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Impunidade

Valas comuns com 300 corpos são encontradas em hospital de Gaza

A ONU exigiu uma investigação internacional sobre as valas e denunciou o “clima de impunidade reinante”.

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23 de abril de 2024
Vinicius Palermo
Valas comuns com 300 corpos são encontradas em hospital de Gaza
. A ONU exigiu uma investigação internacional sobre as valas e denunciou o "clima de impunidade reinante".

Pelo menos 310 corpos foram exumados de valas comuns até terça-feira, 23, nos pátios do hospital Nasser, em Khan Younis, no sul de Gaza, de onde as tropas de Israel se retiraram no início de abril, após quatro meses de combates na área. A ONU exigiu uma investigação internacional sobre as valas e denunciou o “clima de impunidade reinante”.

Na segunda-feira, 22, a Proteção Civil da Faixa de Gaza havia indicado que desde sábado, 20, foram exumados cerca de 200 corpos que haviam sido enterrados pelas forças israelenses em valas comuns no hospital Nasser em Khan Yunis.

O gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos declarou-se “horrorizado” com a destruição dos dois principais hospitais de Gaza. O alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk, exigiu “investigações independentes, eficazes e transparentes” sobre o ocorrido.

“Dado o clima de impunidade reinante, os investigadores internacionais devem participar neste processo”, disse.

Segundo fontes palestinas, a maior parte dos corpos são de crianças e mulheres, civis de Gaza mortos quando as tropas israelenses tomaram a região, e que teriam sido enterrados “coletivamente” durante o cerco.

“As vítimas foram enterradas muito profundamente no solo e cobertas por lixo”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, aos jornalistas, acrescentando que as vítimas incluíam idosos e mulheres. Outros foram “encontrados com as mãos amarradas e sem roupas”, acrescentou.

De acordo com a porta-voz do escritório, os corpos das vítimas incluem idosos, mulheres e vários feridos, enquanto outros foram encontrados amarrados com as mãos atadas e despidos. 

A representante mencionou relatos de autoridades de saúde em Gaza, dando conta de cadáveres achados no Hospital Al-Shifa. O complexo hospitalar era a principal instalação terciária de saúde antes do início da guerra na área, em 7 de outubro. 

No início deste mês, terminou uma incursão militar israelense alegadamente realizada para conter a operação de membros do Hamas dentro do hospital. Duas semanas após os intensos confrontos, funcionários humanitários compararam as instalações Hospital Al-Shifa a “uma concha vazia”, com a maior parte do equipamento reduzido a cinzas.

Pelas notas do escritório, pelo menos 30 corpos de palestinos foram enterrados em duas covas no pátio do local, uma diante do prédio de emergência e as outras em frente ao edifício de diálise”.

Shamdasani destacou haver corpos de 12 palestinos que foram agora identificados nestes locais em Al-Shifa, mas a identificação ainda não foi possível para os restantes.

O escritório destaca relatos afirmando que alguns corpos tinham as mãos amarradas. Shamdasani acrescentou que poderia haver “muito mais” vítimas, “apesar da alegação das Forças de Defesa de Israel de terem matado 200 palestinos durante operação do complexo médico al-Shifa”.

Um documento, liderado pela ex-ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, afirma que “Israel não forneceu provas” das acusações. 

Em suas 54 páginas, a “Revisão independente de mecanismos e procedimentos para garantir a adesão da Unrwa ao princípio humanitário de neutralidade”, concluiu que a agência dispõe de diversas ferramentas para garantir que permanece imparcial no seu trabalho.

O texto explica que a Unrwa fornece rotineiramente a Israel listas de funcionários e afirma que desde 2011 “o governo israelense não informou a Unrwa de quaisquer preocupações” relativas a nenhum funcionário indicado.

Falando a jornalistas em Genebra, Colonna disse que “o conjunto de regras e os mecanismos e procedimentos em vigor são os mais elaborados dentro do sistema da ONU”, justamente por ser um ambiente tão “complexo e sensível”.

De acordo com a representante, “o que precisa ser melhorado será melhorado”. A ex-ministra disse acreditar que a implementação das medidas presentes no relatório “ajudarão a Unrwa a cumprir o seu mandato”.

O relatório foi produzido com base em mais de 200 entrevistas, reuniões com autoridades israelenses e palestinas e contatos diretos com 47 países e organizações. O texto final inclui um conjunto de 50 recomendações sobre questões que vão desde a educação até novos processos de verificação para recrutamento de pessoal.

Dentre as sugestões estão a criação de uma unidade centralizada de investigações de neutralidade, a implementação de um Código de Ética atualizado e ações de formação direcionadas a todo o pessoal.

Em uma declaração divulgada na segunda-feira, o porta-voz da ONU disse que o secretário-geral acolhe as recomendações contidas no relatório produzido por Catherine Colonna.

De acordo com o documento, as alegações de Israel contra a Unrwa desencadearam a suspensão do financiamento no valor de cerca de US$ 450 milhões.

Este corte causou um impacto direto, prejudicando rapidamente a capacidade da Unrwa de continuar o seu trabalho. Operando exclusivamente com base em doações voluntárias, a agência viu grandes doadores, incluindo os Estados Unidos, cancelarem ou suspenderem fundos.

