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Lula: desoneração do jeito que os empresários querem é para aumentar o lucro

Lula também disse ter conversado nesta semana com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre a demanda do governo de que haja uma “contrapartida” com a desoneração.

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08 de maio de 2024
Vinicius Palermo
Lula: desoneração do jeito que os empresários querem é para aumentar o lucro
O presidente Lula, durante entrevista no programa Bom Dia, Presidente, nos estúdios da EBC. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a criticar a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos por, segundo ele, beneficiar os mais ricos. As declarações ocorreram durante entrevista no programa Bom Dia, Presidente, da EBC, junto aos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secom), na terça-feira, 7.

“O empresário quer reduzir o que ele paga? Ou seja, ele vai transformar isso em empregos novos? Ele vai transformar isso em aumento de salário? Ele vai transformar isso em estabilidade? Porque só a desoneração, do jeito que eles querem, é só para aumentar o lucro”, afirmou o presidente da República.

Lula também disse ter conversado nesta semana com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre a demanda do governo de que haja uma “contrapartida” com a desoneração.

O presidente também defendeu a iniciativa do governo de ter questionado a prorrogação da folha no Supremo Tribunal Federal (STF), apesar da aprovação do projeto na Câmara e no Senado.

“Quando nós entramos na Suprema Corte para que a gente suspendesse a desoneração, o objetivo é sentar na mesa e negociar. E cada empresário diga o que vai fazer”, disse Lula.

Segundo o presidente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ficou encarregado de chamar empresários para negociar o destino da desoneração da folha.

“Esse negócio de dizer que é para manter emprego, ninguém garante que mantém emprego. Qual é o contrato que diz que ele vai garantir emprego? Quem é que diz que na primeira crise, ele não manda gente embora? Não tem nada escrito. O que nós queremos é apenas seriedade dos empresários”, disse Lula.

O presidente se queixou das discussões em torno da meta fiscal de déficit zero para as contas públicas, estabelecida pelo próprio governo, e afirmou se sentir “irritado”.

“Às vezes eu fico um pouco irritado com esse negócio de déficit fiscal, se vai ser zero, se não vai ser zero. Isso é uma discussão que em nenhum país do mundo se faz”, declarou o presidente da República.

Lula falou que o déficit fiscal “não é o problema” e que é necessário diferenciar gastos de investimentos. O presidente disse que, nos seus governos anteriores, deu “lições de responsabilidade”.

“Ninguém me fale em responsabilidade fiscal. Eu não vou gastar nunca mais do que preciso gastar”, afirmou Lula. “Ora, se o governo tiver que gastar dinheiro para fazer um ativo novo, alguma coisa nova, que aumenta o patrimônio do país, qual é o problema? Nenhum.”

Lula disse ainda considerar a discussão sobre déficit fiscal como “inócua”. “Não posso ficar olhando só déficit fiscal e não olhar o déficit social”, declarou o presidente.

O presidente exaltou o trabalho de voluntários em meio às enchentes registradas no Rio Grande do Sul. Ele condenou fake news relacionadas à tragédia no sul do país. “Ainda tem muita fake news contando mentira sobre o Rio Grande do Sul, desmerecendo as pessoas que estão trabalhando”, disse.

“Não apenas as Forças Armadas, a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Polícia Federal, a Força Nacional. Não apenas as pessoas que ganham salários para trabalhar, mas os voluntários.  O que mais me apaixona é a quantidade de gente no Brasil inteiro preocupada em ajudar o Rio Grande do Sul”, assinalou.

“Um país que tem seres humanos com a bondade que tem o Brasil não merecia essa indústria de fake news mentirosa – eu diria até canalha – que vive pregando mentira, deturpando fala, pegando palavras e contando mentiras para a sociedade. Um país não pode ir pra frente desse jeito”, afirmou.

Diante da situação, o presidente pediu que as pessoas tenham bom senso e que não sejam levianas. “A situação do Rio Grande do Sul é muito delicada. Os parlamentares liberaram as suas emendas – acho extraordinário isso. Se tiver emenda de senador, também libero. Todo mundo quer ajudar o Rio Grande do Sul”.

“Agora, é preciso tomar cuidado porque tem gente que não quer ajudar. Tem gente que está apostando na desgraça, que quer que não dê certo. Nós sabemos a importância do Rio Grande do Sul para a história desse país. Portanto, gaúchos e gaúchas, fiquem tranquilos, tenham fé em Deus que a gente vai consertar esse estado e vocês vão voltar a viver felizes”, disse o presidente da República.