Mundo
Punições

EUA anunciam sanções ao Irã, em resposta a ataque a Israel

Em comunicado, o presidente Joe Biden reafirmou sua defesa de Israel e disse que os norte-americanos “ajudaram a derrotar este ataque”.

Compartilhe:
18 de abril de 2024
Vinicius Palermo
EUA anunciam sanções ao Irã, em resposta a ataque a Israel
O presidente dos EUA, Joe Biden

O governo dos Estados Unidos impôs na manhã de quinta-feira, 18, sanções contra o Irã, em resposta ao ataque “sem precedentes” realizado pelo país contra Israel, neste fim de semana. Em comunicado, o presidente Joe Biden reafirmou sua defesa de Israel e disse que os norte-americanos “ajudaram a derrotar este ataque”.

Biden disse que os EUA miram agora novas sanções e controles sobre as exportações do Irã. A punição mira líderes e entidades conectadas à Guarda Revolucionária islâmica, ao Ministério da Defesa do país e ao programa de mísseis e drones do governo de Teerã.

O presidente dos EUA afirmou que discutiu com os líderes do G7 na manhã de quinta o compromisso de “agir coletivamente para elevar a pressão econômica sobre o Irã”. E acrescenta que aliados devem emitir sanções e medidas adicionais para restringir os programas militares do país persa.

Biden lembrou que, durante seu governo, os EUA impuseram sanções contra mais de 600 indivíduos e entidades, incluindo o Irã e aliados dele, como o Hamas, o Hezbollah e os Houthis, e acrescenta que manterá essa pressão.

O presidente dos EUA ainda reforça o compromisso com a segurança do Irã e diz que “não hesitaremos em adotar todas as ações necessárias para tornar vocês responsáveis”, referindo-se aos autores do mais recente ataque iraniano.

Em outro comunicado, o Tesouro americano detalha os alvos das ações, 16 indivíduos e duas entidades, com vínculos com os programas de drones do Irã, por exemplo. O setor siderúrgico do Irã também foi punido, e a nota lembra que ele gera bilhões de dólares ao país anualmente, sobretudo com a exportação de aço.

Os ministros das Relações Exteriores do G7 emitiram uma nota conjunta condenando o ataque do Irã a Israel no fim de semana e assegurando uma coordenação para medidas futuras para diminuir a capacidade armamentista iraniana, sem esclarecer quais. Segundo o documento, emitido após uma reunião entre os ministros, o G7 também pretende reduzir ainda mais as receitas de energia da Rússia, no contexto da invasão à Ucrânia.

“Continuaremos a desenvolver medidas para impedir que a Rússia adquira materiais, tecnologia e equipamentos avançados para a sua base industrial militar”, diz o comunicado.

Os representantes do G7 ainda demonstraram preocupação com os riscos geopolíticos do Oriente Médio, que poderão afetar o comércio, as cadeias de abastecimento e os preços das matérias-primas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que o Oriente Médio está â beira do abismo, durante sessão do Conselho de Segurança que abordou a crise na região.

Além dos impactos humanitários dos ataques contínuos em Gaza, o líder das Nações Unidas ressaltou a escalada da violência na Cisjordânia, a instabilidade na Linha Azul, na fronteira entre Israel e Líbano e os conflitos no Mar Vermelho.

O secretário-geral reforçou que o objetivo continua sendo uma solução de dois Estados, com Israel e Palestina “vivendo lado a lado em paz e segurança, com Jerusalém como a capital, com base nas resoluções da ONU, no direito internacional e em acordos anteriores”.

Guterres explicou que isso significa “o fim da ocupação e o estabelecimento de um Estado Palestino totalmente independente, democrático, contíguo, viável e soberano, com Gaza como parte integrante”. 

Para ele, a comunidade internacional tem a responsabilidade e a obrigação moral de ajudar a tornar isso realidade. O chefe da ONU adiciona que essa é “a condição prévia essencial para aliviar as tensões em toda a região e fora dela”. 

O Conselho de Segurança deve votar uma resolução pelo reconhecimento do Estado da Palestina como membro das Nações Unidas. 

O secretário-geral da ONU avaliou que “nenhuma das escaladas recentes pode ser vista isoladamente”. Para ele, isso torna ainda mais importante apoiar os esforços para encontrar paz duradoura entre Israel e um Estado palestino “totalmente independente, viável e soberano”. Ele afirmou que o fim dos combates em Gaza reduziria as tensões em toda a região.

Guterres acredita que a incapacidade de progredir em direção a uma solução de dois Estados só aumentará a volatilidade e o risco para centenas de milhões de pessoas em toda a região. Ele fez um apelo aos governos envolvidos para que usem sua influência para promover a construção de confiança, a segurança mútua e a paz regional. 

Quanto à situação na Cisjordânia, onde há relatos dos aumentos de violência, ele pediu a Israel que adote medidas imediatas e responsabilize os autores desses ataques. Além disso, Guterres destacou que, como potência ocupante, Israel deve proteger a população palestina na região contra ataques, violência e intimidação. 

Para o secretário-geral, “o pano de fundo desse terrível surto de violência é a expansão contínua dos assentamentos israelenses – que, por si só, são uma violação da lei internacional – e as repetidas operações israelenses em larga escala nas áreas palestinas”.

A sequência de encontros no Conselho de Segurança acontece em meio a novos ataques na Faixa de Gaza. Embora o secretário-geral da ONU tenha reforçado seu pedido por um cessar-fogo humanitária, bem como a libertação imediata e incondicional de todos os reféns e a entrega desimpedida de auxílio, trabalhadores no terreno apontam para “situação catastrófica” em escolas e hospitais.

Relatores de direitos humanos da ONU expressaram séria preocupação com o padrão de ataques a escolas, universidades, professores e alunos na Faixa de Gaza, levantando um sério alarme sobre a destruição sistêmica do sistema educacional palestino.

Em nota, eles afirmaram que com mais de 80% das escolas em Gaza danificadas ou destruídas, “pode ser razoável perguntar se há um esforço intencional para destruir de forma abrangente o sistema educacional palestino.

Nas redes sociais, a Organização Mundial da Saúde afirmou que o Hospital Al-Shifa, que já foi a maior e mais importante instalação hospitalar de referência de Gaza, está agora em ruínas.