Economia
Dívida recua

Mercado reduz a previsão da inflação para 5,06% este ano

Considerando somente as 153 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 5,07% para 4,98%.

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26 de junho de 2023
Vinicius Palermo
Mercado reduz a previsão da inflação para 5,06% este ano
Para 2024, foco da política monetária, a projeção Focus cedeu de forma modesta, de 4,00% para 3,98%. Há um mês, era de 4,13%.

Com a expectativa para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) desta semana e a definição de metas de inflação para 2026, as estimativas para o IPCA – índice oficial de inflação – voltaram a cair no Boletim Focus divulgado na segunda-feira, 26.

A expectativa para o IPCA deste ano na Focus passou de 5,12% para 5,06%. Um mês antes, a mediana era de 5,71%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção cedeu de forma modesta, de 4,00% para 3,98%. Há um mês, era de 4,13%.

Considerando somente as 153 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 5,07% para 4,98% Para 2024, por sua vez, a projeção de alta caiu de 3,96% para 3,94%, considerando 152 atualizações no período.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central disse que a manutenção da Selic em 13,75% era adequada para assegurar a convergência da inflação. A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 ainda está acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana supera o centro da meta (3,00%), mas está dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%.

Nos horizontes mais longos, a mediana para o IPCA de 2025 se manteve em 3,80%. Houve queda na estimativa para 2026, de 3,80% para 3,72%. Há um mês, as projeções eram de 4,00% para 2025 e 2026. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026, o que deve ocorrer nesta semana.

Na avaliação do BC, a desancoragem observada nos prazos mais longos nos últimos meses está ligada ao debate sobre mudança da meta de inflação, levantado pelo governo. Há também questões ligadas ao risco fiscal, que tem diminuído com o andamento do novo arcabouço fiscal, reconhecem BC e mercado.

Os economistas do mercado financeiro continuaram a projetar deflação no índice de inflação oficial (IPCA) de junho no Boletim Focus. A mediana passou de recuo de 0,04% para queda de 0,09%. Há um mês, a expectativa era de aumento de 0,31%.

Para o IPCA de julho, a estimativa se manteve em 0,30%, contra a mediana de 0,35% um mês antes. Para agosto, a previsão para o indicador se manteve em 0,22%, de 0,23% há quatro semanas. Já a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses caiu de 4,18% para 4,16%, de 4,69% há um mês.

O cenário esperado para o câmbio brasileiro em 2023 e 2024 se manteve estável no Relatório de Mercado Focus. A estimativa para o câmbio este ano segue em R$ 5,00, de R$ 5,11 há um mês. Para 2024, a mediana continua em R$ 5,10, contra R$ 5,17 quatro semanas antes.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

O Boletim Focus mostrou ainda leve alta na projeção de crescimento econômico para este ano, ainda na esteira do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre (1,9%).

A mediana do PIB em 2023 subiu de 2,14% para 2,18%, contra 1,26% há um mês. Considerando apenas as 113 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 se manteve em 2,19%.

Para 2024, o Relatório Focus mostrou viés de alta da estimativa de crescimento do PIB, de 1,20% para 1,22%, contra 1,30% de um mês atrás. Considerando apenas as 106 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 cedeu de 1,19% para 1,17%.

Em relação a 2025, a mediana passou de 1,80% para 1,83% ante 1,70% quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa para 2026, que caiu de 1,99% para 1,92%, contra 1,80% há um mês.

O Boletim Focus mostrou cenário marginalmente estável para as contas públicas este ano na edição publicada nesta segunda. A projeção para o déficit primário em relação ao Produto Interno Bruto em 2023 se manteve em 1,01%. O governo persegue um déficit de 1% do PIB.

Quatro semanas antes, a expectativa era de déficit de 1,10%. No fim de maio, o governo alterou a expectativa deficitária para este ano de R$ 107,6 bilhões para R$ 136,2 bilhões, ou 1,3% do PIB. Para o déficit nominal em 2023, a mediana também mudou, de 7,77% para 7,74% do PIB, contra 7,85% há um mês.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros. Já a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2023, por sua vez, caiu de 60,60% para 60,47%, contra 61,00% há um mês.

Para 2024, a estimativa para a dívida líquida caiu de 64,20% para 63,90%. Há quatro semanas, a expectativa era de 64,50% do PIB. Já o déficit primário esperado para 2024 se manteve em 0,80% do PIB, ainda fora da meta prevista pelo governo de resultado neutro (0% do PIB), ante resultado negativo de 0,70% há um mês. O déficit nominal projetado na Focus permaneceu em 7,00% do PIB, mesma projeção de quatro semanas atrás.

Os economistas do mercado financeiro alteraram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus desta semana. A projeção deficitária passou de US$ 45,29 bilhões para US$ 43,90 bilhões ante US$ 47,06 bilhões de um mês atrás.

Para o próximo ano, a estimativa de déficit variou de US$ 51,02 bilhões para US$ 51,01 bilhões, de US$ 52,40 bilhões há quatro semanas.

Em relação ao superávit da balança comercial em 2023, a projeção avançou de US$ 61,15 bilhões para US$ 62,00 bilhões, contra US$ 60,00 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana superavitária caiu de US$ 57,80 bilhões para US$ 55,61 bilhões, de US$ 55,00 bilhões há quatro semanas.

Os analistas consultados semanalmente pelo BC avaliam que o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano.
A mediana das previsões para o IDP em 2023 cedeu de US$ 79,00 bilhões para US$ 78,80 bilhões. Para 2024, a estimativa foi mantida em US$ 80,00 bilhões pela 21ª vez.

Uma semana após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a expectativa para a taxa básica de juros no fim de deste ano se manteve no Boletim Focus divulgado na segunda-feira, em meio à melhora do cenário inflacionário.

A mediana para os juros básicos no fim de 2023 se manteve em 12,25%. Para o término de 2024, a expectativa também se manteve em 9,50%. Há um mês, as estimativas eram de 12,50% e 10,00%, nessa ordem.