Economia
Manutenção do PIB

Mercado reduz expectativa de inflação para 4,49%

Um mês antes, a mediana era de 4,55%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção se manteve em 3,93%. Há um mês, era de 3,91%.

Compartilhe:
18 de dezembro de 2023
Vinicius Palermo
Mercado reduz expectativa de inflação para 4,49%
Guilherme Mello, Secretário de Política Econômica do SPE. Foto: José Cruz/Agência Brasil

A expectativa para a inflação deste ano recuou mais uma vez no Boletim Focus divulgado na segunda-feira, 18. A projeção para 2023 passou de 4,51% para 4,49%. Um mês antes, a mediana era de 4,55%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção se manteve em 3,93%. Há um mês, era de 3,91%.

Considerando as 59 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 passou de 4,51% para 4,48%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta passou de 3,92% para 3,93%, considerando 58 atualizações no período.

Para 2025, que também está no foco das decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50% pela 21ª semana consecutiva – o que evidencia a reancoragem apenas parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2026, a estimativa também seguiu em 3,50%, pela 24ª semana seguida.

As estimativas do Boletim Focus continuam acima do centro das metas para a inflação. Para 2023, a mediana está abaixo do teto da meta (4,75%), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo e também superam o alvo central de 3,0%.

O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou na semana passada projeção de 3,5% para o IPCA de 2024, abaixo dos 3,6% da reunião anterior, de novembro. Para 2025, seguiu em 3,2% no modelo. Para 2023, a projeção foi atualizada de 4,7% para 4,6%. O colegiado reduziu a Selic pela quarta vez consecutiva em 0,50 pp, para 11,75% ao ano.

Os economistas do mercado financeiro alteraram no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses de 3,91% para 3,90%, de 3,93% há um mês.

No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário.

No dia 20 de outubro, Haddad confirmou que não há previsão para publicar o decreto que regulamenta a meta de inflação contínua. “Até aqui, não (há previsão de publicar o decreto). Consultas estão sendo feitas pela Secretaria de Política Econômica da Fazenda. Mas nós temos tempo, e provavelmente até o final do ano nós vamos ter notícias”, disse o ministro, em São Paulo.

O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, já disse que a SPE já terminou a pesquisa sobre as experiências internacionais, mas que ainda não houve apresentação para o restante da equipe econômica nem para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável por editar o decreto.

Na avaliação do diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, uma maior autonomia requer maior prestação de contas, mas que a autoridade monetária não antecipa nenhuma mudança na política monetária em função da introdução da meta contínua.

Os economistas revisaram as expectativas de inflação de curto prazo no Boletim Focus desta segunda. A mediana para dezembro passou de 0,45% para 0,43%. Há um mês, a expectativa era de 0,48%. Para o IPCA de janeiro de 2024, a estimativa passou de 0,40% para 0,39%, de 0,42% um mês antes. Já para fevereiro, a previsão para o indicador passou de 0,58% para 0,59%, ante 0,57% de quatro semanas atrás.

O Boletim Focus manteve ainda a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A mediana para a alta da atividade em 2023 seguiu em 2,92%, contra 2,85% há um mês. Considerando apenas as 36 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 2,94% para 2,97%.

Para 2024, o Relatório Focus também trouxe manutenção na estimativa de crescimento do PIB de 1,51%, ante 1,50% de um mês atrás. Considerando as 35 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 passou de 1,52% para 1,60%.

Em relação a 2025, a mediana também seguiu em 2,00%, ante 1,93% de quatro semanas antes. O boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que se manteve em 2,00%, mesmo nível de um mês atrás.

O Ministério da Fazenda revisou em novembro sua projeção para o crescimento do PIB deste ano de 3,2% para 3,0%. Já no Banco Central, a estimativa atual é de 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

O Boletim Focus trouxe estabilidade na projeção para o endividamento público, mas nova piora na previsão de rombo primário neste ano. A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2023 seguiu em 61,00%, ante 60,83% de um mês atrás.

Para o déficit primário em relação ao PIB neste ano, a mediana passou de 1,20% para 1,30%, contra 1,10% de um mês antes. O Ministério da Fazenda buscava entregar um resultado deficitário de 1,0% do PIB em 2023, mas o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, admitiu em novembro que o déficit primário “provável” deste ano deve ficar em torno de 1,32% do PIB, acima da linha. Segundo ele, pela metodologia do Banco Central, abaixo da linha, o déficit deve ficar entre 1,6% e 1,7% do PIB.

A estimativa do Focus para o déficit nominal este ano também piorou, de 7,80% para 7,90% do PIB, ante 7,60% de um mês atrás. O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Para o próximo ano, a estimativa para a dívida líquida passou de 64,10% para 64,20% do PIB, ante 63,88% de quatro semanas antes. Já o déficit primário esperado para 2024 passou de 0,76% para 0,80% do PIB. O déficit nominal projetado na Focus se manteve em 6,80% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,80% e 6,81%, respectivamente.

No fim de agosto, o governo apresentou o projeto de lei orçamentária de 2024 ao Congresso. A peça prevê superávit de R$ 2,8 bilhões em 2024 (0% do PIB), mas depende da arrecadação de R$ 168,5 bilhões em medidas extras, entregues ao Parlamento junto com o Orçamento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou que o governo “dificilmente chegará à meta zero”, até porque o chefe do Executivo “não quer fazer cortes em investimentos e obras”.