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Concessões de crédito livre sobem 2,4% em junho ante maio, afirma BC

No crédito para pessoas físicas, as concessões caíram 4,9% em junho, para R$ 271,7 bilhões, mas ainda acumulam crescimento de 11,2% em 12 meses.

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27 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Concessões de crédito livre sobem 2,4% em junho ante maio, afirma BC
No crédito pessoal, a taxa passou de 41,7% (dado revisado) para 40,2% ao ano.

As concessões dos bancos no crédito livre cresceram 2,4% em junho, na comparação com maio, para R$ 524,1 bilhões, informou o Banco Central (BC). No acumulado de 12 meses até junho, o crescimento foi de 9,0%. Os dados não incorporam ajustes sazonais.

No crédito para pessoas físicas, as concessões caíram 4,9% em junho, para R$ 271,7 bilhões, mas ainda acumulam crescimento de 11,2% em 12 meses. Concessões para empresas aumentaram 11,7% na margem, para R$ 252,4 bilhões, e avançam 6,6% nos 12 meses encerrados em junho.

A taxa média de juros no crédito livre recuou em junho ante maio O porcentual passou de 39,9% (dado revisado) para 39,6% ao ano, informou o Banco Central. No sexto mês de 2023, a taxa estava em 44,2%.
Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre saiu de 52,4% para 51,7% ao ano de maio para junho. No segmento de pessoas jurídicas, a taxa passou de 20,6% (dado revisado) para 20,9% entre os dois meses.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa subiu entre maio e junho, de 131,9% (dado revisado) ao ano para 135,0% ao ano. No crédito pessoal, a taxa passou de 41,7% (dado revisado) para 40,2% ao ano.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Os dados divulgados nesta sexta pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros se mantiveram em 25,5% ao ano entre maio e junho – o dado de maio foi revisado.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 27,8% ao ano em maio para 27,6% ao ano em junho. No mesmo mês de 2023, estava em 31,4%.

O Indicador de Custo de Crédito (ICC) ficou estável em 21,8% ao ano na passagem de maio para junho. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

Cartões

O juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 7,1 pontos porcentuais de maio para junho, informou nesta sexta-feira, 26, o Banco Central (BC). A taxa passou de 422,4% (dado revisado) para 429,5% ao ano.

No caso do parcelado, o juro passou de 185,9% (dado revisado) para 180,5% ao ano entre maio e junho. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 84,6% (dado revisado) para 85,0%.

O Congresso definiu em lei que os juros do rotativo e do parcelado não poderiam ultrapassar 100% do principal da dívida, caso os bancos não chegassem a um acordo sobre o assunto, chancelado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Como não houve consenso, o teto para os juros e encargos da modalidade passou a valer no dia 3 de janeiro de 2024.

As taxas apresentadas pelo BC podem sugerir, portanto, que os bancos estejam descumprindo a lei, mas o que acontece é apenas um registro estatístico. Para chegar às taxas anuais, a autoridade monetária extrapola o juro cobrado ao mês pela instituição financeira para o ano. Essa taxa, porém, nem sempre é efetivada porque, geralmente são apenas por alguns dias ou semanas que o consumidor fica “pendurado” no cartão, que costuma ter as taxas mais elevadas.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explicou que a instituição não pretende descontinuar essa série histórica porque ela ainda serve como referência para mostrar a velocidade de aumento ou redução dos juros e também porque é um dos componentes para se chegar à taxa cobrada pelo sistema como um todo. Para acompanhar as exigências da nova lei, o BC criou um novo indicador, que deve ficar “maduro” a partir da metade do ano, quando houver mais dados disponíveis na amostragem.

Substituição

Os dados de crédito de junho divulgados nesta sexta-feira, 26, pelo Banco Central apontam para um movimento de substituição do rotativo pelo parcelado do cartão de crédito, disse o chefe do departamento de estatísticas da autoridade monetária, Fernando Rocha.

Em uma entrevista coletiva para comentar os números, o técnico destacou que, no acumulado de 12 meses, o saldo do rotativo cai R$ 15,1 bilhões e o do parcelado sobe quase na mesma magnitude, em R$ 14,3 bilhões.

“Não nos parece que essas magnitudes iguais de redução do rotativo e aumento do parcelado sejam coincidência, mas sim operações de negociação entre a instituição financeira e os clientes para, digamos, buscar retirar saldos do rotativo e passar para o parcelado”, afirmou.

Rocha destacou que essa troca é positiva, já que o rotativo do cartão de crédito tem taxas “proibitivas.” O juro médio do rotativo ficou em 429,5% em junho, contra 180,5% do parcelado do cartão.

A queda das concessões de crédito livre para capital de giro, combinada ao aumento das taxas dessas operações, sugere que as empresas brasileiras cada vez mais têm buscado se financiar ofertando diretamente os próprios papéis no mercado de capitais. A avaliação é do chefe do departamento de estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha.

“É bastante provável que as empresas que demandavam operações bancárias de capital de giro no longo prazo possam estar substituindo isso por colocações de títulos próprios no mercado privado de capitais brasileiros”, disse o técnico, em uma entrevista coletiva para comentar os números de crédito.