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Lula diz que sistema financeiro quer especular e que decisão do Copom foi ‘sem critério’

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a criticar, na sexta-feira, 21, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central

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22 de junho de 2024
Vinicius Palermo
Lula diz que sistema financeiro quer especular e que decisão do Copom foi ‘sem critério’
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de posse da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, no Cenpes. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a criticar, na sexta-feira, 21, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, de manter a taxa básica de juros, a Selic, no patamar de 10,50%, ao dizer que a medida ocorreu “sem critério”.

As declarações ocorreram em entrevista à Rádio Meio, do Piauí. Na ocasião, Lula fazia comparações do seu mandato com o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sustentou que o atual governo realiza mais investimentos que o antecessor. O presidente chegou a dizer que não está preocupado com pesquisas de opinião. Em seguida, o presidente mencionou a decisão do Banco Central e criticou o sistema financeiro brasileiro.

“Temos consciência de que as coisas estão acontecendo”, disse Lula, em defesa das ações do seu governo. “A Caixa Econômica e o Banco do Brasil, sozinhos, têm mais créditos disponibilizados hoje do que os outros três bancos grandes. Por que isso? Porque o sistema financeiro brasileiro não está preocupado em fazer investimento na produção, no setor produtivo.”

Lula acrescentou: “Ele (o sistema financeiro brasileiro) está interessado em especular. É por isso que a taxa de juros fica a 10,5% sem nenhuma explicação, sem nenhum critério.” Na quinta-feira, 20, Lula já havia dito que a decisão do Banco Central “foi uma pena” e que “quem perde é o povo brasileiro”.

Depois de sete quedas seguidas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central interrompeu, em decisão unânime, o ciclo de cortes da taxa básica de juros, iniciado em agosto do ano passado, e manteve a Selic em 10,50% ao ano. O resultado, divulgado na quarta-feira, 19, era amplamente esperado pelo mercado, em meio ao impasse do governo na condução da política fiscal e ao aumento das expectativas de inflação.

Mais do que o resultado, a grande expectativa dos agentes econômicos era sobre o placar da decisão, sobretudo após Lula ter retomado a ofensiva contra o BC e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto. A votação unânime agrada o mercado, depois da forte divisão da reunião de maio.

Ao comunicar a decisão de interromper as quedas nos juros, o Copom declarou que os juros terão de continuar em nível restritivo “por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”. O comitê também pregou “serenidade e moderação na condução da política monetária”. A decisão ocorreu de forma unânime.

Lula afirmou ainda que o governo vai financiar regiões produtivas de arroz de outros Estados brasileiros, além do Sul, para evitar a dependência de apenas uma área. Lula falava sobre a importação do arroz para coibir a alta nos preços, com as enchentes no Rio Grande do Sul.

“Por quê que eu vou importar? Por que o arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20 um pacote de cinco quilos. Que compre a R$ 4 um quilo de arroz, mas não dá para ser um preço exorbitante”, disse Lula.

O presidente continuou: “E vamos, inclusive, financiar áreas de outros Estados, produtivas de arroz, para não ficar dependendo de apenas uma região.”

Segundo Lula, o governo vai oferecer uma garantia de preço para que os produtores de arroz não tenham prejuízo. “Vamos financiar e oferecer direito do pessoal plantar arroz”, afirmou.
Ao se referir à anulação do leilão de arroz, o petista disse que a decisão ocorreu porque “houve uma falcatrua numa empresa”.

A decisão de anular o leilão para a compra de arroz importado ocorreu em 11 de junho. Na ocasião, o governo informou que o objetivo era buscar assegurar que as empresas “tenham a solidez que uma operação deste porte exige”. O leilão envolvia a compra de 300 mil toneladas de arroz beneficiado.