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Dólar sobe 1,25% e atinge R$ 5,65; Ibovespa cai 0,13%

O Ibovespa não conseguiu evitar a segunda retração seguida, embora mais suave do que a de terça-feira, quando havia cedido quase 1%.

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25 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Dólar sobe 1,25% e atinge R$ 5,65; Ibovespa cai 0,13%
O desempenho positivo das principais ações da B3, Vale (ON +0,61%) e Petrobras (ON +1,01%, PN +0,80%), impediu que o índice da B3 enfrentasse ajuste mais forte

O dólar acelerou os ganhos ao longo da tarde com o aumento da aversão ao risco no exterior e encerrou a sessão desta quarta-feira, 24 em alta de 1,25%, cotado a R$ 5,6562 – maior valor de fechamento em mais de 20 dias. Na máxima, a moeda atingiu R$ 5,6618. Apesar da cautela com o quadro fiscal doméstico ainda permear os negócios e induzir à manutenção de prêmios de risco na taxa de câmbio, o real sofreu nesta quarta-feira com o ambiente adverso para ativos emergentes.

Uma nova rodada de fortalecimento do iene levou a mais um episódio de liquidação de posições em divisas de países com juros altos, em especial as latino-americanas, mais utilizadas para operações de “carry trade”.

O real amargou as piores perdas em relação ao dólar, seguido de perto pelo peso mexicano. Além de rumores de nova intervenção do Banco do Japão (BoJ) no mercado cambial, há expectativas de elevação de juros na reunião de política monetária do BoJ na semana que vem (30 e 31).

Enquanto se valoriza na comparação com divisas emergentes, o dólar recua em relação a seus pares. Termômetro do desempenho da moeda americana frente a seis moedas fortes, o índice DXY já apresenta queda de quase 1,30% em julho.

As taxas dos Treasuries tomaram rumos distintos à tarde. Enquanto o retorno dos papéis de 10 e 30 anos subiram, a taxa da T-note de 2 anos – mais ligada ao rumo da política monetária no curto prazo – recuou mais de 1,5%, para a casa de 4,41%.

Ibovespa

Em tarde de correção mais forte em Nova York, onde as perdas no fechamento desta quarta-feira chegaram a 3,64% (Nasdaq), o Ibovespa não conseguiu evitar a segunda retração seguida, embora mais suave do que a de terça-feira, quando havia cedido quase 1%. Assim, nas últimas cinco sessões, a conta negativa chega a quatro, com apenas uma alta, na segunda-feira, 22 – e de apenas 0,19%.

Nesta quarta-feira, o índice da B3 limitou a perda do dia a 0,13% no fechamento, aos 126.422,73 pontos, tendo permanecido em margem bem estreita entre a mínima (126.217,81) e a máxima (126.822,50) da sessão, em que saiu de abertura aos 126.595.56 pontos. Moderado, o giro financeiro ficou em R$ 18,3 bilhões. Na semana, o Ibovespa recua 0,94%, restringindo a alta do mês a 2,03% – no ano, cai 5,78%.

O desempenho positivo das principais ações da B3, Vale (ON +0,61%) e Petrobras (ON +1,01%, PN +0,80%), impediu que o índice da B3 enfrentasse ajuste mais forte nesta quarta-feira, de pressão no câmbio: o dólar à vista fechou em alta de 1,25%, a R$ 5,6562. O dia também foi de progressão para a curva de juros doméstica, assim como para os yields dos vencimentos mais longos dos Treasuries.

Por outro lado, em Londres e Nova York, o petróleo voltou a subir nesta quarta-feira após quatro sessões de queda. A alta acompanhou o enfraquecimento do dólar ante divisas fortes e a queda nos estoques da commodity nos EUA, que recuaram além do esperado. Em Nova York, o WTI para setembro fechou em alta de 0,82% (US$ 0,63), a US$ 77,59 o barril, enquanto, em Londres, o Brent para outubro – que passou a ser o contrato mais líquido nesta quarta-feira – fechou em alta de 0,94% (US$ 0,75), a US$ 80,82 o barril.

Assim, na B3, duas das maiores altas na carteira Ibovespa tiveram relação com o setor petrolífero, com Prio em avanço de 5,02% e PetroReconcavo, de 3,76%. O movimento majoritariamente positivo do setor decorre desse respiro do petróleo em mês, até aqui, predominantemente negativo para a commodity, reporta a jornalista Amélia Alves, do Broadcast. Também na ponta do Ibovespa na sessão, destaque para CSN Mineração (+1,41%) e Vamos (+1,24%). No lado oposto, Carrefour (-7,25%), Petz (-5,60%), Assaí (-4,58%), Multiplan (-4,35%) e Magazine Luiza (-4,19%).

Entre os grandes bancos, o sinal que prevaleceu foi o negativo, à exceção de Bradesco PN (+0,08%) e de Santander, em leve alta de 0,35%, após balanço trimestral divulgado antes da abertura desta quarta-feira.

Ele destaca, por outro lado, a “resiliência” do Ibovespa em dia bem negativo no exterior, com os investidores buscando proteção nos Treasuries mais curtos – como os de dois anos – em meio ao tombo dos índices amplo (S&P 500 -2,31%) e tecnológico (Nasdaq -3,64%) de Nova York.

Juros

Os juros futuros fecharam em alta, acompanhando o aumento da pressão no câmbio e a maior cautela na curva dos Treasuries. Em mais um dia sem agenda e noticiário relevantes, as oscilações do dólar e da curva americana acabaram ditando a dinâmica das taxas locais. A moeda esteve em alta durante toda a quarta-feira, 24, tocando os R$ 5,66 nas máximas à tarde, enquanto os títulos do Tesouro dos EUA não mostraram direção única.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,675%, de 10,680% na terça-feira no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026, em 11,57%, de 11,51% na terça-feira. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 11,82% (de 11,77% terça-feira) e a do DI para janeiro de 2029 subia de 12,08% para 12,11%.

A crescente pressão do câmbio é um dos principais combustíveis a alimentar a precificação de aperto para a Selic na curva, na medida em que pode provocar nova desancoragem das estimativas futuras, o que, por sua vez, pesa mais nas ações do Copom do que a inflação corrente, que está bem comportada. No meio da tarde, a curva projetava 16% de chance de alta de 0,25 ponto porcentual para o juro básico, hoje em 10,50%, no próximo Copom e nível de 11,35% no fim de 2024.

Para Veronese, como a partir de amanhã o calendário econômico no Brasil e no exterior começa a esquentar, as taxas devem mostrar tendência mais clara. Nesta quinta-feira, haverá divulgação do PIB americano do segundo trimestre (primeira leitura) e um resultado em linha ou abaixo do consenso de 2,1% pode consolidar as apostas no corte de juros pelo Federal Reserve em setembro.

No Brasil, o destaque amanhã é o IPCA-15 de julho. A mediana das estimativas aponta para um desaceleração a 0,23%, de 0,39% em junho, segundo a pesquisa do Projeções Broadcast. Para os preços de abertura, a expectativa é de alívio em boa parte dos recortes, com destaque para Alimentação no Domicílio, que deve mostrar deflação (mediana de -0,41%). Serviços e preços administrados devem ganham impulso.