Economia
Carbono

Brasil defenderá nova meta de financiamento climático

A mobilização de recursos ao financiamento climático nas economias em desenvolvimento e a conclusão de um acordo sobre créditos de carbono são prioridades

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06 de setembro de 2024
Vinicius Palermo
Brasil defenderá nova meta de financiamento climático
O embaixador extraordinário para a mudança do clima do Itamaraty, Luiz Alberto Figueiredo Machado

A mobilização de recursos ao financiamento climático nas economias em desenvolvimento e a conclusão de um acordo sobre créditos de carbono são prioridades que serão defendidas pelo Brasil na COP29, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas que acontecerá de 11 a 24 de novembro em Baku, no Azerbaijão.

Os principais temas a serem levados pelo Brasil à próxima COP foram levantados num debate organizado na sexta-feira, 6, pela Amcham, reunindo o embaixador extraordinário para a mudança do clima do Itamaraty, Luiz Alberto Figueiredo Machado, e o secretário de inovação, desenvolvimento sustentável, irrigação e cooperativismo do ministério da Agricultura, Pedro Neto. O embaixador do Azerbaijão no Brasil, Rashad Novruz, também participou.

Segundo o embaixador Figueiredo, existe uma expectativa em se chegar a uma nova meta coletiva de financiamento climático em Baku. Ele observou que os países desenvolvidos assumiram em 2009 o compromisso de mobilizar US$ 100 bilhões ao financiamento climático das economias em desenvolvimento, porém os recursos nunca chegaram a esse nível. Além disso, a necessidade de financiamento passou para a casa dos trilhões de dólares. “Precisamos de um esforço sério de mobilização”, cobrou o embaixador.

Ele acrescentou que também será importante concluir no Azerbaijão um artigo previsto no Acordo de Paris sobre o mercado de carbono, que é peça fundamental na arquitetura da mobilização de fundos para as ações necessárias ao enfrentamento das mudanças do clima. “Será a ocasião para que as regras estejam estabilizadas, de forma que o mercado de carbono cumpra o papel de auxiliar nas reduções de emissões.”

Tanto Figueiredo quanto o embaixador do Azerbaijão no Brasil destacaram que, embora existam fundos para a agenda climática, o acesso aos recursos é complexo. Rashad Novruz afirmou que encontrar formas de destravar esses recursos, assegurando, entre outros objetivos, uma transição energética justa, estará no centro das discussões na COP de Baku.

O secretário de Inovação do ministério da Agricultura, Pedro Neto, disse que a agropecuária brasileira está comprometida com o desenvolvimento sustentável. O clima, observou, é um ativo do setor, que passou por uma transformação nas últimas cinco décadas, quando o Brasil passou de importador ao principal fornecedor de alimentos do mundo, sendo fundamental na segurança alimentar de outros países.

A Câmara de Comércio Americana (Amcham Brasil) reuniu 282 projetos de preservação ambiental no Brasil equivalentes a R$ 38,8 bilhões, desenvolvidos por 165 empresas brasileiras e multinacionais. Os resultados, parte da iniciativa “Brasil Pelo Meio Ambiente (BPMA2024)”, foram apresentados na sexta-feira, 6, pela entidade a um grupo de cerca de 250 representantes empresariais e autoridades públicas no evento “O Brasil na COP”, que antecipa a discussão sobre o financiamento sustentável que será feito este ano na COP 29, no Azerbaijão.

“Este é o quarto ano consecutivo em que a Amcham realiza o Brasil pelo Meio Ambiente como preparação para as COPs. Nesse período, observamos uma atuação consistente do setor empresarial na implementação de projetos de sustentabilidade, com volumes crescentes de recursos”, observou o CEO da Amcham Brasil, Abrão Neto.

De acordo com Neto, o conjuntos dos projetos contribuirá para os esforços brasileiros de mitigação climática, equivalendo à redução de aproximadamente 265 milhões de toneladas de emissões de carbono.

Os projetos estão divididos em três categorias: tratamento de resíduos, água e economia circular, que representa mais da metade das iniciativas; preservação e restauração de florestas e biomas, com 36,2% dos projetos; e eficiência energética e geração renovável, que responde por aproximadamente um terço dos projetos.