Economia
Volatilidade

Mercado eleva projeção de inflação para 6,01%

Para 2024, a projeção do mercado também avançou, de 4,14% para 4,18%, na última semana, contra 4,11% de quatro semanas atrás.

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18 de abril de 2023
Vinicius Palermo
Mercado eleva projeção de inflação para 6,01%
A mediana do mercado para o IPCA de 2025 seguiu em 4,00%, de 3,90% há um mês.

Apesar do bom resultado do IPCA (índice de inflação oficial) de março, as projeções do mercado para o indicador em 2023 e 2024 aumentaram no Boletim Focus divulgado na manhã de segunda-feira – o que tem preocupado o Banco Central. A estimativa para o IPCA deste ano passou de 5,98% para 6,01%. Um mês antes, a mediana era de 5,95%.

Para 2024, horizonte cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção também avançou, de 4,14% para 4,18%, na última semana, contra 4,11% de quatro semanas atrás.

Considerando somente as 63 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 continuou em 6,04%. Para 2024, saltou de 4,02% para 4,20%, considerando 60 atualizações no período.
Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e, com maior peso, de 2024.

A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana já está acima do centro da meta (3,00%) e vem se aproximando do intervalo de tolerância superior, de 4,50%.

A mediana para o IPCA de 2025 seguiu em 4,00%, de 3,90% há um mês. A estimativa para o IPCA de 2026 também continuou em 4,00%, mesmo porcentual de um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.

Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do mês passado, o BC atualizou suas projeções para a inflação no cenário de referência com estimativas de 5,8% em 2023 e 3,6% para 2024. Em um cenário alternativo, em que a Selic fica estável por todo o horizonte relevante, as projeções da autoridade são de 5,7% para 2023 e 3,0% para 2024.

O Boletim Focus mostrou leve piora no cenário de crescimento econômico deste ano. A mediana das projeções para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 0,91% para 0,90%, contra 0,88% há um mês. Considerando apenas as 37 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023, recuou de 1,00% para 0,94%.

Para 2024, o Relatório Focus mostrou mudança na perspectiva de crescimento do PIB de 1,44% para 1,40%, contra 1,47% de um mês atrás. Considerando apenas as 31 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 também foi alterada, de 1,50% para 1,38%.

Em relação a 2025, a mediana passou de 1,76% para 1,72%, de 1,70% quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa para 2026, que continuou em 1,80%, mesmo porcentual de quatro semanas antes.

O Banco Central elevou sua estimativa para o crescimento do PIB deste ano de 1,0% para 1,2% no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do mês passado.

Já na grade de parâmetros divulgada em março pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, a estimativa do governo para a expansão da atividade em 2023 passou de 2,1% para 1,61%.

Seguindo o movimento do mercado de juros futuros após o bom resultado do IPCA – índice de inflação oficial – de março, a expectativa para a taxa Selic no fim de deste ano caiu no Boletim Focus do Banco Central. No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano pela quinta reunião seguida.

A mediana para os juros básicos no fim de 2023 baixou de 12,75% para 12,50% ao ano, após oito semanas de estabilidade. Para o término de 2024, a expectativa continuou em 10,00%. Há quatro semanas, as estimativas eram de 12,75% e 10,00%, nessa ordem.

Considerando apenas as 53 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 permaneceu em 12,50%. Para o fim de 2024, seguiu em 10,00%, com 48 atualizações na última semana.

Na segunda reunião do Copom no novo governo Lula, o colegiado afirmou que a conjuntura, marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária.

Na Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 9,00%, mesma mediana de quatro semanas atrás. O boletim ainda trouxe a projeção para a Selic no fim de 2026, que se manteve em 8,75%, de 9,00% um mês antes.