Economia
Expansão maior

Mercado eleva previsão da inflação para 6,05% este ano

Um mês antes, a mediana da inflação era de 5,96%. Para 2024, a projeção continuou em 4,18%, contra 4,13% de quatro semanas atrás.

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02 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Mercado eleva previsão da inflação para 6,05% este ano
Na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, voltou a dizer que a inflação está desacelerando de forma lenta

Sob os olhares atentos do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), a projeção do mercado financeiro para o IPCA – índice de inflação oficial – em 2023 voltou a aumentar, ainda que marginalmente, no Boletim Focus, enquanto a estimativa para 2024 ficou estável pela segunda semana seguida. No Copom que começa na terça-feira (2), o foco da política monetária deve se concentrar apenas no ano de 2024.

A expectativa para o IPCA deste ano na Focus passou de 6,04% para 6,05%. Um mês antes, a mediana era de 5,96%. Para 2024, a projeção continuou em 4,18%, contra 4,13% de quatro semanas atrás. Considerando somente as 105 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 subiu de 6,07% para 6,09%. Para 2024, cedeu marginalmente, de 4,19% para 4,17%, considerando 101 atualizações no período.

A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana já está acima do centro da meta (3,00%), mas ainda dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%.

A mediana para o IPCA de 2025 seguiu em 4,00%, repetindo a taxa de quatro semanas atrás. A estimativa para o IPCA de 2026 também continuou em 4,00%, mesmo porcentual de um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.

Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de março, o BC atualizou suas projeções para a inflação no cenário de referência com estimativas de 5,8% em 2023 e 3,6% para 2024. Em um cenário alternativo, em que a Selic fica estável por todo o horizonte relevante, as projeções da autoridade são de 5,7% para 2023 e 3,0% para 2024.

Após o IPCA-15, os economistas do mercado financeiro mantiveram a projeção para a alta do índice de inflação oficial (IPCA) de abril no Boletim Focus. A mediana continuou em 0,55%, de 0,59% há um mês.

Para o IPCA de maio, a estimativa subiu de 0,41% para 0,44%, contra a mediana de 0,39% um mês antes. Para junho, a previsão para o indicador avançou de 0,52% para 0,53%, de 0,37% há quatro semanas.
Já a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses cedeu de 5,26% para 5,23%, de 5,26% há um mês.

Após a forte expansão do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em fevereiro, o Boletim Focus mostrou melhora no cenário de crescimento econômico deste ano.

A mediana para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 0,96% para 1,00%, contra 0,90% há um mês. Considerando apenas as 63 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 também avançou de 0,99% para 1,00%.

Para 2024, o Relatório Focus mostrou estabilidade na estimativa de crescimento do PIB, em 1,41%, contra 1,48% de um mês atrás. Considerando, porém, apenas as 59 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 subiu de 1,30% para 1,40%.

Em relação a 2025, a mediana voltou a subir de 1,70% para 1,80%, mesmo porcentual de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa para 2026, que continuou em 1,80%, repetindo a taxa esperada há um mês.

O Banco Central elevou sua estimativa para o crescimento do PIB deste ano de 1,0% para 1,2% no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março. Já na grade de parâmetros divulgada em março pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, a estimativa do governo para a expansão da atividade em 2023 passou de 2,1% para 1,61%.

A projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2023 caiu de 61,00% para 60,55% no Boletim Focus desta semana, de 61,15% de um mês antes.

Já a projeção para o déficit primário em 2023 continuou em 1,00% do Produto Interno Bruto, de 1,01% quatro semanas antes. Para o déficit nominal este ano, a mediana passou de 7,85% para 7,80% na última semana, mesmo porcentual de um mês atrás.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Para 2024, a projeção para a dívida líquida continuou em 64,00% do PIB, contra 64,50% de quatro semanas antes. Em relação ao déficit primário esperado para 2024, a estimativa continuou em 0,80% do PIB, distante da meta prevista pelo governo de resultado neutro (0% do PIB). Da mesma forma, o déficit nominal projetado na Focus permaneceu em 7,00% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,80% e 7,10% do PIB, nessa ordem.

Os economistas do mercado financeiro elevaram a expectativa para o superávit da balança comercial em 2023 no Boletim Focus divulgado nesta manhã. A projeção subiu de US$ 57,70 bilhões para US$ 60,00 bilhões, contra US$ 55,00 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana também avançou, de US$ 52,30 bilhões para US$ 54,60 bilhões, de US$ 52,44 bilhões há quatro semanas.

Em relação à estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023, a mediana deficitária passou de US$ 48,55 bilhões para US$ 48,00 bilhões, ante US$ 50,84 bilhões de um mês atrás. Para o próximo ano, a estimativa deficitária passou de US$ 52,50 bilhões para US$ 52,75 bilhões, de US$ 52,50 bilhões há quatro semanas.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano. A mediana das previsões para o IDP em 2023 permaneceu em US$ 80,00 bilhões, mesmo valor esperado há quatro semanas. Para 2024, a estimativa também foi mantida em US$ 80,00 bilhões, repetindo a mediana de um mês antes.

A chegada do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de maio, a expectativa para a taxa básica de juros no fim de deste ano continuou estável no Boletim Focus. Em março, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano pela quinta reunião seguida.
A mediana para os juros básicos no fim de 2023 seguiu em 12,50% ao ano. Para o término de 2024, a expectativa também continuou em 10,00% pela 11ª semana consecutiva. Há quatro semanas, as estimativas eram de 12,75% e 10,00%, nessa ordem.

Considerando apenas as 85 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 permaneceu em 12,50%. Para o fim de 2024, seguiu em 10,00%, com 85 atualizações na última semana.

Na segunda reunião do Copom no novo governo Lula, o colegiado afirmou que a conjuntura, marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária.

Na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, voltou a dizer que a inflação está desacelerando de forma lenta e que os núcleos continuam altos, com resultados, inclusive, acima do esperado no IPCA-15 de abril. Campos Neto também reforçou que a inflação brasileira tem componente de demanda e que é preciso persistir no trabalho que está sendo feito na condução da política monetária.

Na Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 9,00%, mesma mediana de quatro semanas atrás. O boletim ainda trouxe a projeção para a Selic no fim de 2026, que subiu de 8,75% para 8,88%, de 8,75% um mês antes.