Economia
Reancoragem

Mercado eleva a previsão de alta da inflação para 3,76%

Para 2025, o foco principal da política monetária, a projeção do relatório Focus passou de 3,51% para 3,53%.

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10 de abril de 2024
Vinicius Palermo
Mercado eleva a previsão de alta da inflação para 3,76%
Para 2026, a projeção continuou em 3,50% pela 40ª semana consecutiva

A expectativa para a inflação deste ano foi revisada no Relatório de Mercado Focus, divulgado na terça-feira, 9, pelo Banco Central. A projeção de 2024 passou de 3,75% para 3,76%. Um mês antes, a mediana era de 3,77%.

Para 2025, o foco principal da política monetária, a projeção passou de 3,51% para 3,53%. Considerando as 53 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2024 passou de 3,74% para 3,76%. Para 2025, a projeção passou de 3,54% para 3,60%, considerando 53 atualizações no período.

Para 2026, a projeção continuou em 3,50% pela 40ª semana consecutiva – seguindo a reancoragem apenas parcial destacada pelo BC, após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para este e os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2027, a estimativa seguiu em 3,50%, como também está há 40 semanas.

As estimativas do Relatório de Mercado Focus continuam acima do centro da meta para a inflação, de 3,00%.

O IPCA de 2023 ficou em 4,62%, abaixo do teto da meta (4,75%, para um centro de 3,25% no ano passado), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022.

O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou em março projeção de 3,5% para o IPCA de 2024, igual à das reuniões anteriores, de dezembro e janeiro. Para 2025, também seguiu em 3,2%.

O Relatório de Mercado Focus divulgado pelo BC elevou pela oitava semana consecutiva a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024. A mediana para a alta da atividade deste ano passou de 1,89% para 1,90%, ante 1,78% de um mês atrás. Considerando apenas as 33 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2024 passou de 1,89% para 2,02%.

Para 2025, o documento trouxe manutenção na estimativa de crescimento do PIB em 2,00%, como já está há 17 semanas. Considerando as 32 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2025 também seguiu em 2,00%.

Em relação a 2026, a mediana continuou em 2,00% pela 35ª semana consecutiva. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2027, que se mantém em 2,00% por 37 semanas.

A expectativa do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024 é de 2,2%. Já no Banco Central, a projeção atual é de avanço de 1,9% neste ano, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março.

O mercado manteve em 9,00% ao ano a mediana do Relatório de Mercado Focus para Selic no encerramento de 2024 pela 15ª semana consecutiva, conforme divulgação do Banco Central na terça-feira. Considerando apenas as 45 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2024 também seguiu em 9,00% ao ano.

O Copom cortou a Selic pela sexta vez consecutiva em 0,50 ponto porcentual, para 10,75% ao ano em março. O colegiado mudou a sinalização e indicou que o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual continua sendo o mais apropriado para a próxima reunião – no singular, e não no plural.

No encontro de março, o Copom repetiu que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

No Relatório de Mercado Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 8,50%, como já está há 18 semanas.

Considerando apenas as 44 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2025 passou de 8,50% ao ano para 8,75%.

Para 2026, a projeção seguiu em 8,50% pela 36ª semana consecutiva. Para 2027, a estimativa também seguiu em 8,50%, onde se mantém por 35 semanas.

O cenário esperado para o câmbio brasileiro ficou estável no Relatório de Mercado Focus divulgado nesta terça-feira pelo Banco Central. A estimativa para o câmbio no fim de 2024 permaneceu em R$ 4,95, ante R$ 4,93 de um mês antes. Para 2025, a mediana continuou em R$ 5,00 pela 13ª semana seguida.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020.

Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
O Relatório de Mercado Focus divulgado pelo Banco Central manteve a projeção de rombo fiscal de 2024. Para o déficit primário em relação ao PIB deste ano, a mediana seguiu em 0,70%, de 0,79% há um mês.

O relatório bimestral de despesas e receitas divulgado em março revisou o resultado primário para um déficit de R$ 9,3 bilhões (0,1% do PIB). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou que o governo “dificilmente chegará à meta zero”, até porque o chefe do Executivo “não quer fazer cortes em investimentos e obras”.

Já a estimativa do Focus para o déficit nominal em 2024 seguiu em 6,90% do PIB, o mesmo patamar de um mês atrás. O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.

A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2024 seguiu em 63,85%, ante 63,34% de um mês atrás.

Para 2025, o déficit primário esperado pelo mercado seguiu em 0,60% do PIB pela 11ª semana seguida. O novo arcabouço fiscal aprovado no ano passado prevê uma meta de superávit primário de 0,5% do PIB no próximo ano, mas o governo estuda mudar a meta para algo entre 0,0% e 0,25% do PIB.

O déficit nominal projetado para 2025 passou de 6,29% para 6,30% do PIB, ante 6,30% de um mês atrás. A estimativa para a dívida líquida no próximo ano seguiu em 66,42% do PIB, ante 66,50% de quatro semanas antes.