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Política ortodoxa

Milei diz que “cedo ou tarde” fechará Banco Central

Os comentários foram realizados em entrevista à rádio La Red AM, quando questionado se ainda implementará a dolarização na Argentina.

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11 de janeiro de 2024
Vinicius Palermo
Milei diz que “cedo ou tarde” fechará Banco Central

O presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou na quinta-feira, 11, que “cedo ou tarde” fechará o Banco Central do país, conhecido como BCRA. Os comentários foram realizados em entrevista à rádio La Red AM, quando questionado se ainda implementará a dolarização na Argentina.

O presidente ainda demonstrou otimismo sobre os números da inflação em dezembro, prevendo que o aumento de preços deve ser em torno de 25%, de expectativas prévias de 45% entre analistas do mercado. Para ele, se confirmado, o número representará uma vitória para o governo e demonstrará a efetividade das políticas econômicas ortodoxas implementadas até o momento.

“Estamos trabalhando para transformar a Argentina em uma potência mundial nos próximos 35 anos, com a primeira parte desta melhora visível nos primeiros 15 anos”, afirmou Milei.

Sobre o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Milei classificou a “negociação como a mais rápida da história”. Ele ainda comentou sobre a viagem para o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) em Davos, Suíça, na semana que vem. O presidente argentino revelou que recebeu mais de 60 convites para reuniões bilaterais no evento. Milei também afirmou que a relação comercial com o Brasil segue “madura” e sem qualquer modificação.

Na quarta-feira à noite, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou que o corpo técnico e as autoridades da Argentina chegaram a um acordo que, caso aprovado pelo Conselho Executivo do Fundo, daria acesso a cerca de US$ 4,7 bilhões ao país. Segundo comunicado oficial divulgado pelo FMI, foram alcançados entendimentos para restaurar a estabilidade macroeconômica da Argentina.

O fundo também destaca que o presidente do país e sua equipe econômica agiram “rápida e decisivamente” para implementar um “forte pacote de políticas para restaurar a estabilidade macroeconômica e estão totalmente determinados a colocar o atual programa de volta no caminho certo”.

O FMI ainda aponta que, apesar de o caminho para estabilidade ser um desafio, que deverá levar as condições a piorarem antes de melhorarem, as ações iniciais foram bem-sucedidas.

“À medida que as políticas são implementadas e a credibilidade é reconstruída, deverá ocorrer um processo gradual de desinflação, acompanhado por um maior fortalecimento da posição externa e por uma eventual recuperação da produção, da procura e dos salários reais”, aponta o documento.

A diretora de Comunicações do Fundo Monetário Internacional (FMI), Julie Kozack, afirmou que o novo acordo com a Argentina, que ainda depende de aprovação, deve colocar o programa de ajuda ao país de volta ao caminho certo. Questões políticas no país no ano passado acabaram impactando os principais objetivos da iniciativa, conforme ela.

“E colocar o programa atual de volta no caminho certo, uma vez que os principais objetivos do programa foram impactados devido a graves reveses políticos nos últimos trimestres de 2023”, explicou a diretora de Comunicações do FMI, em coletiva de imprensa, na quinta-feira.

Kozack disse ainda que a nova administração da Argentina, sob o comando de Javier Milei, já está implementando um “ambicioso plano de estabilização”. “É também muito importante notar que o pacote acordado inclui um aumento da assistência social para proteger os mais vulneráveis na economia argentina”, acrescentou.

Questionada sobre leis que estão sendo consideradas, a diretora de Comunicações do FMI afirmou que pacote legislativo muito amplo que está sendo considerado. Ela disse que o Fundo espera que as autoridades continuem a construir apoio político para avançar aspectos chave do projeto de lei no que diz respeito às projeções sobre o crescimento e a inflação da Argentina.

No âmbito da política monetária, reconheceu que a gestão atual evolui para apoiar a demanda por moeda e também a desinflação. “A Argentina está a avançar para um regime cambial mais baseado no mercado, abandonando os controles administrativos de importação”, acrescentou Kozack.