Economia
Contenção de gastos

Lula reafirma compromisso com responsabilidade fiscal em discurso

Segundo o presidente Lula, a economia do Brasil “não vai quebrar” porque a gestão tem compromisso com o cumprimento das metas estabelecidas e em cuidar do povo.

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06 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Lula reafirma compromisso com responsabilidade fiscal em discurso
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participa da inauguração do Edifício Acadêmico e Administrativo da Escola Paulista de Política Econômica e Negócios no Campus Osasco da Universidade Federal de São Paulo - Unifesp. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou na sexta-feira (5) o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal. Segundo ele, a economia do Brasil “não vai quebrar” porque a gestão tem compromisso com o cumprimento das metas estabelecidas e em cuidar do povo.

“Não adianta tentar criar caso comigo. Não adianta falar de responsabilidade fiscal. Se tem uma coisa que eu aprendi com a Dona Lindu foi responsabilidade fiscal. Cuidar do meu pagamento, salário e família. E hoje, minha família é o Brasil”, disse o chefe do Executivo.

“São 213 milhões de filhos que nós temos que cuidar, e só vai dar certo se a economia estiver arrumada”, comentou. “Se a gente fizer como aquela pessoa que joga dinheiro fora pelo cartão de crédito, a economia vai quebrar. No meu governo, não vai quebrar porque temos responsabilidade de cuidar desse país.”

As declarações ocorreram na sexta-feira, 5, durante cerimônia de inauguração do Edifício Acadêmico e Administrativo da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (EPPEN – Unifesp) em Osasco, São Paulo. No discurso, Lula rebateu as críticas que recebeu nos últimos dias na imprensa por “falar demais” e causar uma disparada do dólar.

“Que bom que eu falo demais, porque houve um tempo que eu não falava”, rebateu o petista, lembrando que a criação do PT era para dar “vez e voz” aos trabalhadores.

Diante das críticas recebidas, Lula disse que não adianta tentar “atrapalhar” sua vida ou prejudicar os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Educação, Camilo Santana. “Tenho consciência de que eu não sou eu, eu sou vocês. Então isso que dá força para gente consertar esse país”, afirmou.

Na esteira de rebater as acusações de irresponsabilidade da gestão, Lula voltou a garantir que não vê recursos voltados à educação como “gasto”. “Podem não gostar, mas vamos investir na formação das pessoas”, disse.

O presidente também aproveitou a fala para rebater as cobranças que recebeu do público presente no evento. O edifício inaugurado nesta manhã já consumiu investimentos de mais de R$ 900 milhões, mas a obra ainda não está concluída e o petista foi cobrado por uma aluna.

De acordo com a aluna, hoje está sendo inaugurada apenas metade da obra. “A obra não está concluída. O que está sendo inaugurado hoje é apenas metade da obra. Faltam moradias estudantis, restaurantes e auditórios. A universidade não é verdadeiramente nossa, do corpo dissente apenas 8% são de alunos negros. Temos que trabalhar com a realidade”, disse a aluna.

Lula, porém, afirmou que, muitas vezes, os movimentos sociais “reivindicam 100 coisas e atendemos 99”. “Quando vamos ao ato público para anunciar, ao invés de o companheiro dirigente sindical começar o discurso agradecendo as 99, vai reclamar de uma que não foi atendida”, criticou.

O presidente citou a importância do direito de reivindicar, mas disse que o Brasil ficou “parado” por muitos anos. Em crítica à gestão Jair Bolsonaro, mas sem citar o nome do ex-presidente, Lula disse que houve irresponsabilidade do governante e dos ministros da Educação. Diante disso, o chefe do Executivo disse ter “consciência do atraso” do Brasil.

Em sua breve fala durante o evento, o ex-ministro da Educação e atual titular da Fazenda, Fernando Haddad, rebateu a cobrança da aluna da Unifesp, alegando que a construção de universidades não tem fim.

“A USP Universidade de São Paulo até hoje está sendo construída, prédios estão sendo construídos e professores sendo contratados”, disse Haddad se dirigindo à aluna.

Haddad lembrou que desde que o governo Lula iniciou em 2007 “o maior plano de universidades públicas do Brasil”, 126 prédios de universidades foram entregues. Na ocasião, continuou o ministro, as pessoas perguntavam sobre o porquê de o governo implantar universidades federais em São Paulo, Estado que já era bem servido por universidades e faculdades.

“O presidente Lula me disse que era importante a presença de universidades federais em São Paulo porque São Paulo não tinha o sentimento de pertencimento”, disse Haddad.

Foi a partir de então que, segundo Haddad, o governo federal resolveu criar o anel universitário em São Paulo, onde só se falava em rodoanel. “Aqui só se falava em rodoanel, que até hoje não está concluído apesar dos recursos enviados pelo governo federal”, disse Haddad.

Em um discurso rápido em que falou basicamente de educação, o ministro disse no final que Lula tem responsabilidade fiscal e sabe unir responsabilidade ambiental e social com a responsabilidade com as contas públicas.

“O presidente Lula fez os dois maiores governos certamente dos últimos 40 ou 50 anos do Brasil”, disse Haddad.

“Eu tenho certeza que com a sua sabedoria de unir responsabilidade social, responsabilidade ambiental, responsabilidade com as contas públicas, ele vai fazer um grande terceiro mandato marcando a história do Brasil pra todos sempre na área da educação”, disse.

No final do discurso de Haddad, um pequeno grupo de pessoas ao lado do palco começou a gritar palavras de protesto contra o arcabouço fiscal.