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Copom julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes

O Copom afirmou, na ata da reunião da semana passada, que julga como “pouco provável” uma intensificação adicional no ritmo de cortes da taxa Selic

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08 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Copom julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes
No documento, o colegiado voltou a dizer que houve unanimidade sobre a expectativa de cortes de 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou, na ata da reunião da semana passada, que julga como “pouco provável” uma intensificação adicional no ritmo de cortes da taxa Selic, que o colegiado já indicou que deve se manter em 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões. Na semana passada, o Copom iniciou o ciclo de afrouxamento da Selic com uma queda de 0,50pp, de 13,75% para 13,25% ao ano, após um ano de estabilidade.

“O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”, disse o BC na ata.

Segundo o Copom, essa confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, como uma ancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou um comportamento substancialmente mais benigno do que o esperado da inflação de serviços.

No documento, o colegiado voltou a dizer que houve unanimidade sobre a expectativa de cortes de 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões do Copom e que os membros “avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

O BC indicou que o ritmo de 0,50pp é equilibrado, pois conjuga o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária, assim como o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência.

“Avaliou-se ainda que não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado”, disse.

O Copom afirmou, na ata da reunião da semana passada, que a análise das projeções de inflação em diferentes cenários evidenciou a “necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas”.

O Banco Central avaliou que os dados relativos ao crescimento no Brasil seguem compatíveis com o cenário-base de moderação da atividade antecipado pelo colegiado.

“Nota-se que o processo de reequilíbrio da cesta de consumo, e consequentemente dos preços relativos, entre bens e serviços prossegue, com moderação no consumo de bens em prol de maior demanda no segmento de serviços. Entretanto, o setor de serviços tem apresentado acomodação nos últimos meses. Além disso, os dados mais tempestivos seguem sugerindo um ritmo de crescimento da economia em linha com o esperado pelo Comitê”, destaca.

O Copom repetiu que, de modo geral, observa-se alguma retração no setor de comércio, estabilidade na indústria e certa acomodação no setor de serviços, após ritmo mais forte nos trimestres anteriores.

O documento aponta ainda que os membros do Copom debateram “profundamente” o desenvolvimento do mercado de trabalho, com avaliações distintas entre dois grupos de diretores.

O primeiro grupo avalia que há moderação recente, citando a desaceleração no ritmo de contratação no mercado formal e a queda na taxa de participação. Já o outro grupo enfatizou a queda na taxa de desemprego e o ritmo ainda elevado de contratações no emprego formal.

“O Comitê concordou que não há evidência de pressões salariais elevadas nas negociações trabalhistas. Alguns membros observaram que avança o movimento de recomposição parcial das perdas nos salários reais ocorridas anteriormente. Esse movimento é esperado e vem acompanhado de desaceleração nos ganhos nominais, o que deve se acentuar à frente”, acrescentou a ata.

O Copom relatou também na ata que analisou diferentes métricas e hipóteses para o hiato do produto e seus impactos sobre as projeções de inflação.

“Notou-se que, tão importante quanto o nível inicial pressuposto para o hiato, é a velocidade com que se supõe que o hiato fecharia no horizonte de projeção”, destacou o documento.

O Copom debateu o risco de que o hiato esteja mais apertado do que se supõe no cenário-base estimado pelo BC, em particular no mercado de trabalho. O colegiado avaliou os impactos dessa hipótese alternativa sobre as projeções de inflação.

Mais uma vez, o BC argumentou que o hiato do produto é “uma variável não observável, sujeita à incerteza em sua mensuração e com ainda maior incerteza após o período da pandemia”.