Economia
Paridade

Janela de importação de combustíveis está fechada há 70 dias

No mercado atendido pela Acelen, os preços registram defasagem de 10% para a gasolina e de 11% para o diesel no porto de Aratu.

Compartilhe:
24 de julho de 2023
Vinicius Palermo
Janela de importação de combustíveis está fechada há 70 dias
Os preços internos nas refinarias da estatal já chegam a uma defasagem de 21%.

A alta do preço do petróleo aumentou a diferença entre os valores praticados no mercado interno de combustíveis do mercado internacional, até mesmo para a Acelen, controladora da Refinaria de Mataripe, na Bahia, que manteve a política de paridade de preços de importação (PPI), abandonada pela Petrobras em meados de maio. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), há 70 dias as janelas de importação estão fechadas.

No mercado atendido pela Acelen, os preços registram defasagem de 10% para a gasolina e de 11% para o diesel no porto de Aratu. Para equiparar os preços, a Acelen deveria elevar o litro vendido em Mataripe em R$ 0,34 e R$ 0,35, respectivamente. Como única refinaria privada do País, Mataripe tem que concorrer com a Petrobras, responsável por 80% do mercado de refino do Brasil.

A Petrobras estipulou uma nova estratégia comercial para evitar a transferência da volatilidade externa do petróleo para o consumidor brasileiro, e ao mesmo tempo garantir rentabilidade para a empresa. Os preços internos nas refinarias da estatal já chegam a uma defasagem de 21%. Para equiparar os preços, seria necessário um aumento de R$ 0,62 por litro no caso da gasolina, e de R$ 0,59 no diesel.

O último reajuste da estatal para a gasolina foi no dia 1º de julho, uma queda de 5,3%, e do diesel em 15 de maio, redução de 12,8%. Depois de oscilar no primeiro semestre dentro do patamar de US$ 70 o barril, o petróleo vem ensaiando se firmar em torno dos US$ 80, impulsionado por altas registradas nas últimas quatro semanas, um movimento que já era esperado no segundo semestre. A tendência de alta faz parte dos esforços da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para manter a oferta apertada. Há pouco, a commodity era negociada perto da estabilidade, aos US$ 81,03 o barril.

Os preços médios do etanol hidratado caíram em 15 Estados e no Distrito Federal, subiram em seis e ficaram estáveis em cinco na semana passada. O levantamento é da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas. Nos postos pesquisados pela ANP em todo o País, o preço médio do etanol caiu 2,58% na semana em relação à anterior, de R$ 3,87 para R$ 3,77 o litro.

Em São Paulo, principal Estado produtor, consumidor e com mais postos avaliados, a cotação média caiu 3,23% na semana, de R$ 3,71 para R$ 3,59. A maior alta porcentual na semana ocorreu na Bahia, onde o litro do etanol, que custava em média R$ 4,56, passou a custar R$ 4,66 (+2,19%). A maior queda, de 3,32%, foi registrada no Distrito Federal, onde o litro passou de R$ 3,92 para R$ 3,79 na semana, e também no Paraná, onde saiu de R$ 4,22 para R$ 4,08/litro.

O preço mínimo registrado na semana para o etanol em um posto foi de R$ 2,95 o litro, em São Paulo. O maior preço estadual, de R$ 6,39, foi registrado em Rondônia. Já o menor preço médio estadual, de R$ 3,43, foi observado em Mato Grosso, enquanto o maior preço médio foi registrado no Amapá, com R$ 5,26 o litro.

Na comparação mensal, o preço médio do biocombustível no País subiu 0,80%, de R$ 3,74 para R$ 3,87 o litro. O Estado com maior alta porcentual no período foi a Bahia, com 10,69% de aumento no período, de R$ 4,21 para R$ 4,86 o litro. A maior queda no mês foi observada em Roraima, de 2,78%, de R$ 5,39 para R$ 5,24 o litro.

O etanol continua mais competitivo em relação à gasolina em Mato Grosso, São Paulo, Goiás, Minas Gerais e no Distrito Federal. No restante dos Estados, continua mais vantajoso abastecer o carro com gasolina.

Conforme o levantamento da ANP compilado pelo AE-Taxas, na semana passada, na média dos postos pesquisados no País, o etanol está com paridade de 67,44% ante a gasolina, portanto favorável ao abastecimento com o derivado do petróleo. A paridade estava em 62,03% em Mato Grosso, 66,60% em São Paulo, 67,45% em Goiás, 69,94% em Minas Gerais e 69,67% no DF.

Executivos do setor observam que o etanol pode ser competitivo mesmo com paridade maior do que 70%, a depender do veículo em que o biocombustível é utilizado.