Economia
Moderação

OCDE eleva previsão para crescimento do PIB do Brasil

A organização informou que elevou a projeção de crescimento do PIB brasileiro de 1,0% para 1,7% em 2023, enquanto a previsão para o próximo ano passou de 1,1% para 1,2%.

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07 de junho de 2023
OCDE eleva previsão para crescimento do PIB do Brasil
Foto: Divulgação

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) elevou as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2023 e 2024, seguindo impulso forte da produção agrícola no primeiro trimestre deste ano. No entanto, a tendência é de moderação no ritmo de expansão do PIB, à medida que taxas de juros restritivas e fraco crescimento do crédito limitam a demanda doméstica.

A análise faz parte do relatório interino de perspectivas econômicas da OCDE, divulgado na quarta-feira, 7. Nele, a organização informou que elevou a projeção de crescimento do PIB brasileiro de 1,0% para 1,7% em 2023, enquanto a previsão para o próximo ano passou de 1,1% para 1,2%.

Os números ainda representam uma desaceleração em comparação a 2022, quando a atividade econômica do país cresceu 3,0%, segundo o relatório. A OCDE analisa que este movimento ocorre devido ao consumo privado e às exportações mais fracas neste ano.

No caso do consumo doméstico, a atividade deve ser limitada pelo baixo crescimento de empregos, inflação alta e condições de crédito restritivo. Já as exportações serão afetadas por preços menores das commodities e demanda global reduzida, enquanto o investimento privado deve crescer em ritmo mais lento, avalia a OCDE.

A organização projeta que a inflação deve permanecer acima da meta definida pelo Banco Central do Brasil, o intervalo de 1,75% a 3,75%, em 2023, levando os dirigentes a manter a taxa Selic em 13,75% até pelo menos o terceiro trimestre deste ano. Porém, essas condições devem reduzir de forma sustentada o núcleo da inflação, permitindo cortes nas taxas brasileiras ainda em 2023, conforme o relatório.

Em relação a pares globais, a OCDE destaca que a recuperação da atividade econômica no Brasil acompanhou a de outras economias, como China, Índia e Japão. Sobre o fluxo de investimento privado, a organização nota que o investimento estrangeiro direto permaneceu amplo o suficiente para cobrir déficits em contas correntes do Brasil e de diversos outros países latinos, apesar de demonstrar queda de 35% nas economias emergentes do G20 em 2022.

O relatório pontuou que reformas políticas, como a adoção do arcabouço fiscal e da reforma tributária, poderiam ter efeitos positivos e mais fortes do que o esperado sobre a atividade econômica no Brasil. Além disso, a OCDE defende que incentivos para o setor de agricultura e combate ao desmatamento ilegal ajudariam a tornar este crescimento mais sustentável.

A organização detalha que implementar com sucesso as novas regras fiscais poderia “aumentar a confiança nas finanças públicas e sustentar investimento mais forte”, ao estabelecer uma estrutura “crível” no médio prazo. Já a aprovação e adoção da reforma tributária ainda neste ano teria potencial de impulsionar a produtividade no país.

“Uma melhor gestão do investimento em infraestruturas públicas, a simplificação dos impostos indiretos e transferências sociais mais eficazes podem impulsionar o crescimento e a inclusão social, ao mesmo tempo que melhoram as finanças públicas”, conclui a OCDE. A OCDE elevou ligeiramente também sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2023 (de 2,6% para 2,7%), porém manteve a previsão de avanço de 2,9% em 2024. Em relatório sobre perspectivas econômicas, a organização alega que a recuperação global deve ser fraca em comparação a padrões vistos no passado, apesar do declínio na inflação, arrefecimento de gargalos na oferta e reabertura da China.

No documento, a OCDE aponta que autoridades devem “agir de maneira decisiva na macroeconomia” para fortalecer o crescimento econômico sustentável. Este será um desafio no cenário de inflação ainda persistente, níveis de endividamento público elevados e produção em potencial baixa.

O relatório projeta que a taxa anual da inflação ao consumidor nas economias do G20 deve reduzir de 7,8% em 2022 para 6,1% neste ano, baixando a 4,7% em 2024 – quando os efeitos do aperto monetário de bancos centrais devem ser sentidos de maneira “completa”. Na maior parte das economias avançadas, o núcleo da inflação deve continuar persistente e retornar gradualmente à meta dos BCs apenas no final de 2024.

Além da inflação, outros riscos continuam provocando incertezas sobre as perspectivas econômicas e criando pressão de baixa nas projeções da OCDE, alerta o relatório. Entre eles, a organização destaca: o aperto monetário de BCs para combater a alta inflação; possibilidade de novos estresses no setor financeiro; incertezas sobre o rumo da guerra na Ucrânia; e expansão nas tensões geopolíticas, que têm bloqueado fluxos de comércio globais.

Uma solução seria a cooperação internacional entre diversos países, pondera a OCDE. “Em um mundo interconectado, os países precisam encontrar maneiras de garantir que atritos em algumas áreas não impeçam o progresso em questões de interesse comum, incluindo mitigação da mudança climática, mercados abertos, segurança econômica e resposta a pandemias”, avalia.

No relatório, a OCDE ampliou levemente a previsão para a expansão do PIB dos EUA em 2023, de 1,5% a 1,6%, e em 2024, de 0,9% a 1,0%. Para a zona do euro, houve aumento nas estimativas deste ano (de 0,8% a 0,9%) e reafirmação da projeção de alta de 1,5% no próximo ano. Já as previsões para a China subiram em 2023 (de 5,3% a 5,6%) e em 2024 (de 4,9% a 5,1%).