Economia
Queda dos combustíveis

Mercado reduz projeção do IPCA para 5,80% em 2023

Um mês antes, a mediana era de 6,04%. Para 2024, a projeção mostrou redução pela terceira semana seguida, de 4,15% para 4,13%.

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22 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Mercado reduz projeção do IPCA para 5,80% em 2023
Considerando somente as 118 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana do IPCA para 2023 cedeu de 6,00% para 5,75%.

Sob o efeito da redução de combustíveis e do alívio em preços de commodities, a projeção para a inflação de 2023 tombou no Boletim Focus desta semana, enquanto a estimativa para 2024, foco da política monetária, continuou sua trajetória de leve queda.

A expectativa para o IPCA – índice de inflação oficial – deste ano na Focus cedeu de 6,03% para 5,80%. Um mês antes, a mediana era de 6,04%. Para 2024, a projeção mostrou redução pela terceira semana seguida, de 4,15% para 4,13%, contra 4,18% de quatro semanas atrás.

Considerando somente as 118 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 cedeu de 6,00% para 5,75%. Para 2024, por sua vez, a projeção subiu de 4,12% para 4,14%, considerando 114 atualizações no período.

Apesar da queda forte nesta semana, a mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está cerca de 1 ponto porcentual acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana supera o centro da meta (3,00%), mas está dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%.

A mediana para o IPCA de 2025 seguiu em 4,00%, repetindo a taxa de quatro semanas atrás. A estimativa para o IPCA de 2026 também continuou em 4,00%, mesmo porcentual de um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.

Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, o BC manteve suas projeções para a inflação no cenário de referência com estimativas de 5,8% em 2023 e 3,6% para 2024. Em um cenário alternativo, em que a Selic fica estável por todo o horizonte relevante, as projeções da autoridade são de 5,7% para 2023 e 2,9% para 2024.

Após a Petrobras reduzir os preços de combustíveis na semana passada, os economistas do mercado financeiro baixaram a projeção para a alta do IPCA no curto prazo no Boletim Focus. A mediana para maio passou de 0,45% para 0,43%, de 0,41% há um mês.

Para o IPCA de junho, a estimativa cedeu de 0,50% para 0,34%, contra a mediana de 0,52% um mês antes. Para julho, a previsão para o indicador variou de 0,37% para 0,36%, de 0,37% há quatro semanas.
Já a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses cedeu de 4,99% para 4,77%, de 5,26% há um mês.

 O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou na segunda-feira, 22, as expectativas de inflação do Boletim Focus. Para 2023, a mediana tombou de 6,03% para 5,80%, de acordo com ele, “muito em função de preços de combustíveis”.

Na semana passada, a Petrobras anunciou nova política de preços de combustíveis e queda nos valores cobrados por gasolina, diesel e gás de cozinha.

O presidente do BC ainda avaliou que as expectativas de inflação longa “colaram” em 4% e estão persistentes. Segundo ele, a permanência dessas expectativas de 2025 e 2026 em 4%, longe do centro da meta de 3%, deve-se principalmente à incerteza sobre a meta de inflação, com “debate do governo”.

Mas há efeitos relacionados ao fiscal, que, segundo ele, está sendo endereçado e ruídos entre governo e BC que leva à incerteza sobre o cumprimento dos objetivos pela autoridade monetária. “O tema da meta é predominante hoje. Mas já elementos para ver expectativas de inflação caindo”, avaliou.

Segundo Campos Neto, a inflação brasileira atualmente se situa abaixo da média mundial. “Não que a inflação brasileira esteja dentro da meta, mas inflação global subiu muito”, disse, completando que os núcleos de inflação, em 7,5% em termos anualizados, ainda estão muito acima da meta.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na segunda-feira, 22, que a redução na previsão da inflação para 2023 está em linha com as projeções da pasta.

“Está em linha com as projeções da SPE (Secretaria de Políticas Econômicas)”, comentou ao chegar ao ministério no período da manhã.

Pelo boletim, a expectativa da inflação medida pelo IPCA para este ano caiu de 6,03% para 5,80%, na esteira da redução de preços de combustíveis e commodities. Apesar da redução, o resultado ainda é maior que o do teto da meta deste ano (de 4,75%).