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Lula e governador de Buenos Aires conversam sobre cooperação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, na terça-feira (13), o governador da província argentina de Buenos Aires, Axel Kicillof.

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13 de agosto de 2024
Vinicius Palermo
Lula e governador de Buenos Aires conversam sobre cooperação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, no Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, na terça-feira (13), o governador da província argentina de Buenos Aires, Axel Kicillof. Na reunião, no Palácio do Planalto, os dois conversaram sobre as possibilidades de cooperação e investimento entre a província (que corresponde aos estados no Brasil) e o governo e as empresas brasileiras.

“Nós trouxemos propostas de investimento. Vocês sabem que as empresas brasileiras que atuam no território argentino o fazem, proporcionalmente, em maior grau, na província de Buenos Aires. A província de Buenos Aires representa cerca de 40% da produção total da Argentina, mas também representa 50% do produto industrial da Argentina”, disse Kicillof após a reunião com Lula.

Participaram do encontro o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim. Mais cedo, Kicillof também se reuniu com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço, Geraldo Alckmin.

O governador da província de Buenos Aires é um dos principais opositores políticos locais do presidente da Argentina, Javier Milei. Kicillof foi ministro da economia do governo da presidente Cristina Kirchner e se reelegeu para o cargo de governador no ano passado em primeiro turno.

“Durante meu mandato anterior visitei São Paulo, acompanhamos empresas argentinas, então falamos sobre essa experiência, vemos muitas oportunidades e cremos fortemente que a chave, então, para cada um dos nossos países, ou uma das chaves mais importantes, está na integração regional”, disse, reforçando o interesse de estreitar vínculos com os setores produtivos do Brasil.

“Viemos reforçar e assegurar essa porta para a articulação, para a colaboração, para a cooperação e para os resultados que vamos ver com o passar do tempo”, acrescentou Kicillof, que tem grande interesse em cooperação nas áreas de energia e petróleo e nas possibilidades de investimento na indústria de gás da província.

O governador disse, ainda, ser favorável à entrada e permanência da Argentina no Brics, grupo de nações emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que, em janeiro de 2024, passou a contar com Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos.

A Argentina também foi aceita para integrar o bloco, mas, antes mesmo do acordo entrar em vigor, Javier Milei anunciou a desistência da adesão.

“Lula tem um papel regional e dentro dos Brics muito importante, um papel internacional muito importante, e me parece que, nesse sentido, nos ilumina e nos dá uma perspectiva com relação às possibilidades, que não são simplesmente alianças vinculadas a posicionamentos políticos e ideológicos, mas ao que mais convém para o país”, disse.

Kicillof falou também sobre a situação da Argentina sob o governo de Javier Milei e se queixou sobre interrupção de repasse de recursos para as províncias, previstos em lei, corte de investimentos em programas de governo, interrupção de obras públicas e redução de aposentadorias.

“Tenho que falar por mim, porque todos sabem o que se passa e o que estamos vivendo na Argentina em nível nacional”, disse ele, em referência a Milei. “Tem que se explicar muito bem por que a Argentina deveria não aprofundar até onde puder e na medida de seu alcance, seu vínculo com o povo brasileiro e com o governo do Brasil”, afirmou Kicillof.

Segundo o governador, foram discutidas formas de cooperação entre o governo brasileiro e a província de Buenos Aires – o que não inclui a capital argentina, que é uma cidade autônoma. “Do nosso ponto de vista, foi uma excelente reunião da maior província da Argentina com autoridades importantíssimas”, declarou o governador.

“Dificilmente, por minha posição ideológica e política, eu poderia crer que tenho o direito de colocar em perigo vínculos que são históricos e que são entre o povo argentino, bonaerense, e o povo brasileiro, além de empresas, indústrias, comércio, energia”, declarou o político argentino.

“Me foi dado o mandato para nos ocuparmos da produção, do emprego bonaerenses, e isso implica estreitar vínculos com os setores produtivos e com o governo do Brasil”, declarou o governador da província argentina.