Economia

Presidente da Febraban defende estímulo ao investimento privado

Sidney disse que os pisos estabelecidos no arcabouço para o investimento em algumas áreas, com a possibilidade de uso do excesso de arrecadação, são positivos, mas é preciso estimular também o investimento privado.

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12 de junho de 2023
Presidente da Febraban defende estímulo ao investimento privado
Foto: Divulgação

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, disse na segunda-feira, 12, que é preciso ampliar os investimentos da economia brasileira, contando com a participação do setor privado. Ele elogiou os pisos de investimento determinados pela proposta do novo arcabouço fiscal, mas disse que é preciso avançar.

“Assegurada a estabilidade macro, nosso desafio para crescer no longo prazo depende, ainda, de ampliarmos de forma substancial o nível de investimentos da nossa economia, tanto os públicos como os privados”, disse ele, durante reunião do reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS) realizada na segunda na sede da Febraban, com a participação da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.

“Estamos investindo apenas cerca de 18% do PIB, o que é muito pouco para crescermos de forma sustentada”, afirmou Sidney. Segundo ele, os pisos estabelecidos no arcabouço para o investimento em algumas áreas, com a possibilidade de uso do excesso de arrecadação, são positivos, mas é preciso estimular também o investimento privado. “Temos de abrir espaço para as PPPs. Precisar tanto dos recursos como da expertise do setor privado para ampliar nossos investimentos em infraestrutura. Assim, precisamos atrair e ampliar mais os investimentos privados”, disse.

O presidente da Febraban também voltou a defender a redução do custo do crédito, segundo ele, majoritariamente associado a pontos como a tributação sobre a intermediação financeira e à inadimplência. “Precisamos urgentemente reduzir o custo Brasil no crédito. Bancos não precisam de juros altos para lucrar”, afirmou ele, que disse ainda que quatro quintos do spread bancário (diferença entre custo de captação e juros dos empréstimos) vêm dos custos.

Sidney afirmou que é preciso também estimular o mercado de capitais. “A divisão é simples: podemos deixar para o capital privado as operações em que ele tenha apetite para assumir os riscos”, disse. “E complementar com o BNDES, ou com a experiência dos fundos garantidores, para setores/empresas/atividades, onde o risco ex-ante seja muito elevado nesses casos, e aí será muito bem-vinda a atuação do BNDES.”

Embora, no mercado, já seja dado como certo que o Conselho Monetário Nacional (CMN) deverá manter a atual meta de inflação nos 3%, mas mudando a sua vigência de ano calendário para meta contínua, os membros do governo que votam no Conselho resolveram se fechar em copas quando o assunto vai para questionamentos sobre a meta. “Esse assunto é um não assunto até a reunião do CMN”, disse, aos risos, Tebet, ao sair de evento do qual participou na sede da Febraban, em São Paulo.

O CMN, que conta com os votos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, da ministra Tebet e do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, deve se reunir no próximo dia 29 para deliberar sobre a meta de inflação para 2024.

O ministro Fernando Haddad já tem manifestado publicamente a sua predileção pela meta contínua, como já o é em vários países do mundo, como nos Estados Unidos, por exemplo. Por conta deste posicionamento de Haddad, o mercado já dá como favas contadas a manutenção da meta numérica e a mudança sua sistemática, de ano calendário para a contínua.

Campos Neto já disse em vários eventos públicos que acredita numa solução sem grandes problemas para esta questão da meta, o que sugere no mercado que seu voto deverá seguir o de Haddad.