Economia
Liquidez

FMI diz que BCs têm preocupação de baixar a inflação

A presidente do Fundo Monatário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva voltou a reforçar a importância ao crescimento.

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11 de abril de 2023
Vinicius Palermo
FMI diz que BCs têm preocupação de baixar a inflação
A diretora do FMI, Kristalina Georgieva. REUTERS/Michele Tantussi

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse que é fundamental que os bancos centrais continuem a batalha para baixar a inflação. Esse trabalho, porém, tornou-se mais complicado devido à exposição de vulnerabilidades no setor financeiro, evidenciando a necessidade de se atentar também à estabilidade financeira global.

“Os bancos centrais têm a preocupação de baixar a inflação e isso é fundamental porque sem estabilidade de preços não há bases sólidas para investimentos e para o crescimento”, disse Georgieva, durante live de abertura das reuniões de Primavera do Fundo, as chamadas ‘Spring Meetings’.

Na sua visão, os bancos centrais podem combater a inflação mantendo as taxas de juros mais altas por mais tempo e fornecer liquidez direcionada caso haja necessidade de reduzir os riscos à estabilidade financeira. Até o momento, os formuladores de políticas têm feito uma “intervenção notável, rápida e eficaz”, avaliou.

“E isso é muito diferente do que aconteceu durante a crise financeira global. Portanto, há algo para comemorar, aprendemos a lição, agimos sobre ela”, afirmou a diretora-gerente do FMI.

O presidente do Banco Mundial, David Malpass, avaliou que os juros vão continuar no patamar por mais tempo, o que significa perdas para bancos com problema de descasamento de liquidez como ocorreu com o Silicon Valley Bank (SVB). Ele ponderou, contudo, que somente reduzir as taxas não resolverá o problema, pois as pessoas continuarão sofrendo com a inflação, o dólar enfraquecerá, o custo de vida voltará a subir e esse quadro prejudicará os mais pobres.

“Tem que haver uma meta de encontrar um ambiente de inflação baixa e estabilidade do dólar para o futuro”, afirmou Malpass. Ele defendeu ainda a necessidade de se ampliar a oferta como uma solução no longo prazo e não apenas a elevação dos juros para reduzir a demanda. Isso significa, destacou, financiamento de curto prazo para empresas pequenas e de médio porte.

“Agora, de alguma forma, caímos em um ciclo nos últimos 10 anos onde os bancos centrais estavam comprando ativos de longo prazo e isso realmente mudou fundamentalmente a direção do mundo à grandeza”, alertou.

Georgieva voltou a reforçar a importância ao crescimento. “Espero que, aos termos essas reuniões para falar sobre as prioridades urgentes imediatas de estabilidade de preços e estabilidade financeira, prestemos mais atenção em como o trabalho pode seguir para um caminho de maior crescimento”.

Malpass afirmou que buscar um caminho para se retomar um crescimento mais vigoroso é “vital” para o mundo. Segundo ele, uma maior expansão econômica é importante para os empregos e para os padrões de migração dos países.

“Estamos em um mundo onde as pessoas precisam migrar para outros países para ter acesso ao capital. Isso é um desafio”, disse o presidente do Banco Mundial, listando ainda outros problemas como a questão das mudanças climáticas e ainda de dívida interna elevada. “Então, essa pressão é substancial. Portanto, acho que há uma urgência nas mudanças de políticas”, acrescentou.

O dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Pablo Hernández de Cos reforçou a disposição da autoridade monetária em agir rapidamente para assegurar a estabilidade financeira e de preços, caso necessário. Os comentários foram feitos durante evento promovido pelo Brookings Institution, no contexto de tensões no setor bancário que inspiraram uma rápida resposta de reguladores na Europa e nos Estados Unidos.

De Cos, que preside o Banco da Espanha, ressaltou que os bancos europeus, no geral, estão “resilientes” e dispõem de altos níveis de capitalização. Segundo ele, os efeitos das turbulências recentes foram contidos até o momento.

“Temos a avaliação forte de que liquidez e posição de capitais de nossos bancos são robustas e, portanto, podemos esperar que o impacto seja relativamente leve”, destacou ele.

Ainda assim, o dirigente alertou que um eventual agravamento do quadro reduziria a disponibilidade de crédito, o que teria efeitos negativos para a atividade econômica e os preços.

De acordo com ele, todos esses riscos serão levados em consideração nas próximas decisões de juros do BCE.

Conforme previsão do dirigente do BCE, os preços de energia e alimentos devem continuar em baixa nos próximos meses na zona do euro, mas o núcleo da inflação permanecerá elevado ao longo deste ano.

Durante o evento, de Cos explicou que as pressões inflacionárias ainda estão em processo de disseminação no bloco da moeda comum, apesar de sinais de estabilização em alguns componentes.

Segundo ele, caso o cenário projetado se materialize, o BCE ainda terá muito trabalho a ser feito para assegurar a estabilidade de preços. “Próximas decisões dependerão da maneira como os riscos vão evoluir, inclusive no setor bancário”, disse.