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Zelensky defende aliança global e mais pressão sobre Rússia

Zelensky agradeceu inclusive as várias rodadas de sanções contra a Rússia, mas argumentou que é preciso pressionar mais Moscou

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17 de janeiro de 2024
Vinicius Palermo
Zelensky defende aliança global e mais pressão sobre Rússia
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, agradeceu nesta terça-feira, 16, o esforço global para pressionar a Rússia, após Moscou ter invadido o território ucraniano em fevereiro de 2022, mas também cobrou mais apoio. Durante evento no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Zelensky agradeceu inclusive as várias rodadas de sanções contra a Rússia, mas argumentou que é preciso pressionar mais Moscou para que o presidente russo, Vladimir Putin, se veja forçado a aceitar a paz.

Zelensky argumentou que a Rússia tem interferido em outros países há vários anos sob o comando de Putin, e citou como exemplos países da África, como Sudão e Mali. No caso da Ucrânia, destacou o fato de que o líder russo “busca normalizar deportações em massa”, e pediu um esforço por “uma paz que seja justa e estável”.

O presidente ucraniano lembrou que houve vários momentos em que a adoção de mais sanções foi adiada. Além disso, ressaltou o fato de que as sanções não têm afetado a produção de mísseis da Rússia, que possuem dezenas de componentes vindos do Ocidente. Em alguns momentos, a autoridade ucraniana mostrou ressalvas à postura de se evitar uma escalada no conflito, diante do comportamento do presidente russo.

Zelensky disse ainda que Putin “é o único terrorista no mundo que fez refém uma usina nuclear”. Segundo ele, o líder russo “precisa se arrepender” e é “um predador”.

O presidente da Ucrânia destacou ainda o fato de que seu país conseguiu crescimento econômico, apesar da guerra, enquanto também negocia o potencial ingresso na União Europeia.

De acordo com Zelensky, a intenção não é buscar vingança, mas “justiça precisa ser feita”. “Se nos unirmos para isolar Putin, será o passo político certo”, avaliou. Ele disse que Putin não consegue melhorar a economia da Rússia e aumentar a classe média, com isso buscaria “distrair seu povo”, propondo a eles “radicalismo”.

Otan

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg reafirmou o compromisso da Otan em apoiar a Ucrânia na guerra contra a Rússia. Ele lembrou que havia alguns analistas que previam, após a invasão russa em 2021, uma derrota rápida do país invadido.

O regime ucraniano, porém, tem reagido e conseguido “grandes vitórias militares”, além de conseguir abrir corredores no Mar Negro para escoar suas exportações de grãos, mencionou. “O mais importante é que a Ucrânia sobreviva como um país soberano”, reforçou.

Segundo o secretário-geral da Otan, o apoio militar decidido à Ucrânia acabará por elevar a possibilidade de que Moscou se veja forçada a negociar de modo diplomático a paz com Kiev. Para Stoltenberg, a Ucrânia “quer ser parte do Ocidente”, o que “é uma grande perda para a Rússia”.

Ele afirmou nesta terça-feira, 16, que a China tem agido para “tentar controlar infraestrutura crucial” no mundo, como a tecnologia de 5G. “É uma questão comercial, mas também da nossa segurança”, argumentou, durante um painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos.

Stoltenberg foi questionado pelo fato de um chefe da Otan comentar a situação na China, algo que no passado não ocorria. Segundo ele, cada vez mais a aliança transatlântica entre Estados Unidos e países da Europa é afetada por “ameaças globais”.

Ele destacou o fato de que a China tem investido muito em capacidade militar, “inclusive armas nucleares”. Também notou que a Ásia está cada vez mais atenta ao que ocorre na Europa, por exemplo, com Japão e Coreia do Sul, próximos à Otan, temerosos de que o quadro na guerra em solo ucraniano possa influenciar Pequim a ser mais ou menos dura em sua postura militar.