Economia
Menor dinamismo

Produção industrial subiu 0,10% em setembro

No acumulado do ano, a indústria teve queda de 0,20%. No acumulado em 12 meses, houve estabilidade, ante recuo de 0,10% até agosto.

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01 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Produção industrial subiu 0,10% em setembro
No acumulado em 12 meses, houve estabilidade, ante recuo de 0,10% até agosto. O índice de Média Móvel Trimestral da indústria registrou baixa de 0,001% em setembro

A produção industrial subiu 0,10% em setembro ante agosto, na série com ajuste sazonal, informou na quarta-feira, dia 1º, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação a setembro de 2022, a produção subiu 0,60%.

No acumulado do ano, a indústria teve queda de 0,20%. No acumulado em 12 meses, houve estabilidade, ante recuo de 0,10% até agosto. O índice de Média Móvel Trimestral da indústria registrou baixa de 0,001% em setembro.

O Instituto IBGE revisou o resultado da produção industrial em agosto ante julho, de alta de 0,4% para avanço de 0,2%. A taxa de julho ante junho saiu de -0,6% para -0,3%.

Em bens de capital, a taxa de agosto ante julho saiu de 4,3% para 4,5%, e o resultado de julho ante junho passou de -7,7% para -7,3%.

A taxa de bens intermediários em agosto ante julho saiu de -0,3% para -0,5%. Na categoria de bens de consumo duráveis, a taxa de agosto ante julho passou de 8,0% para 7,9%.

A taxa de bens de consumo semi e não duráveis em agosto ante julho passou de 1,0% para 1,7%, e a de julho ante junho saiu de 1,7% para 1,6%.

Em meio ao cenário de juros elevados, a produção industrial brasileira permanece estagnada em torno do patamar que encerrou o ano passado. Em setembro de 2023, a produção estava apenas 0,3% acima do nível de dezembro de 2022, indicando um “comportamento de estabilidade” neste ano, frisou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

Macedo alerta que o segundo mês seguido da produção no campo positivo “deve ser relativizado”. “Por mais que o setor industrial avance pelo segundo mês seguido, ele praticamente não altera o patamar que encerrou o ano passado”, disse o pesquisador. “Dá ideia ainda de um setor industrial com menor dinamismo, estabilizado em determinado patamar.”

Em setembro, 20 das 25 atividades investigadas mostraram retração. “Tem predomínio muito claro de taxas negativas quando observa-se categorias econômicas e atividades investigadas”, apontou. A indústria operava em setembro em nível semelhante ao de fevereiro de 2009.

“A taxa de juros em patamar elevado é algo a ser considerado para que o setor industrial, passados nove meses de 2023, praticamente não altere o patamar em que tinha encerrado o ano passado”, apontou Macedo.

O pesquisador diz que a política monetária mais restritiva tem influência sobre as empresas, nas decisões de investimentos, mas também impacta as famílias, em suas decisões de consumo. O efeito da trajetória descendente da taxa básica de juros, com início do ciclo de cortes na Selic em agosto, ainda não foi sentido pelo setor, porque “se dá de forma mais defasada” na indústria, apontou Macedo.

A taxa de juros elevada explica a falta de dinamismo da indústria em 2023, mas o setor também enfrenta fatores estruturais, como o Custo Brasil e a alta carga tributária, acrescentou Macedo. “Claro que o problema do setor industrial não deriva somente de juros”, ponderou.

Em setembro, a indústria brasileira operava 18,1% aquém do pico alcançado em maio de 2011.
Na categoria de bens de capital, a produção está 36,7% abaixo do pico registrado em abril de 2013, enquanto os bens de consumo duráveis operam 39,8% abaixo do ápice de março de 2011.
Os bens intermediários estão 16,4% aquém do auge de maio de 2011, e os bens semiduráveis e não duráveis operam em nível 13,0% inferior ao pico de junho de 2013.

A produção da indústria de transformação recuou 0,3% em setembro ante agosto.
O avanço sucede uma alta de 1,1% em agosto ante julho. No entanto, a produção da indústria de transformação vinha de quatro meses de quedas, com perda acumulada de 1,4% entre abril e julho de 2023.

“A leitura da indústria de transformação é claramente negativa”, resumiu André Macedo. “O setor industrial avança neste mês (setembro ante julho) muito em função do setor extrativo”, completou.
A indústria de transformação responde por uma fatia em torno de 85% da Pesquisa Industrial Mensal, sendo os demais 15% referentes às indústrias extrativas.