Economia
Desmatamento

Verde Agritech propõe não vender fertilizante à Amazônia

A decisão do Conselho de Administração da Verde Agritech está em linha com as premissas de operação sustentável da companhia

Compartilhe:
24 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Verde Agritech propõe não vender fertilizante à Amazônia
O fundador e CEO da Verde Agritech, Cristiano Veloso

A Verde Agritech, empresa com maior capacidade de produzir potássio do Brasil, vai propor aos acionistas que a companhia não venda fertilizantes para 218 municípios da Amazônia. A decisão do Conselho de Administração, em linha com as premissas de operação sustentável da companhia, tem por objetivo estimular o combate ao desmatamento em um dos territórios mais ricos em biodiversidade no mundo. A votação será em junho, informa a companhia em comunicado.

O fundador e CEO da Verde Agritech, Cristiano Veloso, afirmou na nota que “do ponto de vista de faturamento, não terá impacto no nosso negócio, mas reforça o compromisso da agricultura brasileira com um modelo de produção que já é o mais sustentável do mundo”. “O agricultor brasileiro é altamente tecnológico, com produtividade recorde nos últimos anos, comprovando esse compromisso de cada agricultor em produzir de forma mais eficiente e sustentável”, acrescentou.

O executivo ressaltou que a empresa venderá produtos para a região apenas se for algum projeto de reflorestamento de mata nativa. “Os agricultores do Brasil estão comprometidos com o meio ambiente, porque entendem a importância dos recursos naturais para produzir alimentos.”

Ao todo, a iniciativa vai proteger um território total de 2,23 milhões de km2. Segundo estatísticas da plataforma IBGE Países, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área é maior, em extensão, do que Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália somados, nações que fazem parte do top 10 de maiores economias do mundo.
“Somos uma empresa que usa tecnologia para produzir uma nova geração de fertilizantes, de forma sustentável e que tem o meio ambiente como aliado da produção de alimentos, valorizando os microrganismos do solo que ajudam, inclusive, a reduzir o uso de agroquímicos”, disse Veloso.
Desde o ano passado, a companhia tem capacidade para produzir 3 milhões de toneladas de fertilizantes e anunciou investimentos de R$ 275 milhões para construção de uma terceira unidade produtiva, que fará com que a empresa atinja até 16,4% da demanda nacional por potássio. O projeto contempla outras fases de investimento, podendo chegar a 60% de todo potássio que o Brasil necessita.

“A floresta amazônica é um ecossistema vital para o globo, fornecendo funções essenciais como sequestro de carbono, preservação da biodiversidade e regulação do clima. Infelizmente, a Amazônia enfrenta uma séria ameaça de desmatamento ilegal, muitas vezes cometido com o objetivo de substituí-la por terras agrícolas. Esta proposta de Resolução se alinha aos valores fundamentais da Verde e reforça nosso compromisso inabalável com práticas sustentáveis ​​na agricultura brasileira, que em sua maioria já segue altos padrões de sustentabilidade”, disse Veloso.

As plantas industriais da companhia estão em São Gotardo e Matutina, interior de Minas Gerais, em uma operação que é ambientalmente sustentável, sem a necessidade de barragem ou rejeito. O processo não utiliza produtos químicos graças à tecnologia Cambridge Tech, desenvolvida em parceria com a Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
No fim do ano passado, a empresa solicitou à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) autorização para construir um ramal ferroviário interligando as plantas da companhia ao Triângulo Mineiro. A companhia aguarda liberação. A linha férrea vai se conectar a sete Estados e ao Distrito Federal, por meio de uma rede que tem parte administrada pela Ferrovia Centro Atlântica (FCA). O projeto permitirá o transporte de até 55% da demanda do agronegócio por fertilizante potássico, podendo atingir até 50 milhões de toneladas por ano.

A empresa vem avaliando o potencial de captura de carbono de seus produtos, por meio de estudos independentes realizados na Newcastle University. Os estudos estão avaliando um processo natural chamado Enhanced Rock Weathering (“ERW”), pelo qual o CO2 é permanentemente removido da atmosfera por meio da reação com a decomposição de minerais de silicato presentes na matéria-prima do Produto.