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Negociações de cessar-fogo devem atrasar após discurso de Netanyahu nos EUA

Um oficial israelense disse que a equipe de negociação de Israel foi atrasada e provavelmente será enviada na próxima semana.

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26 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Negociações de cessar-fogo devem atrasar após discurso de Netanyahu nos EUA
Netanyahu sinalizou que um acordo de cessar-fogo poderia estar se formando após nove meses de guerra,

Autoridades do Egito, Israel, Estados Unidos e Catar deveriam se reunir nesta quinta-feira (25), em Doha, com o objetivo de retomar as negociações para uma proposta de cessar-fogo em três fases para acabar com a guerra entre Israel e Hamas e libertar os reféns restantes. No entanto, um oficial israelense disse que a equipe de negociação de Israel foi atrasada e provavelmente será enviada na próxima semana.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, discursou no Congresso em Washington na quarta-feira, 24, enquanto milhares de manifestantes se reuniam perto do Capitólio dos EUA para denunciar a guerra.

Netanyahu sinalizou que um acordo de cessar-fogo poderia estar se formando após nove meses de guerra, mas, durante seu discurso ao Congresso, ele prometeu continuar com a guerra de Israel até alcançar a “vitória total”. Ele ainda criticou os protestos contra a guerra Israel-Hamas na Faixa de Gaza.
O Hamas criticou o discurso nesta quinta-feira e acusou Netanyahu de obstruir os esforços para acabar com a guerra e devolver os reféns.

O grupo disse que foi um discurso para melhorar a imagem do primeiro-ministro israelense, após o Tribunal Penal Internacional solicitar a emissão de mandados de prisão contra ele por crimes de guerra. O Tribunal também solicitou mandados para seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, e os oficiais do Hamas Mohammed Deif, Yehya Sinwar e Ismail Haniyeh.

“Ele (Netanyahu) é quem frustrou todos os esforços para acabar com a guerra e concluir um acordo para libertar os prisioneiros, apesar dos contínuos esforços dos mediadores do Egito e do Catar, e da flexibilidade e positividade mostradas pelo movimento”, disse o grupo terrorista em um comunicado por escrito, alegando que o primeiro-ministro israelense falar sobre intensificar os esforços para libertar os reféns é uma “mentira completa” para enganar a opinião pública.

Eles também rejeitaram a visão de Netanyahu para o futuro de Gaza – que consistiria em uma administração civil desmilitarizada no enclave – e acusaram Netanyahu de ser desonesto sobre a entrega de ajuda à Faixa de Gaza e de minimizar o número de palestinos mortos na guerra em andamento.

Palestinos deslocados pela última ordem militar israelense para deixarem partes da cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, dizem que estão dormindo nas ruas. O Ministério da Saúde em Gaza diz que mais de 39.100 palestinos foram mortos na guerra.

Encontro com Harris

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, discursou no Congresso americano na quarta-feira, 24, onde defendeu suas políticas em relação à guerra na Faixa de Gaza, atacou o Irã e pediu mais apoio militar de Washington. Nesta quinta-feira, 25, estava previsto que ele se reuniria com a vice-presidente Kamala Harris na Casa Branca para também tratar sobre o conflito. Até o fechamento desta edição não havia atualizações sobre este encontro.

No encontro com Netanyahu, a vice-presidente deve reiterar o apoio americano à guerra de Israel em Gaza, e também apresentar suas preocupações sobre o número de mortes, que superou 38 mil de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, e defender um acordo de cessar-fogo. Em um discurso sobre os direitos civis em Selma, no Alabama, a vice-presidente pediu um “cessar-fogo imediato” e criticou Israel por criar uma “catástrofe humanitária”. Em outra ocasião, Kamala elogiou os estudantes americanos que fizeram protestos nas universidades do país. “Eles estão mostrando exatamente como a emoção humana deve ser em resposta a Gaza”, afirmou.

Assessores de Kamala Harris ressaltam que ela segue comprometida com seu apoio a Israel. Ela condenou os ataques de 7 de outubro de 2023 feitos pelo Hamas e, no mês de junho deste ano, participou de um fórum sobre violência sexual contra vítimas israelenses durante o conflito.

Antes de ter o conflito, Harris adotava uma postura acrítica em relação a Israel e, quando era senadora em 2017, chegou a discursar na convenção nacional de Aipac, algo que considerou ter sido “uma honra”.