam o sentido das coisas.

Além das comorbidades psicológicas e doenças secundárias, como depressão, ansiedade ou vícios, também é possível sofrer cada vez mais de fenômenos psicossomáticos, como pressão alta, e suas possíveis consequências, ou seja, resultados físicos de questões psicológicas.

A vida contemporânea, cada vez mais agitada e cheia de compromissos, o sucesso profissional e pessoal, bem como, o reconhecimento social causam competições intensas. A instabilidade da economia, a inflação e as demais questões sociais aumentam os níveis de estresse.

Qualquer pessoa que queira não apenas concluir vários afazeres em seu cotidiano frenético, mas também completá-los da melhor maneira possível, está especialmente propensa à síndrome de “Burnon”. As pessoas afetadas possuem alto nível de motivação para realizar funções e se sentem mal ao cometer erros ou não fazer as coisas de maneira perfeita, sendo comum que essas pessoas imponham restrições a si mesmas por conta do perfeccionismo e da culpa.

Para fugir da tensão crônica, é necessário, primeiro, reconhecer o estado, e posteriormente encontrar a melhor solução de acordo com a personalidade e gosto de cada um. Atividades relaxantes como uma caminhada, algumas pausas durante o dia, o compromisso de desacelerar o pensamento em determinados momentos do dia e ainda a busca por ajuda médica/psicológica podem ser as soluções mais indicadas.


Suellen Escariz – Advogada e Mestre em Direito pela Universidade de Coimbra – Instagram