Economia
Juros altos

Concessões no crédito livre caíram 0,1% em maio

No crédito para pessoas físicas, as concessões subiram 1,5% em maio, para 285,1 bilhões. Em 12 meses até maio, houve alta de 11,0%.

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27 de junho de 2024
Vinicius Palermo
Concessões no crédito livre caíram 0,1% em maio
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha

As concessões dos bancos no crédito livre caíram 0,1% em maio ante abril, para R$ 510,0 bilhões, informou o Banco Central (BC). No acumulado nos últimos 12 meses até maio, o aumento foi de 8,6%. Estes dados não levam em conta ajustes sazonais.

No crédito para pessoas físicas, as concessões subiram 1,5% em maio, para 285,1 bilhões. Em 12 meses até maio, houve alta de 11,0%. Já no caso de pessoas jurídicas, as concessões recuaram 2,0% em maio ante abril, para R$ 224,9 bilhões. Nos 12 meses fechados em maio, houve alta de 5,7%.

O estoque total de operações de crédito do sistema financeiro subiu 0,7% em maio, para R$ 5,954 trilhões. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central, o saldo aumentou 9,2% em 12 meses encerrados em maio. Na comparação com abril, houve alta de 0,9% no estoque para pessoas físicas e aumento de 0,4% no estoque para pessoas jurídicas.

De acordo com o BC, o estoque de crédito livre subiu 0,6% no quinto mês de 2024, enquanto o crédito direcionado apresentou avanço de 0,8%. No crédito livre, houve elevação de 1,0% no saldo para pessoas físicas em maio. Para as empresas, o estoque cresceu 0,1% no período.

O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) foi de 53,6% para 53,7% na passagem de abril para maio.

A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos teve alta entre abril e maio, passando de 4,5% para 4,6%, informou o Banco Central. Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência passou de 5,5% para 5,6% de um mês para o outro. No caso das empresas, contudo, passou de 3,3% para 3,2% no período.

Já a inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) foi de 1,4% para 1,5% na passagem de abril para maio O dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência passou de 3,2% para 3,3% entre abril e maio.

A taxa média de juros no crédito livre caiu 0,3 ponto porcentual entre abril e maio, de 40,3% para 40,0%. Em maio de 2023, a taxa estava em 45%. O juro médio para pessoas físicas passou de 52,9% para 52,4% ao ano no período. No segmento de pessoa jurídica, recuou de 21,2% para 20,8%.

Entre as principais linhas de crédito livre para pessoa física, a taxa média de juros no cheque especial caiu de 130,4% em abril para 128,4% em maio. O juro médio do crédito pessoal cedeu de 42,3% para 41,8%.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Os dados divulgados nesta quarta mostram ainda que o juro médio para aquisição de veículos subiu 0,1 ponto porcentual entre abril e maio, de 25,5% para 25,6%.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 27,9% ao ano em abril para 27,8% ao ano em maio. No quinto mês de 2023, estava em 32,2%.

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) foi de 21,9% ao ano para 21,8% na passagem de abril para maio. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

O juro médio cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito caiu 0,9 ponto porcentual de abril para maio, informou o Banco Central. A taxa passou de 423,4% para 422,5% ao ano.

No caso do parcelado, o juro aumentou de 182% para 184,8% ao ano entre abril e maio. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 85,6% para 84,8%.

O Congresso definiu em lei que os juros do rotativo e do parcelado não poderiam ultrapassar 100% do principal da dívida, caso os bancos não chegassem a um acordo sobre o assunto, chancelado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Como não houve consenso, o teto para os juros e encargos da modalidade passou a valer no dia 3 de janeiro de 2024.

As taxas apresentadas pelo BC podem sugerir, portanto, que os bancos estejam descumprindo a lei, mas o que acontece é apenas um registro estatístico. Para chegar às taxas anuais, a autoridade monetária extrapola o juro cobrado ao mês pela instituição financeira para o ano. Essa taxa, porém, nem sempre é efetivada porque, geralmente são apenas por alguns dias ou semanas que o consumidor fica “pendurado” no cartão, que costuma ter as taxas mais elevadas.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explicou que a instituição não pretende descontinuar essa série histórica porque ela ainda serve como referência para mostrar a velocidade de aumento ou redução dos juros e também porque é um dos componentes para se chegar à taxa cobrada pelo sistema como um todo.

Para acompanhar as exigências da nova lei, o BC criou um novo indicador, que deve ficar “maduro” a partir da metade do ano, quando houver mais dados disponíveis na amostragem.