Economia
Desaceleração do consumo

Lucro da Ouro Fino caiu 77,1% e chegou a R$ 10,2 milhões

O resultado representa queda de 77,1% ante igual período do ano passado, quando a companhia lucrou R$ 44,5 milhões.

Compartilhe:
10 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Lucro da Ouro Fino caiu 77,1% e chegou a R$ 10,2 milhões
Marco Cunha, engenheiro agrônomo e gerente de Distribuição e Relacionamento da Ourofino Agrociência

A Ouro Fino Saúde Animal obteve lucro líquido ajustado de R$ 10,2 milhões no terceiro trimestre de 2023, informou a companhia, depois do fechamento do mercado financeiro. O resultado representa queda de 77,1% ante igual período do ano passado, quando a companhia lucrou R$ 44,5 milhões.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado recuou 12,2% na mesma comparação, passando de R$ 65 milhões para R$ 57,1 milhões. A receita líquida diminuiu 6,1%, para R$ 263,7 milhões, ante R$ 280,7 milhões no terceiro trimestre de 2022. No segmento de animais de produção, a receita líquida caiu 4,8%, para R$ 202,7 milhões.

“O desempenho da unidade de negócio tem sido impactado pela redução nas vendas de produtos para reprodução, endectocidas e vacina contra febre aftosa principalmente na região Centro Norte do país, que tem como característica a produção de gado de corte extensiva e em grandes propriedades”, disse a Ouro Fino em comunicado.

A receita líquida no segmento de animais de companhia somou R$ 32,7 milhões, queda de 13,2% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. “O forte endividamento das famílias e a desaceleração do consumo pela alta da taxa de juros têm dificultado a circulação de produtos em toda cadeia. Com isso, o mercado pet tem passado por um período de ajuste de estoque e tem retornado ao padrão de crescimento pré-pandemia”, disse a Ouro Fino. Nas operações internacionais, a receita líquida diminuiu 5,8%, para R$ 28,2 milhões.

O resultado financeiro líquido no terceiro trimestre de 2023 ficou negativo em R$ 1,4 milhão, em comparação a um resultado negativo de R$ 6,5 milhões um ano antes.

Marco Cunha, engenheiro agrônomo e gerente de Distribuição e Relacionamento da Ourofino Agrociência, afirmou que o panorama atual do agronegócio de grãos no Brasil e nos Estados Unidos é de significativa importância econômica e política, com implicações globais que merecem uma análise detalhada.

Na safra 2022/23, o Brasil conquistou um feito notável ao atingir um recorde de produção de soja, registrando um pouco mais de 154 milhões de toneladas e solidificando sua posição como líder mundial neste mercado. Produtores de Mato Grosso, Paraná e Goiás foram cruciais para esse sucesso.

Enquanto isso, os EUA enfrentaram desafios climáticos, resultando em uma produção de soja (116,377 milhões de toneladas) inferior à do Brasil. Essa situação ofereceu ao agronegócio brasileiro uma oportunidade única para fortalecer sua posição no cenário internacional.

Segundo ele, o milho também tem papel fundamental nas economias de ambos os países. O Brasil projeta uma produção de 50,14 milhões de toneladas na segunda safra de 2022/23, tornando-se o maior exportador global devido a uma safra robusta, diversificação de fornecedores, como a China, e condições desfavoráveis nos EUA. Embora os países americanos mantenham uma produção sólida de milho, preocupações relacionadas ao clima e incertezas na colheita podem afetar os preços e a oferta.

Além disso, o Brasil lidera as exportações de farelo de soja, superando a Argentina em razão das condições climáticas adversas. Quanto ao trigo, a produção brasileira apresenta queda de 7,4%, os argentinos enfrentam desafios produtivos e os EUA permanecem como principais exportadores globais do grão, mas as mudanças climáticas e acordos comerciais podem trazer contratempos adicionais.

Marco Cunha  disse que os grãos são ainda componentes estratégicos em cadeias produtivas, por exemplo a da carne, contribuem para a geração de divisas no comércio exterior, o desenvolvimento econômico e social e, para surpresa de muitos, na preservação ambiental em várias regiões brasileiras. A agricultura 4.0 e o desenvolvimento de variedades de plantas adaptadas às condições locais vêm desempenhando um papel fundamental na sustentabilidade desses sistemas de produção.

Até 2050, há previsão de aumento em 70% na demanda mundial por alimentos e duplicação na demanda por energia e todo esse crescimento virá da produção de grãos em terras agrícolas que, por isso, deve ser intensificada.

Diante desses dados, pode-se verificar que tanto o Brasil quanto os EUA possuem oportunidades e desafios únicos no agronegócio de grãos, especialmente em soja e milho. Essas avaliações ocorrem em um contexto global de incertezas no mercado de trigo e farelo de soja. Como especialistas no setor, faz parte de nossa missão continuar monitorando e discutindo esses desenvolvimentos de forma objetiva e estratégica para o benefício de nossas economias e do mundo como um todo.

De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em 10 anos, ou seja, na safra 2032/33, a área de soja será 27% maior do que é hoje, atingindo 55,9 milhões de hectares, um aumento absoluto de 11,8 milhões de hectares, sendo a lavoura que mais deve expandir área nesse período.

Com relação à produção, estima-se um aumento de 32,1 milhões de toneladas (+21%), alcançando o patamar de 186,7 milhões de toneladas na safra 2032/33. Nos últimos 10 anos, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área de soja cresceu 40%, enquanto a produção teve um crescimento de 81% e a produtividade 24%. Sendo assim, ocorreu um crescimento baseado em expansão de área.

Com relação à produção, estima-se um aumento de 32,1 milhões de toneladas (+21%), alcançando o patamar de 186,7 milhões de toneladas na safra 2032/33. Nos últimos 10 anos, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área de soja cresceu 40%, enquanto a produção teve um crescimento de 81% e a produtividade 24%. Sendo assim, ocorreu um crescimento baseado em expansão de área.

Da mesma maneira, considerando as análises realizadas pelo Mapa, estima-se que o milho tenha um crescimento de 15% em sua área entre 2022/23 e 2032/33, atingindo 25,7 milhões de hectares. A produção terá um crescimento superior, de 21%, atingindo 159,8 milhões de toneladas em 10 anos.