Economia
Greve

Lula diz que está preparando aumento de salário para todas as carreiras

O presidente da República disse que o governo pretende fazer uma “regulação das carreiras” do serviço público

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23 de abril de 2024
Vinicius Palermo
Lula diz que está preparando aumento de salário para todas as carreiras
O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que “acha legal” as greves que servidores públicos estão fazendo em busca de reajustes salariais e que o governo prepara um aumento de salário “para todas as carreiras”. Ele, porém, disse que o reajuste não deve ser na integralidade do que os servidores públicos estão demandando.

“Até as greves, eu acho legal. Esse povo estava que nem eu estava em 1978, quando fizemos a primeira greve na Scania. A última havia sido em 1968, em Contagem e Osasco. Quando fizemos a greve em 1978, mudamos a história do sindicalismo brasileiro. O pessoal estava muito reprimido, não faziam greve há muito tempo, não havia aumento há muito tempo”, disse o presidente. “Estamos preparando aumento de salário para todas as carreiras. E vai ter aumento. Nem sempre é tudo o que a pessoa pede. Muitas vezes é aquilo que a gente pode dar”, completou.

Segundo Lula, “ninguém será punido neste País por fazer uma greve”. “Eu nasci fazendo greve. Devo aos trabalhadores de São Bernardo o que sou hoje. Acho um direito legítimo. Só que eles têm que compreender que eles pedem o quanto eles querem, a gente dá o que a gente pode. E aí tudo volta ao normal e espero que todo mundo volte a trabalhar”, finalizou.

O presidente disse ainda que o governo pretende fazer uma “regulação das carreiras” do serviço público e que o Palácio do Planalto vem se esforçando para fazer concursos para novas vagas. “A gente está fazendo muito concurso. A gente quer fazer uma regulação das carreiras. E aos poucos as coisas vão entrando nos eixos”, afirmou.

Lula disse, também, que a negociação por um reajuste com servidores vem sendo conduzida por José Lopez Feijó, secretário de Gestão de Pessoas e de Relações de Trabalho do Ministério da Gestão e Inovação e dirigente sindical com passagens em outros governos petistas.

“Feijó é duro porque conhece. Já viveu o outro lado, já fez muita greve, já apanhou da polícia, já perdeu o emprego. Ele é duro, mas sempre com a disposição de negociar. E nós vamos negociar com todas as categorias”, afirmou o presidente.

Lula voltou a criticar o mercado financeiro e o nível da taxa básica de juros do País, a Selic. Ele disse que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, precisa saber que quem “perde dinheiro” com juro alto é o “povo brasileiro”. “Com todo respeito ao mercado, eu quero mais bem ao Brasil que ao mercado”, declarou.

Lula afirmou que o mercado financeiro precisa ter responsabilidade. “Esse País não pode ficar todo dia tomando susto de que o mercado não gostou disso e não gostou daquilo. O mercado está ganhando muito dinheiro com essa taxa de juros. Isso tem que ficar claro para a sociedade. E o presidente do Banco Central tem que saber que quem perde dinheiro com essa taxa de juro alta é o povo brasileiro”, disse, durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto.

O presidente da República também falou sobre a sucessão no BC. “Eu tenho que indicar mais diretores e tenho que indicar o presidente do Banco Central até o final do ano. Eu só tenho que decidir se eu vou antecipar ou se deixo para indicar o mais próximo possível do vencimento do mandato do presidente Roberto Campos”, disse.

“Quem já conviveu com Roberto Campos um ano e quatro meses não tem nenhum problema em viver mais seis meses. O que eu espero é que o Roberto Campos leve em conta que o Brasil não corre nenhum risco”, emendou Lula, ao ressaltar a época em que o Brasil tinha dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), posteriormente paga. “Muitos poucos países têm a segurança que tem o Brasil.”

Lula afirmou que, mesmo assim, “tem toda a paciência do mundo” porque precisa esperar até dezembro para mudar a presidência do BC. “Veja como somos tranquilos”, declarou. “Eu não sou movido a mercado, sou movido a soluções para o povo brasileiro”, criticou