Economia
Perda de fôlego

Vendas do varejo ficam estáveis em junho

Na comparação com junho de 2022, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 1,30% em junho.

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09 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Vendas do varejo ficam estáveis em junho
A perda de fôlego mostrada pelo comércio varejista no segundo trimestre já vinha de meses anteriores

As vendas do comércio varejista ficaram estáveis em junho ante maio, na série com ajuste sazonal, informou na quarta-feira, 9, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação com junho de 2022, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 1,30% em junho. Nesse confronto, as projeções iam de uma queda de 0,4% a avanço de 2,1%, com mediana positiva de 0,9%.

As vendas do varejo restrito acumularam crescimento de 1,30% no ano, que tem como base de comparação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado em 12 meses, houve alta de 0,90%, ante avanço de 0,80% até maio.

Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas subiram 1,20% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal. O resultado veio bem melhor do que a queda de 0,1% prevista na mediana das projeções do mercado, que iam de redução de 1,0% a alta de 2,2%.

Na comparação com junho de 2022, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram alta de 8,30% em junho. Nesse confronto, as projeções eram de elevação de 3,2% a 6,8%, com mediana positiva de 5,5%.
As vendas do comércio varejista ampliado acumularam avanço de 4,00% no ano. No acumulado em 12 meses, houve alta de 1,10%, ante avanço de 0,20% até maio.

A perda de fôlego mostrada pelo comércio varejista no segundo trimestre já vinha de meses anteriores, uma vez que o bom resultado do primeiro trimestre deste ano estava calcado no resultado de janeiro, último mês em que mostrou avanço expressivo, alta de 4,1% nas vendas, avaliou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O volume vendido pelo varejo caiu 0,2% no segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre do ano. O setor, porém, tinha registrado uma expansão de 1,9% no primeiro trimestre de 2023 ante o trimestre imediatamente anterior. Para Santos, a leitura para o desempenho do segundo trimestre é de estabilidade.

“Essa estabilidade do segundo trimestre, nem avanço nem queda, já vem de algum tempo”, disse Santos.
O pesquisador diz que a principal explicação para a perda de fôlego continua sendo o acesso mais restrito ao crédito, diante dos juros elevados. “Isso tem segurado o crescimento (do varejo) nos últimos meses”, afirmou.

Outro fator que tem prejudicado o desempenho do comércio é o fechamento de lojas de grandes redes varejistas, que afetam, sobretudo, o segmento de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento. No entanto, o fenômeno também impactou as vendas das atividades de vestuário e calçados de móveis e eletrodomésticos.

“São grandes cadeias que tiveram fechamento de lojas físicas por conta de questões contábeis que têm ocorrido”, justificou Santos. Na direção oposta, o setor de supermercados foi beneficiado pela deflação de alimentos e pelo pagamento da antecipação do 13º salário.

Já o pacote do governo que incentivou descontos para a aquisição de automóveis populares impulsionou vendas de veículos, turbinando as vendas do varejo ampliado. O volume vendido pelo comércio varejista ampliado – que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício – cresceu 1,2% em junho ante maio. As vendas de veículos saltaram 8,5% no período, devido a aquisições feitas tanto por locadoras quanto por consumidores pessoa física.

“Foi um fenômeno mais global, mas um pouco mais ligado à pessoa física também, justamente ligado a esse desconto (via incentivo do governo)”, explicou Santos.

O programa de descontos para carros populares fez as vendas de veículos superarem em junho o nível pré-pandemia pela primeira vez desde a crise sanitária: após o avanço ante maio, as vendas estavam em junho 4,3% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.

No segundo trimestre, as vendas do varejo ampliado cresceram 1,7% em relação ao primeiro trimestre, depois de um avanço de 3,7% no trimestre anterior. Quanto ao início do ciclo de cortes na taxa básica de juros, Santos pondera que a transmissão até o varejo “é uma cadeia longa e bastante complexa”.

“Uma vez que você tem queda na taxa básica de juros, isso não vai refletir imediatamente naquilo que os bancos e outras instituições de crédito ofertam ao cliente”, disse ele.

Santos lembra que o impacto do afrouxamento monetário “não acontece imediatamente”, mas sim provoca um “efeito de médio e longo prazo”.

O pesquisador acrescenta que ampliar “o acesso ao crédito aumenta a capacidade de consumo”, mas que questões como inadimplência, propensão à poupança e pagamento de dívidas também são elementos que influenciam o destino da renda das famílias.

O volume de vendas do varejo chegou a junho em patamar 3,0% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas operam 4,8% acima do pré-pandemia.

Os segmentos de artigos farmacêuticos, combustíveis, supermercados, veículos e material de construção estão operando acima do patamar pré-crise sanitária.

O segmento de artigos farmacêuticos opera em patamar 26,6% acima do pré-crise sanitária; combustíveis e lubrificantes, 9,3% acima; supermercados, 5,3% acima; veículos, 4,3% acima; e material de construção, 0,7% acima.

Os móveis e eletrodomésticos estão 13,1% aquém do nível de fevereiro de 2020; outros artigos de uso pessoal e domésticos, 16,9% abaixo; vestuário, 19,6% abaixo; equipamentos de informática e comunicação, 20,3% abaixo; e livros e papelaria, 37,4% abaixo.

As vendas no comércio varejista recuaram 0,2% no segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre de 2023. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, houve um avanço de 0,2% no volume vendido no segundo trimestre de 2023.

No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício, as vendas cresceram 1,7% no segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre de 2023. Em relação ao segundo trimestre de 2022, as vendas do varejo ampliado aumentaram 4,6% no segundo trimestre de 2023.