O Santander teve lucro líquido de 3,25 bilhões de euros no terceiro trimestre de 2024, 12% maior do que o ganho apurado em igual período do ano passado, segundo balanço divulgado nesta terça-feira, 29. O resultado superou levemente as expectativas de analistas consultados pela Visible Alpha, que previam lucro de 3,17 bilhões de euros entre julho e setembro.
A receita total do maior banco da Espanha atingiu 15,14 bilhões de euros no trimestre, representando alta de 2% em relação a um ano antes, mas abaixo do consenso do mercado, de 15,31 bilhões de euros.
Já a receita líquida de juros – a diferença entre o que os bancos ganham com empréstimos e o que pagam aos clientes por depósitos – somou 11,23 bilhões de euros nos três meses até setembro.
O Santander reiterou sua perspectiva para 2024. “Em um ambiente geopolítico cada vez mais volátil, estamos confiantes de que manteremos esse forte ímpeto no restante do ano, cumprindo todas as nossas metas e dando continuidade em 2025”, disse a presidente do conselho do Santander, Ana Botín.
O Santander Brasil registrou lucro líquido gerencial de R$ 3,664 bilhões no terceiro trimestre de 2024, uma alta de 34,3% no comparativo anual, enquanto na comparação com o segundo trimestre deste ano, a variação foi positiva em 10%.
O terceiro trimestre foi marcado por uma expansão das receitas do banco, tanto com crédito e tesouraria quanto com a prestação de serviços. Além disso, com a inadimplência estável, as provisões do Santander contra atrasos tiveram variação anual mais baixa que a das receitas.
O retorno sobre o patrimônio líquido do Santander avançou 3,9 pontos porcentuais em um ano, para 17%, graças ao crescimento do lucro. O patrimônio líquido do conglomerado subiu 4,7% em um ano, para R$ 88,770 bilhões. O volume de ativos chegou a R$ 1,285 trilhão, alta de 10,6% em um ano.
O resultado operacional, antes de impostos, foi de R$ 4,267 bilhões, alta de 62,2% em um ano, e alta de 10,5% em um trimestre.
A carteira de crédito do banco somava R$ 663,503 bilhões no final de setembro, um crescimento de 6,1% no intervalo de um ano puxado principalmente por linhas destinadas ao financiamento do consumo, que têm rentabilidade maior.
A receita total do Santander Brasil foi de R$ 20,561 bilhões no trimestre, crescimento de 15,1% no comparativo anual.
A margem financeira bruta, que reflete os ganhos com operações que rendem juros, foi de R$ 15,227 bilhões, alta de 15,8% em um ano. Nas margens com clientes, o resultado foi de R$ 14,902 bilhões, crescimento de 8% no comparativo anual. Nesta linha, estão contabilizados os resultados com operações de crédito.
A margem com mercado do Santander saiu de perda de R$ 647 milhões no terceiro trimestre do ano passado para ganho de R$ 325 milhões no mesmo período deste ano. As receitas do banco com serviços aumentaram 13,3% em 12 meses, para R$ 5,334 bilhões.
“O resultado do terceiro trimestre reflete a evolução em direção à nossa ambição de sermos o banco mais presente na vida dos nossos clientes”, afirma o presidente do banco, Mario Leão, em nota. “O desempenho dos nossos volumes resulta da disciplina na alocação de capital, priorizando a atuação em linhas de maior rentabilidade e boa qualidade de ativos.”
Segundo ele, o Santander chegará a 2025 pronto para continuar com a evolução da rentabilidade, com a tecnologia como alavanca
O CFO do banco, Gustavo Alejo, afirmou que a evolução dos resultados mostra consistência de gestão e de estratégia. “Mantemos nosso compromisso pela busca de um resultado sólido e consistente, impulsionados por uma incansável obsessão pela experiência de nossos clientes.”
O Santander Brasil seguiu como um dos maiores geradores de resultados do Grupo em todo o mundo no terceiro trimestre deste ano. Teve o segundo maior lucro entre as operações do conglomerado espanhol, de 630 milhões de euros, atrás apenas do Santander Espanha, que registrou resultado de 1,081 bilhão de euros no mesmo período.
Tanto no balanço brasileiro quanto no espanhol, o Santander local observou um aumento das receitas em relação ao mesmo período do ano passado, aumento esse que foi mais acelerado que o das provisões contra a inadimplência e também das despesas.
A margem financeira líquida do banco por aqui influenciou o desempenho consolidado do Grupo. “Foi digno de nota o crescimento da margem na divisão de Consumo, especialmente na Europa devido a maiores volumes e à reprecificação de ativos e no Brasil, favorecida por maiores volumes e juros mais baixos”, disse o Santander.
No informe de resultados, o banco afirma que a economia brasileira continua a surpreender pelo dinamismo, com um crescimento na casa dos 3% e desemprego abaixo de 7%. Por outro lado, o informe do Grupo destaca que a inflação acelerou em setembro, e que as expectativas para o índice no médio prazo continuam acima do centro da meta, que é de 3%.
O Santander Brasil é a maior operação do Grupo no mundo. Registrou a maior receita nos nove primeiros meses deste ano, e fechou o terceiro trimestre com 55.915 funcionários. Embora o número represente uma redução de 1.807 postos em um ano, é maior que todo o contingente de funcionários do banco na América do Norte, por exemplo.
A operação brasileira também ocupa, tradicionalmente, o posto de maior geradora de resultados do conglomerado. Nos últimos dois anos, porém, perdeu essa posição devido ao aumento da inadimplência e também dos juros. Ao contrário do que ocorre na Espanha, o balanço do Santander Brasil tem correlação negativa com os juros, ou seja, a margem do banco com mercado tende a diminuir quando os juros básicos do País sobem.