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Gol inicia discussões sobre plano de financiamento que sustentará reorganização

O processo de financiamento de saída da Gol envolverá o refinanciamento de um valor estimado de US$ 2,0 bilhões

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28 de maio de 2024
Vinicius Palermo
Gol inicia discussões sobre plano de financiamento que sustentará reorganização
A Gol e seus assessores pretendem conduzir um processo competitivo

A Gol informou na segunda-feira, 27, que iniciou discussões sobre o plano de financiamento que sustentará seu Plano de Reorganização de forma independente. “O Plano de Reorganização estabelecerá os termos da reorganização da gol e sua saída bem-sucedida do Chapter 11”, segundo a companhia.

O processo de financiamento de saída envolverá o refinanciamento de um valor estimado de US$ 2,0 bilhões (acrescido de qualquer pagamento de make-whole permitido e juros de mora) relacionado a obrigações de dívida garantida no longo prazo e uma injeção de novo capital na companhia de aproximadamente US$ 1,5 bilhão por meio da emissão de novas ações.

Segundo fato relevante, os termos e condições deste significativo aumento de capital serão determinados oportunamente, em total conformidade com a legislação brasileira e o Código de Falências dos Estados Unidos.

A Gol e seus assessores pretendem conduzir um processo competitivo por meio do qual avaliarão propostas de financiamento de saída e quaisquer operações alternativas viáveis e competitivas, incluindo oportunidades apresentadas por potenciais fontes de capital próprio e de dívida.

A decisão da Gol de prosseguir com tais Transações exigirá a aprovação do Tribunal de Falências dos EUA.
A empresa observa que o processo competitivo mencionado começará no início de junho e deve se estender pelo menos até o final do terceiro trimestre de 2024 e, possivelmente, até o quarto trimestre de 2024.

A Gol ainda divulgou na segunda-feira seu Plano Financeiro de cinco anos, que deve servir como base para o plano legal independente da companhia sob o Chapter 11, equivalente à recuperação judicial nos Estados Unidos.

O Plano visa um retorno, até 2026, aos níveis pré-covid de capacidade doméstica. A previsão também demonstra o compromisso da Gol em expandir sua malha, tanto nacional quanto internacionalmente, com crescimento da frota para 169 aeronaves até 2029, a fim de maximizar os lucros no longo prazo. Já no curto prazo, investe em sua frota existente.

O plano também projeta que as margens Ebitda (expressas em % da Receita Total) reduzam em 2024 (caindo para aproximadamente 23%, contra 27% em 2023) à medida que a companhia reconstrói sua capacidade de frota, recuperando-se para aproximadamente 29% em 2025, chegando a aproximadamente 30% em 2026 e para aproximadamente 34% até 2029.

“As margens Ebitda serão impulsionadas, em parte, pela implementação de um programa anual de melhoria de resultado de cerca de R$ 1 bilhão, que permitirá à Gol manter uma vantagem competitiva sobre seus pares no custo unitário”, afirma a empresa em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O plano também prevê um aumento de capital de US$ 1,5 bilhão, que será destinado para pagar o financiamento existente de Devedor em Posse (DIP) e para adicionar liquidez incremental ao balanço da companhia aérea.

A expectativa, segundo a Gol, é de que os financiamentos adicionais da dívida garantida sejam refinanciados na saída do Chapter 11, o que deverá conduzir a uma melhoria substancial da liquidez de caixa numa base sustentável.

Com as transações de balanço contempladas no plano de 5 anos, espera-se que os níveis de liquidez atinjam aproximadamente 18% e 25% da receita de 12 meses (UDM) até o final de 2025 e 2029, e um índice de alavancagem líquida (medido como Dívida Total menos Liquidez/Ebitda) de aproximadamente 3,6 vezes, 2,9 vezes e 1,7 vez em 2025, 2026 e 2029, respectivamente.

A Gol informou também que recebeu aprovação para financiar novas entregas de aeronaves e motores e espera continuar recebendo novas entregas de 737 MAX durante o processo de reestruturação, bem como depois disso. Como parte do processo de reestruturação financeira da Gol, a companhia tinha acordos aprovados pelo Tribunal de Falências dos EUA na sexta-feira, 24, para 113 aeronaves e 48 motores sobressalentes, que incluem concessões significativas de arrendamento (em termos de obrigações de aluguel e condições de devolução), devoluções antecipadas de aeronaves e suporte significativo para manutenção de motores.

A companhia diz, em fato relevante, que está agora analisando ofertas competitivas de pacotes de concessão oferecidos pelos arrendadores cobrindo todas, ou substancialmente todas as aeronaves restantes. A Gol diz que espera tomar decisões com relação a essas aeronaves em breve.

“No total, espera-se que os pacotes de concessão dos arrendadores forneçam à companhia o apoio financeiro necessário para recuperar todos os motores necessários para reconstruir sua capacidade para níveis consistentes com o Plano de 5 Anos. Esse investimento em revisões de motores significará que a capacidade para 2024 ficará temporariamente abaixo do nível de 2023 da empresa (impactando assim o Ebitda de 2024 da empresa), com a capacidade da empresa se reconstruindo rapidamente em 2025 e além”, pondera a companhia aérea.