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Haddad: países europeus vão contribuir em fundo para preservar florestas

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os países europeus demonstraram interesse em contribuir com o Brasil no Tropical Forest Finance Facility (TFFF).

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25 de setembro de 2024
Vinicius Palermo
Haddad: países europeus vão contribuir em fundo para preservar florestas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os países europeus demonstraram interesse em contribuir com o Brasil no Tropical Forest Finance Facility (TFFF). Trata-se de um fundo bilionário para a preservação de florestas, lançado pelo governo brasileiro na COP 28, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

“Estamos esperando aportes soberanos de países. Para cada US$ 1,00 público, a ideia é captar US$ 4,00 do setor privado e aí nos financiaríamos investimentos de transição e a diferença de taxas de juros você remunera os países por serviços ambientais”, disse Haddad, a jornalistas, em Nova York.

De acordo com o ministro, o Brasil está fechando a proposta do TFFF, mas o pontapé para os investimentos privados vem do aporte soberano. “Se Alemanha, França, Inglaterra, Brasil, a Califórnia, que, como estado tem interesse nesse tipo de projeto, e outros países, China, se conseguirmos o funding público, a chance de captação privada aumenta muito”, avaliou. “E com o diferencial de taxas de juros conseguimos remunerar os países com a floresta em pé”, acrescentou.

Haddad disse esperar que a proposta para a criação do TFFF seja validada até o fim do ano que vem pelos parceiros. O Brasil conta com apoio do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Como é voluntária, a partir do momento que alguns países começarem a aportar, outros se animam. Nós tivemos a sinalização de que alguns países europeus estão dispostos a somar com o Brasil”, afirmou o ministro da Fazenda, sem citá-los.

De acordo com Haddad, a iniciativa é importante para o Brasil, mas também para países endividados, que seriam remunerados por serviços ambientais. “Isso poderá aliviar um pouco a carga do peso da dívida desses países”, disse.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse que a Amazônia está queimando e que, os incêndios continuarem, não haverá ponto de retorno para a humanidade.

Para Petro, não se deve defender ideologias, mas sim a vida como um todo. O presidente da Colômbia disse que o poder de um país não é mais definido por ideologia, mas pela capacidade de destruição da vida. E é essa capacidade de destruição que faz com que alguns países sejam ouvidos.

Petro voltou a pedir o fim do genocídio na Faixa de Gaza, reforçando uma postura do governo colombiano que se estende desde o início do ano.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu na terça-feira, 24, a atuação de seu governo nos incêndios que se alastraram pelo País. Durante a abertura do Debate Geral da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o petista disse que o Palácio do Planalto “não terceiriza responsabilidades”, mas reconheceu que é preciso fazer mais para combater as queimadas.

O discurso de Lula foi permeado pela defesa de ações contra a mudança climática. O presidente brasileiro afirmou que seu governo também luta contra quem “lucra com a degradação ambiental” e criticou o garimpo ilegal e o crime organizado.

“No Sul do Brasil, tivemos a maior enchente desde 1941, a Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos, incêndios florestais se alastraram pelo País e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto”, declarou Lula.

“O meu governo não terceiriza responsabilidades e nem abdica da sua soberania. Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer muito mais”, emendou o petista.

Lula disse que o Brasil reduziu o desmatamento na Amazônia em 50% no último ano e prometeu erradicá-lo até 2030. O presidente defendeu que não é admissível pensar em soluções para as florestas tropicais sem ouvir os povos indígenas e outras comunidades tradicionais.

“Nossa visão de desenvolvimento sustentável está alicerçada na bioeconomia. O Brasil sediará a COP 30 em 2025 convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a mudança climática. Nossa Contribuição Nacionalmente Determinada (a NDC) será apresentada ainda este ano, em linha com o objetivo de limitar o aumento da temperatura do planeta a um grau e meio”, disse Lula.