Economia
Complexo soja

Exportações do agronegócio alcançam recorde de US$ 37,44 bilhões

O valor, recorde para o período, é 4,48% superior ao obtido de janeiro a março do ano passado, o equivalente a um aumento de US$ 1,59 bilhão.

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13 de abril de 2024
Vinicius Palermo
Exportações do agronegócio alcançam recorde de US$ 37,44 bilhões
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa

As exportações brasileiras de produtos agropecuários alcançaram US$ 37,44 bilhões no primeiro trimestre deste ano, informou o Ministério da Agricultura, em nota. O valor, recorde para o período, é 4,48% superior ao obtido de janeiro a março do ano passado, o equivalente a um aumento de US$ 1,59 bilhão.
O setor respondeu por 47,8% dos embarques totais do País no primeiro trimestre deste ano, acima dos 47,3% de igual período de 2023.

Na nota, a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais da pasta atribui o resultado recorde ao aumento de 14,6% do volume exportado, sobretudo do complexo soja (+13,4%) e de açúcar (+72,3%), que compensou o recuo anual de 8,8% no índice de preços dos produtos exportados.

Nos três primeiros meses do ano, a receita da balança do agronegócio foi sustentada principalmente pelo aumento das vendas externas de açúcar (+US$ 2,52 bilhões), algodão (+US$ 997,41 milhões) e café verde (+US$ 563,64 milhões). O bom resultado nas vendas desses produtos compensou a queda nas exportações de milho (-US$ 1,2 bilhão); soja em grãos (-US$ 901,30 milhões) e óleo de soja (-US$ 543,45 milhões), destacou a pasta.

No primeiro trimestre deste ano, as importações de produtos agropecuários cresceram 3,7% em relação a igual mês do ano anterior, para US$ 4,635 bilhões, equivalente a 7,8% do total internalizado pelo País no período. Com isso, o saldo da balança comercial do setor ficou positivo em US$ 32,806 bilhões frente aos US$ 31,376 bilhões de igual período de 2023.

Em março, as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram US$ 14,21 bilhões, queda de 10,8% ante igual mês do ano passado. O ministério atribui o desempenho negativo à redução nos preços internacionais dos alimentos. O índice de preços dos produtos do setor exportados pelo Brasil recuou 11,9% em comparação com março de 2023. Já o volume embarcado pelo agronegócio aumentou 1,3%.

Os cinco principais setores exportadores em março foram: complexo soja (44,3% de participação nas exportações do setor), carnes (12,8% do total), complexo sucroalcooleiro (11,3% do total); produtos florestais (9,4% do total); e café (5,7% do total). Juntos, estes setores responderam por 83,4% do valor total exportado pelo Brasil do mês.

A China manteve-se como principal destino dos produtos do agronegócio brasileiro no mês, respondendo por 35,9% dos produtos exportados pelo agronegócio brasileiro. Os embarques ao país asiático, contudo, recuaram 23% na comparação anual para US$ 5,10 bilhões.

O Ministério da Agricultura estima que a habilitação de 38 novos frigoríficos autorizados a exportar para a China deve resultar em incremento de R$ 10 bilhões à balança comercial brasileira por ano. “É um cálculo aproximado. Passamos de 107 frigoríficos aptos a exportar carnes ao país asiático para 145. É um acréscimo significativo em número de plantas e, com isso, aumentando o volume que será exportado”, disse o secretário de Comércio e Relações Internacionais da pasta, Roberto Perosa.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva visitou na sexta-feira uma fábrica da JBS em Campo Grande (MS) para acompanhar o primeiro embarque de carne para a China por uma das plantas recém-habilitadas.

Lula disse que é possível o País chegar a US$ 1 trilhão de fluxo de comércio exterior em 10 anos. “Hoje nosso fluxo, entre importação e exportação, já ultrapassa os US$ 560 bilhões. Eu dizia para o Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, ‘se a gente tiver competência, se a gente trabalhar, a gente pode prometer para o povo brasileiro que em mais 10 anos a gente chega a US$ 1 trilhão de comércio exterior'”, disse o presidente da República.

A JBS foi a empresa com mais habilitações nessa nova lista: foram 12, incluindo duas da Seara. “O Estado de Mato Grosso do Sul tinha 11% da capacidade de abate para ser exportada à China, o que passou para 57% com novas habilitações. É um incremento gigantesco na capacidade do Estado. Foi o que mais cresceu”, acrescentou o secretário, justificando a escolha do Estado.

Segundo Perosa, a China avaliou todos os frigoríficos brasileiros, dos quais 32 foram reprovados. Essas plantas passarão por correção no processo e sofrerão novas vistorias a fim de serem habilitadas em uma próxima etapa, segundo o secretário. “Estamos em momento de diálogo interno junto ao setor privado para reavaliar as questões e depois pleitear nova habilitação à China”, acrescentou.

Ele destacou que se trata de questões documentais e técnicas que deverão ser revisadas. “Esses critérios foram repassados às plantas. Elas corrigirão as questões e tão logo estiverem prontas, entraremos em contato novamente com a autoridade chinesa”, explicou.

A autorização às indústrias brasileiras é feita pela Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês), autoridade sanitária do país. “Não há uma escolha pelo governo brasileiro sobre quais plantas devem ser habilitadas. O Brasil centraliza as informações, insere no sistema e a autoridade chinesa escolhe quais avaliar”, explicou.