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Lula diz que entenderá se Galípolo defender aumento dos juros

O presidente Lula fez diversos elogios a Galípolo, a quem chamou de “extremamente competente” e de “um brasileiro que gosta do Brasil”.

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30 de agosto de 2024
Vinicius Palermo
Lula diz que entenderá se Galípolo defender aumento dos juros
O presidente Lula durante Reunião com a liderança do B20 Brasil

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse na sexta-feira que entenderá se Gabriel Galípolo, seu indicado à presidência do Banco Central, defender o aumento da taxa de juros em algum momento, desde que apresente a fundamentação para isso. Lula fez diversos elogios a Galípolo, a quem chamou de “extremamente competente” e de “um brasileiro que gosta do Brasil”.

“Ele (Galípolo) tem o perfil de uma pessoa competentíssima e um brasileiro que gosta do Brasil. É um jovem extremamente competente. Ele vai trabalhar com a autonomia que eu dei ao Meirelles, até porque agora ele tem mandato de quatro anos, o mesmo de um presidente da República. Dá o direito de fazer as coisas corretas. Se tiver que baixar juros, baixa. Se tiver que aumentar, aumenta. Vai ter que ter explicação, porque o BC tem que ter meta de crescimento também, senão não vamos a lugar algum”, disse.

O presidente disse que o presidente da entidade monetária não tem que defender os interesses do sistema financeiro e do mercado, mas sim “gostar do País” e “pensar na soberania nacional”.

“O problema é que no imaginário do mercado o presidente do BC tem que ser um representante do sistema financeiro, e eu não acho que tenha que ser. Tem que ser uma pessoa que gosta do País, pense na soberania nacional e tome as atitudes corretas. Se um dia o Galípolo chegar e falar que precisa aumentar os juros, ótimo”, declarou.

Lula repetiu algumas das críticas que já fez ao atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, segundo ele, “fica mais em Miami que no Brasil”. Também disse que Campos Neto “age como um político, não como um economista”.

“O atual presidente do BC age como um político, não como um economista. Ele se oferece em muitas reuniões políticas, coisa que não devia acontecer. A taxa de juros hoje não tem explicação”, declarou.
Lula também se posicionou contra a autonomia do Banco Central e ao mandato conferido ao presidente da entidade. “Se eu tivesse voto, eu era contra, mas está aí, vai ficar. Acho que o presidente tem o direito de indicar o presidente do BC e tirar se não gostar. Eu coloco o Galípolo com mandato. E se ele fizer uma coisa errada? Não sei quem criou a ideia de que ele é intocável”, disse.

Para Lula, “o presidente do BC tem que pensar na indústria, no comércio, não só nos interesses do mercado”. O presidente disse, ainda, que vai fazer novas indicações ao Banco Central neste ano “Vamos indicar mais gente neste ano, porque até o ano que vem muda todo mundo no BC, e vai ter uma nova equipe. Como sou um cara de sorte, quero que o BC ajude o País a se desenvolver, crescer, gerar empregos e distribuir riqueza”, completou.

Lula prometeu ainda que, até o final de seu terceiro mandato, o botijão de GLP, o gás de cozinha, fará parte da cesta básica. Na fala, ele rebateu as críticas de que isso representaria um gasto para o governo: “Quando faz benefício para povo pobre, custa caro”, respondeu.

A fala ocorreu na sexta-feira, 30, em entrevista à rádio MaisPB, da Paraíba. “Nós tomamos a decisão de que, até 2026, o gás será dado de graça para 21,6 milhões famílias”, disse. “O gás vai fazer parte da cesta básica.”

Na avaliação do presidente da República, o gás de cozinha tem que ser tratado como algo “elementar” para a população. “Da mesma forma que ele cidadão quer feijão, quer arroz, ele precisa do gás para cozinhar tudo isso.” ‘Não governo para o mercado, governo para o povo’.

Na declaração, Lula já se prontificou a rebater críticas sobre o dinheiro direcionado aos benefícios. “O que é caro nesse país é nossa dívida, pagamento de juros. Isso que é caro. Não fui eleito pelo mercado, acho que eles nunca votaram em mim. Então, eu não governo para o mercado, governo para o povo”, afirmou.
Nesta semana, o presidente já havia cobrado a inclusão do gás de cozinha na cesta básica.

“O gás é barato. A Petrobras não tem o direito de queimar gás. Ela tem o direito de trazer o gás e colocar o gás à disposição desse povo. Para que o povo pobre possa fazer comida, se não vai fazer a volta à lenha”, declarou Lula, ao participar de solenidade no Ministério de Minas e Energia.