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Lula admite que baixar os juros é uma ‘briga eterna’ no Brasil

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ponderou que não adianta o índice cair se a população não tiver condições de consumir.

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14 de agosto de 2024
Vinicius Palermo
Lula admite que baixar os juros é uma ‘briga eterna’ no Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da sessão de abertura do fórum Um Projeto de Brasil, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na quarta-feira, 14, que a insistência pela redução da taxa de juros é uma “briga eterna” no Brasil. O chefe do Executivo ponderou que não adianta o índice cair se a população não tiver condições de consumir.

“Baixar os juros é uma briga eterna nesse país. Mas, mesmo se o juro for zero, se o cara não tiver dinheiro para consumir, ele não vai consumir”, disse o presidente da República, durante sessão de abertura do fórum ‘Um Projeto de Brasil’, do novo ciclo da série Diálogos Capitais, promovido pela revista Carta Capital na quarta-feira, em Brasília.

Na avaliação do presidente, um dos principais problemas do Brasil é a falta de circulação de dinheiro. Ao citar a aquisição de carros, Lula disse que é preciso que o Brasil adapte a indústria automobilística às condições de pagamento das pessoas.

Ele fez uma fala direcionada aos empresários. Segundo Lula, seu terceiro mandato na Presidência irá terminar numa “situação privilegiada, como foi em 2010”.

“Meu lema é que, mesmo que dê errado, vai dar certo”, comentou o presidente da República. “Nem a briga entre Estados Unidos e China vai desviar o Brasil da rota”, brincou.

Lula comentou que, muitas vezes, é retomada a discussão sobre o papel do Estado. “O Estado não tem de ser máximo nem mínimo, tem de ser o Estado. Eu não quero o Estado empresarial, mas não abro mão do Estado indutor”, disse. “Quem vai levar a indústria para o Nordeste do País? Nós temos de dizer: vamos desenvolver outras regiões.”

O presidente afirmou que os países do Mercosul estão dispostos a assinar o acordo com a União Europeia O chefe do Executivo disse que a assinatura, agora, depende do bloco europeu, e comentou que o grupo “que se vire” com a França e a resistência que o país tem com os produtos do Mercosul.
“Nós estamos prontos para firmar o acordo Mercosul e União Europeia. Agora, depende da União Europeia, porque nós aqui já decidimos o que queremos, e já nos comunicamos eles”, disse.

E completou: “A União Europeia que se vire com a França que tem dificuldade com os produtos agrícolas brasileiros, certamente teria que disputar com nosso queijo de minas, nosso vinho do Rio Grande do Sul.”

A França é relutante a produtos do Mercosul, uma vez que é a principal favorecida pelo mercado agrícola fechado da União Europeia. Lula disse já ter comunicado sobre a posição do Mercosul à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “Agora só depende deles, não depende de nós”, afirmou o presidente da República.

Lula admitiu ainda uma divergência dentro do governo entre uma ala que está preocupada com a responsabilidade fiscal da gestão federal e outra que diz ser necessário fazer gastos. De acordo com Lula, quando há essa discussão, ele sempre pontua o quanto custa não fazer projetos nos períodos adequados.

“Mesmo agora no governo, quando a gente senta para discutir, você tem o pessoal preocupado que a gente não consiga gastar o dinheiro que precisa e as pessoas que sabem que precisa gastar”, disse Lula. “Os que não querem, também sabem que precisa gastar, mas têm responsabilidade em dizer para a sociedade que nós não temos tudo isso”, pontuou o presidente.

Lula, então, disse “provocar” os ministros com a seguinte pergunta: “Quanto custa fazer tal coisa? Vamos nos perguntar quanto custa não fazer?”

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta quarta-feira, 14, que pretende fazer uma visita ao Japão em março de 2025 e cobrar sobre a fábrica de semicondutores que o Japão pretende construir no Brasil. O chefe do Executivo disse que pretende levar diversos empresários brasileiros na ida à nação asiática.

“Eu vou fazer uma visita lá em março e vou cobrar: Cadê nossa fábrica de semicondutores?”, disse Lula, durante sessão de abertura do fórum Um Projeto de Brasil, do novo ciclo da série Diálogos Capitais, promovido pela revista Carta Capital, nesta quarta-feira.

Segundo Lula, a intenção é que vá diversos empresários brasileiros a essa viagem. “Agora, temos um avião grande que dá para encher de empresários, nem precisa comprar passagem”, comentou.
O presidente afirmou que, em todo lugar que viajar, pretende fazer debates com empresários locais e brasileiros.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a defender nesta quarta-feira, 14, o incentivo à integração econômica entre países da América Latina. Na avaliação do petista, o futuro do Brasil “está próximo de nós” e a intenção é de se criar um bloco com um forte Produto Interno Bruto (PIB).

“Nosso futuro está próximo de nós. É com essa gente que pode comprar produtos manufaturados que a indústria brasileira produz, ou com essa gente que pode ser sócios na construção de outras empresas que queremos criar, é que a gente vai criar um bloco forte, com PIB muito forte e que vai ter inserção no conjunto das negociações mundiais”, disse Lula, durante sessão de abertura do fórum Um Projeto de Brasil, do novo ciclo da série Diálogos Capitais, promovido pela revista Carta Capital, nesta quarta-feira.

“O Brasil não perderá essa chance”, comentou Lula. “Não vamos perder uma oportunidade de fazer com que o País vire um protagonista internacional no mundo da política, dos negócios e do crescimento econômico.”