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Inflação na zona do euro mostra desaceleração

O dado oficial mostrou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) na região da moeda comum desacelerou a uma alta de 2,9% em outubro

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31 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Inflação na zona do euro mostra desaceleração
Francois Villeroy de Galhau

Membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), François Villeroy de Galhau afirmou que a leitura preliminar de outubro mostra “marcada desaceleração” inflacionária na França e também na zona do euro. O dado oficial mostrou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) na região da moeda comum desacelerou a uma alta de 2,9% em outubro, na comparação anual, depois do avanço de 4,3% visto em setembro.

A prévia do CPI de outubro ficou um pouco abaixo da expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam taxa de 3%. Já o núcleo do CPI, que desconsidera os preços de energia e de alimentos, teve acréscimo de 4,2% em outubro ante igual mês do ano passado, perdendo força também em relação ao ganho anual de 4,5% de setembro.

Ele disse que os preços de energia “certamente contribuíram”, mas notou que a inflação subjacente também continua a declinar, tendo “claramente passado o pico da primavera” local, tanto no país quanto na zona do euro. “Este é um sinal forte de efetividade da política monetária.”

Também presidente do Banco Central da França, Villeroy de Galhau comentou que a economia do país, embora desacelere, mostrava “certa resiliência” no terceiro trimestre, “com crescimento claro no consumo e nos investimentos”.

O dirigente afirmou que o quadro na economia “justifica totalmente o fim da sequência de altas”, decididas pelo BCE na última quinta-feira.

Ele defende que a política monetária agora seja guiada por “confiança e paciência”, ou seja, confiança de que a inflação caminha para a meta e paciência de que a estabilização dos juros nos níveis atuais por um tempo ainda é necessária para que o aperto mostre toda sua eficácia.

Membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), Joachim Nagel destacou a importância de se buscar preços estáveis. Segundo ele, a inflação na zona do euro “está agora caindo de modo significativo”, em comparação com o pico de um ano atrás, “mas ainda está muito elevada”.

Também presidente do BC da Alemanha (Bundesbank), Nagel afirmou que o BCE está comprometido em retornar à meta de inflação em 2% no médio prazo. Também comentou que, na sua opinião, a manutenção de juros na reunião passada foi o passo correto, diante da perspectiva atual para a inflação e do aperto monetário já atingido.

Nagel avaliou que a política monetária funciona, mas ressaltou a importância de não abandoná-la antes da hora. “As taxas básicas de juros terão de seguir em nível suficientemente restritivo por um período suficientemente longo”, afirmou. Ele disse que não é possível saber se os juros já atingiram seu pico, e acrescentou que a instituição continua “estritamente dependente dos dados”.

A autoridade vê “vários riscos de alta para a inflação”, como as tensões geopolíticas no Oriente Médio, que podem puxar o preço do petróleo para cima e aumentam a incerteza no médio prazo.

Nagel ainda comentou que considera um euro digital “um passo importante e lógico”. Ele disse que o instrumento poderia levar a uma maior competição em transações para além das fronteiras nacionais.

Ele disse concordar com o fato de que o conselho do BCE decidiu começar o trabalho preparatório para o euro digital, mas acrescentou que ainda não há uma decisão sobre se ele será de fato introduzido. Um arcabouço legal estável precisa primeiro ser criado, argumentou. “Se tudo correr bem, levará quatro a cinco anos antes de que o euro digital chegue a nossas carteiras”, estimou.

O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro encolheu 0,1% no terceiro trimestre de 2023 ante os três meses anteriores. O resultado frustrou a expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam estabilidade no período. Em relação ao mesmo intervalo do ano passado, o PIB do bloco teve leve expansão de 0,1% entre julho e setembro, variação que veio em linha com o consenso da FactSet.

A Eurostat também revisou para cima o PIB da zona do euro do segundo trimestre ante o primeiro, de ganho de 0,1% para avanço de 0,2%.