Economia
Investimento decepciona

Déficit em conta corrente soma US$ 1,375 bilhão em setembro

Este é o melhor desempenho para meses de setembro desde 2020, quando o saldo foi negativo em US$ 393,9 milhões.

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06 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Déficit em conta corrente soma US$ 1,375 bilhão em setembro
A estimativa atual do BC é de déficit na conta corrente de US$ 36 bilhões em 2023

O resultado das transações correntes ficou negativo em setembro deste ano, em US$ 1,375 bilhão, informou na segunda-feira, 6, o Banco Central. Este é o melhor desempenho para meses de setembro desde 2020, quando o saldo foi negativo em US$ 393,9 milhões. Em agosto, o resultado foi deficitário em US$ 778 milhões.

Pela metodologia do Banco Central, a balança comercial registrou saldo positivo de US$ 7,212 bilhões em setembro, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 3,279 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 5,468 bilhões No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 2,189 bilhões.

No ano até setembro, a conta corrente teve rombo de US$ 20,895 bilhões. Em 12 meses, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 39,832 bilhões, o que representa 1,92% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o menor déficit em proporção do PIB desde junho de 2021, quando ficou em 1,83%.

A estimativa atual do BC é de déficit na conta corrente de US$ 36 bilhões em 2023, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

Os Investimentos Diretos no País (IDP) decepcionaram novamente e somaram US$ 3,752 bilhões em setembro. No mesmo mês do ano passado, o montante havia sido de US$ 9,628 bilhões. Em agosto, entraram no País US$ 4,270 bilhões em IDP.

No ano até setembro, o fluxo de IDP ficou em US$ 41,631 bilhões. Em 12 meses, o saldo de investimento estrangeiro ficou em US$ 60,042 bilhões, o que representa 2,89% do Produto Interno Bruto (PIB).

A estimativa do BC para este ano é de IDP de US$ 65 bilhões, projeção que foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos apresentou saldo negativo de US$ 3,369 bilhões em setembro, informou o Banco Central.

A saída líquida é inferior aos US$ 5,064 bilhões que deixaram o Brasil em igual mês de 2022, já descontadas as entradas. O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 2,128 bilhões em setembro, ante US$ 1,240 bilhão em igual mês do ano passado.

No ano até setembro, o saldo de lucros e dividendos é negativo em US$ 33,639 bilhões e o gasto com juros é de US$ 20,205 bilhões.

A estimativa do Banco Central (BC) para a dívida externa brasileira em setembro é de US$ 325,530 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2022 terminou com uma dívida de US$ 319,634 bilhões. A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 252,679 bilhões em setembro, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 72,851 bilhões.

A conta de viagens internacionais registrou déficit de US$ 674 milhões em setembro. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em setembro de 2022, o déficit nessa conta foi de US$ 491milhões.

O desempenho da conta de viagens internacionais em setembro foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 1,241 bilhão. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 566 milhões em setembro.

No acumulado de 2023, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 5,958 bilhões. No mesmo período do ano passado, o déficit nessa conta foi de US$ 5,363 bilhões.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, calcula que a redução “muito significativa” do déficit em conta corrente em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado tem relação, principalmente, com o resultado da balança comercial.

“Trata-se de uma redução de 80% em relação a saldo negativo de R$ 6,9 bilhões do mesmo mês de 2022”, salientou. O resultado de setembro foi o melhor para o mês desde 2020, mas o técnico lembrou que aquela era uma situação peculiar, pois o mundo passava pelo auge dos efeitos da pandemia de covid.

“O resultado de agora aconteceu com o aumento do superávit da balança comercial”, pontuou. Ele ressaltou que o saldo positivo do mês em questão e o do acumulado do ano são recordes na série histórica iniciada pelo BC em 1995 para setembro e para o período. Rocha disse ainda que o saldo comercial positivo também é o maior na série histórica do BC no resultado acumulado em 12 meses.

Fernando Rocha também disse que o saldo do Investimento Direto no País (IDP) de setembro foi o menor para o mês desde 2021. “Embora seja mais do que suficiente para financiar o déficit do setor externo, é o menor resultado desde 2021. Tivemos resultados baixos naquele ano por causa da pandemia, naturalmente. Depois houve recuperação e agora, em 2023, esses resultados estão mais baixos”, comparou.

De acordo com Rocha, o déficit externo está em trajetória de redução e em valores baixos não apenas sob o olhar da economia brasileira, mas também em termos internacionais, e segue financiado principalmente pelo IDP. Ele salientou, no entanto, que o ingresso de IDP ainda é 50% maior que o déficit em conta corrente.

O técnico lembrou que houve redução significativa em relação aos resultados de setembro de 2022, que ficou em R$ 9,6 bilhões – o número divulgado nesta segunda para setembro passado foi de um ingresso de R$ 3,8 bilhões. “Permanece a trajetória de redução do IDP em 2023.”