Mundo
Crise humanitária

Vice dos EUA pede ao Hamas que aceite plano de cessar-fogo

A vice-presidente de Estados Unidos, Kamala Harris, expressou sua “profunda preocupação” pela crise humanitária em Gaza

Compartilhe:
05 de março de 2024
Vinicius Palermo
Vice dos EUA pede ao Hamas que aceite plano de cessar-fogo
A vice-presidente de Estados Unidos, Kamala Harris

A vice-presidente de Estados Unidos, Kamala Harris, expressou sua “profunda preocupação” pela crise humanitária em Gaza e instou o grupo terrorista Hamas a aceitar as condições de cessar-fogo, durante uma reunião com Benny Gantz, membro do gabinete de guerra israelense e rival de Binyamin Netanyahu. Harris encontrou-se com o político israelense em Washington.

Na reunião, ” instou Israel a tomar medidas” para aumentar a entrada de ajuda no território ameaçado pela fome, disse uma nota divulgada pela Casa Branca. Também saudou “o enfoque construtivo” das autoridades israelenses nas negociações em curso para a libertação dos reféns retidos em Gaza, que deveria se traduzir em uma suspensão temporária das hostilidades com o grupo terrorista Hamas.

A democrata “pediu ao Hamas que aceite as condições que estão sobre a mesa para a libertação dos reféns, o que daria lugar a um cessar-fogo imediato de seis semanas e permitiria um aumento da ajuda humanitária”.

A visita a Washington de Gantz, ex-ministro da Defesa, membro do gabinete de guerra e também rival político de Netanyahu, está causando repercussão em Israel. Embora Gantz tenha muitas das mesmas opiniões linha-dura de Netanyahu, o político centrista tem sido visto como mais aberto a compromissos em questões críticas, incluindo o aumento da prestação de assistência humanitária.

Autoridades da Casa Branca disseram que Gantz foi quem solicitou a reunião, e que a administração de Biden acreditava que era importante que Harris se reunisse com o funcionário israelense, apesar das objeções de Netanyahu.

“Estamos tratando com todos os membros do gabinete de guerra, incluído o ministro Gantz”, e sua chegada “é uma extensão natural dessas discussões”, afirmou John Kirby, porta-voz da Casa Branca.

“Um membro do gabinete de guerra quer vir aos Estados Unidos, quer falar conosco sobre a evolução do conflito, nos dá a oportunidade de discutir a importância de aumentar a ajuda humanitária e chegar a um acordo sobre os reféns. Não vamos nos privar desta oportunidade”, afirmou Kirby.

O chefe de relações políticas e internacionais do Hamas, Dr. Basem Naim, agradeceu ao governo brasileiro e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelas recentes manifestações de apoio à causa palestina.

Os comentários de Naim foram transmitidos em vídeo para a conferência nacional do Partido da Causa Operária (PCO). O dirigente do grupo terrorista responsável pelo ataque a Israel em 7 de outubro diz que os membros da organização estão “honrados” por todas as declarações do Estado brasileiro.

“Hoje (terça), estou falando para a audiência dessa conferência em um dos maiores Estados, de um dos maiores países do mundo, uma nação em ascensão, Brasil, que é um país amigo dos palestinos, apoiador da causa palestina. E estamos muito honrados por todas as declarações recentes dos funcionários do governo, particularmente as declarações do presidente Lula sobre seu compromisso e sua postura corajosa de apoiar a causa palestina e, especificamente, exigir um cessar-fogo para parar essa agressão contra nosso povo”, afirma Basem Naim.

O representante do Hamas também declarou que aguarda o dia em que a organização poderá comemorar a “liberdade da Palestina” junto com o Brasil e outros aliados.

“Esperamos o dia em que estaremos na Palestina com todos os nossos amigos ao redor do mundo, incluindo nossos amigos e companheiros do Brasil para celebrar a liberdade da Palestina. E penso que será em breve. Mas, até chegarmos a esse momento, temos que fazer nosso dever de casa”, afirma Naim. “Estamos no solo, estamos lutando, estamos firmes, estamos comprometidos com nossa causa. Mas, também queremos o apoio de todos os nossos amigos ao redor do mundo, em particular, no grande e amado Brasil”, continua ele.

As declarações do dirigente do Hamas vêm à tona poucas semanas após a eclosão da crise diplomática entre Brasil e Israel com as polêmicas falas do presidente Lula em relação às ações das Forças Armadas Israelenses na Faixa de Gaza. Em 18 de fevereiro, durante uma entrevista coletiva em Adis Abeba, capital da Etiópia, Lula criticou Israel pelo número de mortes registrado durante seus ataques em Gaza, e comparou a morte de palestinos com o extermínio de judeus feito pelo líder da Alemanha Nazista, Adolf Hitler. Ao menos 6 milhões de judeus foram mortos pelo regime nazista, entre 1933 e 1945.