Economia
Salário maior

Taxa de desemprego ficou em 7,10% no trimestre encerrado em maio

Em igual período de 2023, de acordo com o IBGE, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 8,30%.

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29 de junho de 2024
Vinicius Palermo
Taxa de desemprego ficou em 7,10% no trimestre encerrado em maio
A renda média real do trabalhador foi de R$ 3.181 no trimestre encerrado em maio.

A taxa de desocupação no Brasil ficou em 7,10% no trimestre encerrado em maio, de acordo com os dados mensais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados na manhã de sexta-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em igual período de 2023, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 8,30%. No trimestre móvel até abril, a taxa de desocupação estava em 7,50%. A renda média real do trabalhador foi de R$ 3.181 no trimestre encerrado em maio. O resultado representa alta de 5,60% em relação ao mesmo trimestre de 2023.

A taxa de desemprego no País mostra uma melhora consolidada, com geração contínua de vagas, e a população ocupada renovando recordes a cada trimestre, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“É uma melhora que vem consolidada”, disse Beringuy. “São melhoras verificadas a cada trimestre. Se essas expansões são contínuas, elas vêm trimestre após trimestre registrando recordes. Você tem um processo cumulativo desses ganhos.”

Segundo Beringuy, o cenário econômico favorável está por trás dos ganhos vistos no mercado de trabalho, fazendo a melhora no emprego alimentar também um ciclo virtuoso: com mais trabalhadores ocupados, há mais renda e mais demanda.

“Isso tem relação sim com a melhora da atividade econômica. Está havendo mais ocupação, esse trabalho está sendo mais demandado pelas atividades econômicas. A gente vem observando sim que a atividade econômica vem demandando trabalhadores, e isso está permitindo esse crescimento contínuo que a gente está vendo da população ocupada”, apontou Beringuy.

A pesquisadora considera que indicadores macroeconômicos, como juros mais baixos, redução na inadimplência e arrefecimento da inflação, ajudam no momento mais favorável para o emprego. “Esses indicadores se interconectam entre si e refletem na atividade econômica”, disse ela.

O País registrou uma abertura de 1,081 milhão de vagas no mercado de trabalho em apenas um trimestre. A população subiu a um recorde de 101,331 milhões de pessoas no trimestre encerrado em maio. Em um ano, esse contingente aumentou em 2,931 milhões de pessoas.

Já a população desocupada diminuiu em 751 mil pessoas em um trimestre, totalizando 7,783 milhões de desempregados no trimestre até maio. A população desocupada somou o menor contingente desde o trimestre terminado em fevereiro de 2015. Em um ano, 1,162 milhão de pessoas deixaram o desemprego no País.

A população inativa somou 66,847 milhões de pessoas no trimestre encerrado em maio, 34 mil inativos a mais que no trimestre anterior. Em um ano, houve diminuição de 290 mil pessoas.

O nível da ocupação – porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar – passou de 57,1% no trimestre encerrado em fevereiro para 57,6% no trimestre até maio. No trimestre terminado em maio de 2023, o nível da ocupação era de 56,4%.

A taxa de desocupação de 7,1% registrada no trimestre terminado em maio de 2024 foi o menor resultado para esse período do ano desde 2014, quando também ficou em 7,1%. A taxa de desemprego retornou assim ao menor nível para meses de maio de toda a série histórica iniciada em 2012.

O resultado de maio de 2024 representou ainda o menor patamar de desemprego desde o trimestre móvel terminado em janeiro de 2015, quando a taxa foi de 6,9%. No trimestre encerrado em abril de 2024, a taxa foi de 7,5%. No trimestre terminado em maio de 2023, a taxa estava em 8,3%.

A massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 26,141 bilhões no período de um ano, para o nível recorde de R$ 317,883 bilhões, uma alta de 9,0% no trimestre encerrado em maio de 2024 ante o trimestre terminado em maio de 2023.

Na comparação com o trimestre terminado em fevereiro de 2024, a massa de renda real subiu 2,2% no trimestre terminado em maio, R$ 6,751 bilhões a mais.

O resultado foi impulsionado tanto pelo crescimento no número de trabalhadores ocupados quanto pelo aumento no rendimento pago a quem estava trabalhando.

O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 1,0% na comparação com o trimestre até fevereiro, R$ 31 a mais, para R$ 3.181. Em relação ao trimestre encerrado em maio de 2023, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 5,6%, R$ 168 a mais.

Segundo Beringuy, a renda do trabalhador vem crescendo impulsionada pela expansão da ocupação majoritariamente via emprego formal, que tem remuneração mais elevada do que as ocupações informais.

No trimestre encerrado em maio de 2024, a renda média alcançou o maior patamar para esse período do ano de toda a série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. O nível atual se assemelha ao pico alcançado em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, quando a crise reduziu drasticamente o número de vagas informais e de menores rendimentos, fazendo o rendimento médio subir.

A alta atual na renda do trabalho é totalmente diferente do que ocorreu na pandemia, frisou Beringuy. Na crise sanitária, a renda subiu com a saída de ocupados informais e manutenção dos formais, reforçou. “Agora tem um rendimento maior sendo recebido por mais pessoas”, ressaltou Beringuy.

A renda nominal, ou seja, antes que seja descontada a inflação no período, cresceu 2,3% no trimestre terminado em maio ante o trimestre encerrado em fevereiro. Já na comparação com o trimestre terminado em maio de 2023, houve elevação de 9,6% na renda média nominal.

O País registrou uma taxa de informalidade de 38,6% no mercado de trabalho no trimestre até maio de 2024. Havia 39,133 milhões de trabalhadores atuando na informalidade no período.

Em um trimestre, 314 mil pessoas passaram a atuar como trabalhadores informais. O total de vagas no mercado de trabalho como um todo no período cresceu em 1,081 milhão de postos de trabalho. Ou seja, o avanço no emprego foi majoritariamente impulsionado pela geração de postos de trabalho formais, confirmou Beringuy.

“A expansão da população ocupada como um todo teve sim uma participação do ramo informal, mas ela foi fundamentalmente impulsionada pelo ramo formal da ocupação”, disse Beringuy. “Não significa que a informalidade esteja caindo. Ela está crescendo menos que a parte formal da ocupação. Ela se mantém como um ramo muito importante da população ocupada.”

Em um trimestre, na informalidade, houve elevação de 383 mil empregos sem carteira assinada no setor privado, de 43 mil empregadores sem CNPJ e de 72 mil pessoas no trabalho por conta própria sem CNPJ.
Porém, o mercado registrou enxugamento de 100 mil trabalhadores domésticos sem carteira assinada e de 84 mil pessoas atuando no trabalho familiar auxiliar.

A população ocupada atuando na informalidade cresceu 0,8% em um trimestre. Em relação a um ano antes, o contingente de trabalhadores informais aumentou em 813 mil pessoas, alta de 2,1%.