Economia
Trégua da inflação

Vendas do varejo subiram 0,7% em julho

Na comparação com julho de 2022, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 2,4% em julho.

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15 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Vendas do varejo subiram 0,7% em julho
As vendas do varejo restrito acumularam crescimento de 1,5% no ano

As vendas do comércio varejista subiram 0,7% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal, informou na sexta-feira, 15, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação com julho de 2022, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 2,4% em julho. Nesse confronto, as projeções iam de uma queda de 0,4% a avanço de 4,2%, com mediana positiva de 2,0%.

As vendas do varejo restrito acumularam crescimento de 1,5% no ano, que tem como base de comparação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado em 12 meses, houve alta de 1,6%, ante avanço de 0,9% até junho.

Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção, de veículos e de atacado alimentício, as vendas caíram 0,3% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal.

O resultado contrariou a mediana das projeções de analistas, que apontava alta de 0,3%. O intervalo das estimativas, neste caso, ia de queda de 0,8% a alta de 3,1%.

Na comparação com julho de 2022, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram alta de 6,6% em julho. Nesse confronto, as projeções variavam de uma elevação entre 0,4% e 12,0%, com mediana positiva de 7,4%.

As vendas do comércio varejista ampliado acumularam avanço de 4,3% no ano. No acumulado em 12 meses, houve alta de 2,3%, ante avanço de 1,10% até junho.

O gerente do IBGE, Cristiano Santos disse que o comércio varejista brasileiro tem encarado um cenário mais positivo neste ano, por causa da melhora em fatores como a inflação, concessão de crédito e mercado de trabalho.

“É um resultado positivo”, resumiu Santos. “E representa então o primeiro ponto depois desse crescimento de março, o primeiro ponto de uma trajetória de crescimento”, previu.

“Tem um crescimento menos volátil do varejo, tanto para baixo quanto para cima. A trajetória da margem não modifica muito o cenário do varejo”, avaliou Santos.

O pesquisador disse que o cenário é favorável para o varejo no ano, “positivo de maneira efetiva”. “Esse ano está sendo melhor do que o ano passado”, afirmou. “Tem alguns elementos que eles foram melhorando ao logo do tempo.”

A trégua da inflação foi o principal fator de melhora, mas houve expansão na concessão de crédito a pessoas físicas, aumento no número de pessoas trabalhando, elevação na massa de renda em circulação na economia e desvalorização do dólar ante o real, que ajuda atividades que dependem mais de importações, enumerou Cristiano Santos.

“Aumenta o número de pessoas ocupadas, mais pessoas têm emprego, aumenta a chance de mais pessoas fazerem consumo, e desse consumo ser no varejo, e não nos serviços”, explicou. “Mas é um (cenário) positivo que não é de grande amplitude, não é crescimento forte”, ponderou o gerente do IBGE.

Quatro das oito atividades que integram o comércio varejista registraram avanços nas vendas em julho ante junho: Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (11,7%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,4%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,3%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,1%).

Na direção oposta, as perdas ocorreram em Tecidos, vestuário e calçados (-2,7%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-2,6%), Móveis e eletrodomésticos (-0,9%) e Combustíveis e lubrificantes (-0,1%).

Segundo Santos, crises contábeis em grandes cadeias e o fechamento de lojas físicas têm afetado algumas atividades do varejo nos últimos meses, entre elas a de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamentos. Em julho, promoções pontuais recuperaram o fôlego dessa atividade.

“Três atividades meio que se equivaleram no primeiro semestre como um todo: vestuário e calçados, móveis e eletrodomésticos e outros artigos de uso pessoal e doméstico. São nessas três atividades que estão concentradas as empresas que tiveram essas questões contábeis, principalmente no primeiro semestre. Essas três atividades têm trajetória de queda bastante pronunciada nesse primeiro semestre”, explicou Santos.

“O que reverteu em julho foi outros artigos de uso pessoal e doméstico. O que fez crescer as lojas de departamento este mês foi promoções muito fortes que ocorreram agora em julho”, completou.

No comércio varejista ampliado – que agora inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício – houve recuo de 0,3% em julho ante junho. O segmento de Veículos, motos, partes e peças registrou queda de 6,2%, enquanto Material de construção subiu 0,3%. Santos explica que a nas vendas de veículos em julho se deu por uma antecipação de demanda em junho, motivada pelos descontos do governo em automóveis.

Ainda não há divulgação de dados individuais para o atacado de produtos alimentícios na série com ajuste sazonal, porque é necessário haver uma série histórica mais longa.