Em abril, os Estados Unidos proibiram o financiamento da Unrwa até pelo menos 2025, mas outros doadores prometeram financiamento adicional ou restauraram as suas doações.

O novo relatório recomendou aumentar a frequência e reforçar a transparência da comunicação da Unrwa com os doadores sobre a situação financeira e sobre alegações de violações de neutralidade.

De acordo com a porta-voz do escritório, os corpos das vítimas incluem idosos, mulheres e vários feridos, enquanto outros foram encontrados amarrados com as mãos atadas e despidos. 

A representante mencionou relatos de autoridades de saúde em Gaza, dando conta de cadáveres achados no Hospital Al-Shifa. O complexo hospitalar era a principal instalação terciária de saúde antes do início da guerra na área, em 7 de outubro. 

No início deste mês, terminou uma incursão militar israelense alegadamente realizada para conter a operação de membros do Hamas dentro do hospital. Duas semanas após os intensos confrontos, funcionários humanitários compararam as instalações Hospital Al-Shifa a “uma concha vazia”, com a maior parte do equipamento reduzido a cinzas.

Pelas notas do escritório, pelo menos 30 corpos de palestinos foram enterrados em duas covas no pátio do local, uma diante do prédio de emergência e as outras em frente ao edifício de diálise”.

Shamdasani destacou haver corpos de 12 palestinos que foram agora identificados nestes locais em Al-Shifa, mas a identificação ainda não foi possível para os restantes.

O escritório destaca relatos afirmando que alguns corpos tinham as mãos amarradas. Shamdasani acrescentou que poderia haver “muito mais” vítimas, “apesar da alegação das Forças de Defesa de Israel de terem matado 200 palestinos durante operação do complexo médico al-Shifa”.

Um documento, liderado pela ex-ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, afirma que “Israel não forneceu provas” das acusações. 

Em suas 54 páginas, a “Revisão independente de mecanismos e procedimentos para garantir a adesão da Unrwa ao princípio humanitário de neutralidade”, concluiu que a agência dispõe de diversas ferramentas para garantir que permanece imparcial no seu trabalho.

O texto explica que a Unrwa fornece rotineiramente a Israel listas de funcionários e afirma que desde 2011 “o governo israelense não informou a Unrwa de quaisquer preocupações” relativas a nenhum funcionário indicado.

Falando a jornalistas em Genebra, Colonna disse que “o conjunto de regras e os mecanismos e procedimentos em vigor são os mais elaborados dentro do sistema da ONU”, justamente por ser um ambiente tão “complexo e sensível”.

De acordo com a representante, “o que precisa ser melhorado será melhorado”. A ex-ministra disse acreditar que a implementação das medidas presentes no relatório “ajudarão a Unrwa a cumprir o seu mandato”.

O relatório foi produzido com base em mais de 200 entrevistas, reuniões com autoridades israelenses e palestinas e contatos diretos com 47 países e organizações. O texto final inclui um conjunto de 50 recomendações sobre questões que vão desde a educação até novos processos de verificação para recrutamento de pessoal.

Dentre as sugestões estão a criação de uma unidade centralizada de investigações de neutralidade, a implementação de um Código de Ética atualizado e ações de formação direcionadas a todo o pessoal.

Em uma declaração divulgada na segunda-feira, o porta-voz da ONU disse que o secretário-geral acolhe as recomendações contidas no relatório produzido por Catherine Colonna.

De acordo com o documento, as alegações de Israel contra a Unrwa desencadearam a suspensão do financiamento no valor de cerca de US$ 450 milhões.

Este corte causou um impacto direto, prejudicando rapidamente a capacidade da Unrwa de continuar o seu trabalho. Operando exclusivamente com base em doações voluntárias, a agência viu grandes doadores, incluindo os Estados Unidos, cancelarem ou suspenderem fundos.

Em abril, os Estados Unidos proibiram o financiamento da Unrwa até pelo menos 2025, mas outros doadores prometeram financiamento adicional ou restauraram as suas doações.

O novo relatório recomendou aumentar a frequência e reforçar a transparência da comunicação da Unrwa com os doadores sobre a situação financeira e sobre alegações de violações de neutralidade.

UNRWA

As equipes da Unrwa continuam a prestar cuidados médicos em oito centros de saúde e abrigos operacionais em Gaza

O grupo de avaliação disse que a Unrwa “tem trabalhado consistentemente para garantir a neutralidade na educação”, uma vez que oferece ensino primário e preparatório a 500 mil alunos em 706 escolas, com 20 mil profissionais da educação.

Em Gaza, neste momento todas as crianças estão fora da escola após os ataques que destruíram o sistema educacional do enclave.

O relatório afirma que “na ausência de uma solução política entre Israel e os palestinos, a Unrwa continua a ser fundamental no fornecimento de ajuda humanitária vital e de serviços sociais essenciais, particularmente na saúde e na educação, aos refugiados palestinos em Gaza, Jordânia, Líbano, Síria e Cisjordânia”.

O grupo independente avalia que a agência é “insubstituível e indispensável para o desenvolvimento humano e econômico dos palestinos”.

Criada pela Assembleia Geral em 1949, a Unrwa emprega 30 mil pessoas e atende 5,9 milhões de refugiados palestinos.