Economia

Concessões no crédito livre subiram 3,4% em julho

No crédito para pessoas físicas, as concessões subiram 10,2%, para R$ 304,4 bilhões e acumulam um crescimento de 12,5% em 12 meses.

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29 de agosto de 2024
Vinicius Palermo
Concessões no crédito livre subiram 3,4% em julho
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha

As concessões dos bancos no crédito livre cresceram 3,4% em julho, na comparação com junho, para R$ 550,2 bilhões, informou o Banco Central na quinta-feira, 29. No acumulado de 12 meses, o crescimento foi de 11,2%. Os dados não incorporam ajustes sazonais.

No crédito para pessoas físicas, as concessões subiram 10,2%, para R$ 304,4 bilhões e acumulam um crescimento de 12,5% em 12 meses. Concessões para empresas recuaram 3,9% na margem, para R$ 245,8 bilhões, e avançaram 9,7% em 12 meses.

O saldo das operações de crédito do sistema financeiro cresceu 0,2% em julho, para R$ 6,045 trilhões, informou o Banco Central. No acumulado de 12 meses, o estoque cresce 10,3%.

O saldo de crédito para pessoas físicas avançou 0,9% em julho, na comparação com junho, para R$ 3,733 trilhões. Para empresas, recuou 0,9% na margem, para R$ 2,312 trilhões.

O estoque de crédito livre cedeu 0,1% em julho, na comparação com julho, com baixa de 1,6% do saldo para empresas e alta de 1,0% para pessoas físicas. No crédito direcionado, o saldo total avançou 0,6%.
O total das operações de crédito atingiu 53,8% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 54,0% em junho.

A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos caiu 0,01 ponto porcentual entre junho e julho, de 4,5% (dado revisado) para 4,4%, informou o BC. A inadimplência de pessoas físicas seguiu em 5,5% de um mês para o outro, enquanto a taxa das empresas foi de 3,1% (dado revisado) para 2,9%.

No crédito direcionado, com recursos da poupança e do BNDES, a inadimplência total seguiu em 1,4% de um mês para o outro. Considerando o crédito livre e o direcionado, a inadimplência também permaneceu em 3,2% no período.

O estoque das operações de crédito direcionado para habitação no segmento pessoa física cresceu 1,1% na passagem de junho para julho, totalizando R$ 1,110 trilhão, informou o Banco Central nesta quinta-feira, 29. No acumulado de 12 meses, a modalidade cresce 12,0%.

O estoque de operações de crédito livre para compra de veículos por pessoas físicas avançou 1,1% na margem, para R$ 320,946 bilhões. Em 12 meses, cresce 18,4%.

O spread em operações de crédito apresentou leve recuo em julho. Dados divulgados na quinta pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 28,1 pontos porcentuais em junho (dado revisado para 28,0 pp em julho.

No segmento pessoa física, o spread passou de 40,2 para 39,7 pontos porcentuais entre os dois meses. Para pessoa jurídica, o spread médio subiu de 9,9 pp para 10,1 pontos porcentuais na passagem de junho para julho.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado passou de 4,2 pontos porcentuais em junho para 4,8 pp em julho. Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 18,3 pp para 18,5 pontos porcentuais entre os dois meses.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, disse que os dados da instituição sobre cartão de crédito indicam troca do rotativo pelo parcelado. As operações com o cartão parcelado no mês de julho aumentaram 0,5% ante junho, mas as do cartão rotativo diminuíram em 5,6%, considerada pelo técnico como uma “redução mais significativa”.

Ele também enfatizou que, quando se comparam os saldos de julho passado com o do mesmo mês de 2023, há um crescimento de 8,7% no cartão de crédito como um todo e de 12,6% do cartão à vista.

Rocha comentou também que o saldo do cartão à vista cresceu R$ 47,5 bilhões e o conjunto das operações de cartão de crédito, R$ 44,7 bilhões. “Houve uma redução mais significativa dos saldos do cartão rotativo e, em termos agregados, é como se houvesse uma troca entre aquelas operações do cartão de crédito rotativo e as operações de cartão de crédito parcelado. Ou seja, a negociação entre clientes, a transferência de migração de saldos do cartão rotativo para o cartão parcelado parece que está ocorrendo”, analisou.

