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Lira afirma ser imprescindível que Lula se envolva mais no recebimento de parlamentares

Na avaliação de Lira, vetos do Planalto deram “muito choque” na relação com o Parlamento, o que, para ele, “foi um problema de articulação do governo”.

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26 de abril de 2024
Vinicius Palermo
Lira afirma ser imprescindível que Lula se envolva mais no recebimento de parlamentares
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou na quinta-feira que, 25, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se envolver mais no recebimento de parlamentares. “Quanto mais presidente se envolve no processo, mais ele sente a temperatura”, defendeu.

Na avaliação de Lira, vetos do Planalto deram “muito choque” na relação com o Parlamento, o que, para ele, “foi um problema de articulação do governo”.

O presidente da Câmara destacou que muitas matérias aprovadas no Congresso, principalmente as mais econômicas, foram votadas sem o governo ter base no Parlamento.

Lira avaliou que a tendência política para os próximos anos, com a redução de partidos, é de que parlamentares ficarão mais vinculados ao que os partidos defendem.

“Há quem defenda, como eu defendo, o regime de semipresidencialismo. O presidencialismo de coalizão não funciona mais, mas temos que respeitar o modelo que cada governo escolhe”, afirmou.

O presidente da Câmara afirmou que vê exagero na intimação para depoimento de parlamentares na Polícia Federal por criticar ministros. Lira argumentou que a Câmara puniu parlamentares quando teve indícios de participação em crimes e citou o caso da ex-deputada Flor de Lis.

No entanto, segundo ele, muitos congressistas que foram alvo de busca e apreensão, entre outras medidas cautelares, “foram por fala, e não por crime de mando”. “Parlamentar ser chamado para depor na PF porque disse que ministro é isso ou aquilo, na CPI, é exagerar um pouco”, disse Lira.

Na entrevista, Lira frisou estar disponível para debater matérias que endureçam o combate ao crime organizado e defendeu ampliar o rigor em penas para crimes como homicídios.

O deputado criticou a progressão de pena por, na sua visão, gerar sensação de impunidade, e também defendeu o fortalecimento da defesa nas fronteiras.

“A Câmara está à disposição para que se reveja e se aperfeiçoe os métodos de vigilâncias de fronteiras e o sistema prisional”, declarou Lira.

O presidente da Câmara afirmou que ainda não tem candidato à sucessão de seu cargo. “Não acho justo antecipar assunto que pode nos dividir e não vai somar nada com tantas pautas importantes que temos”, disse.

“Não tem um parlamentar que tenha ouvido na Câmara que meu candidato é A, B ou C”, afirmou Lira. Contudo, o presidente cita Elmar Nascimento (União Brasil-BA), Antonio Brito (PSD-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP) como três pré-candidatos à presidência da Câmara. Segundo Lira, em sua eleição para a presidência da Casa, tanto Elmar, quanto Marcos Pereira e Brito foram seus eleitores.

O presidente da Câmara ainda comentou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito que ele tem “direito de querer fazer sucessor”. “O governo do presidente Lula nunca teve nenhuma dificuldade”, afirmou sobre a relação com o Planalto.

O presidente da Câmara afirmou que atualmente a tendência é de que sejam derrubados os vetos presidenciais ao projeto das “saidinhas” e alguns vetos à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). “Os da saidinha não devem ter sua manutenção”, afirmou. “A tendência hoje é caírem os vetos da saidinha e da LDO.”

Lira também relembrou que, na quarta-feira, 24, ocorreu o terceiro adiamento seguido de uma sessão conjunta do Congresso para analisar vetos presidenciais.

Parlamentares tinham na pauta 32 vetos, mas a sessão foi adiada por falta de acordo. Para Lira, o adiamento não ajuda a resolver os problemas.

“Foi feito o terceiro adiamento seguido em sessões que foram convocadas. Isso não é normal”, declarou. “Quando o problema existe, ou a gente resolve, ou a gente resolve.”

Lira também disse ter chamado a atenção dos parlamentares sobre a falta de conversa entre a Câmara e o Senado sobre os acordos firmados para os vetos.

“A única coisa que chamei atenção é que nem na primeira, nem na segunda, nem na terceira, houve reunião de líderes da Câmara e do Senado”, disse.