Ele continuou o raciocínio destacando que no período de 12 meses, o cartão rotativo caiu 22,5%, o equivalente a uma queda de R$ 17 bilhões. Já o cartão parcelado aumentou 13%, o que significa um total de R$ 14 bilhões. “Houve uma redução de R$ 17 bilhões no rotativo e um aumento de 14 bilhões no cartão parcelado. Quando a gente olha o longo da série histórica do cartão rotativo, é o pico da série, ou seja, o maior montante do saldo, de valor de pessoas no cartão rotativo, aconteceu em fevereiro de 2023”, comparou, salientando que esse valor do saldo do cartão naquela época era de R$ 84,7 bilhões.

De lá para cá, pelos cálculos do técnico, houve uma redução de 30%, ou R$ 26 bilhões. “Eu acho que esse é um desdobramento bastante favorável dessas operações com cartão de crédito rotativo, que novamente, como eu menciono todas as notas, são operações emergenciais, que os clientes devem evitar ao máximo entrar nessa modalidade de crédito.”

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou o mês de junho em 47,6%, o mesmo patamar visto em maio. O recorde da série histórica do Banco Central ocorreu em julho de 2022 (50,1%). Descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento permaneceu em 29,8% de um mês para o outro.

O Desenrola Brasil terminou em maio, beneficiando 15,06 milhões de pessoas com a negociação de R$ 53,07 bilhões em dívidas, ou 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o Ministério da Fazenda, houve redução de 8,7% da inadimplência entre a população mais vulnerável do País, público prioritário do programa. Deste grupo, foram alcançados 5 milhões de pessoas, com a negociação de R$ 25,43 bilhões em débitos.

Segundo os dados do BC para o mês de junho, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou junho em 26,00%. Em maio, o porcentual era de 25,8%. O recorde da série foi registrado em junho de 2023, com 28,4%. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda variou de 23,7% para 24,0% na passagem de maio para junho.

O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro cresceu 1,3% em julho, na comparação com junho, para R$ 17,743 trilhões, informou o Banco Central nesta quinta-feira. O montante equivale a 157,8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

O crédito ampliado inclui, entre outras, as operações de empréstimos feitas no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e as operações com títulos públicos e privados. A medida permite uma visão mais ampla sobre como empresas, famílias e o governo geral estão se financiando, ao abarcar não apenas os empréstimos bancários.

O saldo do crédito ampliado às empresas cresceu 1,9%, para R$ 6,248 trilhões, equivalente a 55,6% do PIB.

O juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 3,6 pontos porcentuais de junho para julho. A taxa passou de 428,7% (dado revisado) para 432,3% ao ano.

No caso do parcelado, o juro passou de 182,5% (dado revisado) para 178% ao ano entre junho e julho. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 85,2% (dado revisado) para 82,8%.

O Congresso definiu em lei que os juros do rotativo e do parcelado não poderiam ultrapassar 100% do principal da dívida, caso os bancos não chegassem a um acordo sobre o assunto, chancelado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Como não houve consenso, o teto para os juros e encargos da modalidade passou a valer no dia 3 de janeiro de 2024.

As taxas apresentadas pelo BC podem sugerir, portanto, que os bancos estejam descumprindo a lei, mas o que acontece é apenas um registro estatístico. Para chegar às taxas anuais, a autoridade monetária extrapola o juro cobrado ao mês pela instituição financeira para o ano. Essa taxa, porém, nem sempre é efetivada porque, geralmente são apenas por alguns dias ou semanas que o consumidor fica “pendurado” no cartão, que costuma ter as taxas mais elevadas.

Rocha explicou que a instituição não pretende descontinuar essa série histórica porque ela ainda serve como referência para mostrar a velocidade de aumento ou redução dos juros e também porque é um dos componentes para se chegar à taxa cobrada pelo sistema como um todo.

Para acompanhar as exigências da nova lei, o BC criou um novo indicador, que deve ficar “maduro” no segundo semestre, quando houver mais dados disponíveis na amostragem.